MARATONA ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS 3/4
ALICIA
Sinceramente? Eu nunca tinha ficado tão noiada assim na minha vida, Daniel plantou uma sementinha do mal na minha mente que me deixou completamente insegura.
Cheguei já era tarde da noite em casa, tinha uma sobra de pizza que o casal pediu, aproveitei pra comer e fui direto tomar um banho e cair na cama. Tinha sido um dia bem cansativo.
Peguei meu celular, rolei o feed do instagram e depois tomei coragem pra entrar nas mensagens, eu já sabia que seria chuva de conversas e eu só responderia as importantes.
Mensagens
Mainha: oi filha, tudo bem? Resolveu aquele problema que você tava? (hoje, as 17h)
Alicia: oi mamis, tô bem sim. Resolvi e não resolvi, mas vai dar certo. Não respondia a senhora antes porque foi um dia corrido. Até amanhã, te amo (hoje, as 23h33)
Daniel: desculpa se falei alguma coisa que te chateou hoje, não foi minha intenção, só quis ser sincero.
Daniel: te acho muito responsa e não queria te perder assim, muito menos pra ele.
Daniel: promete que não vai ficar com raiva de mim?
Alicia: Oi Dan, raiva de você por quê? Eu que fiz o errado, não você. Relaxa que entre a gente tá tudo bem. 💖
Daniel: Rola um açaizinho na segunda?
Alicia: pode ser sim!
Jade: oi miga, já avisei pra Eduarda e agora pra você que só volto na segunda. Tô um pouco com minha mãezinha, beijos! 😙
Alicia: ta ok amiga, saudades. muita coisa pra contar, segunda conto então.
Matheus: tem pizza ainda na caixa, bjs vamo dormir cedo, sabe como é, a tarde toda exercitando. 😈 (hoje, as 20h15)
Alicia: já até comi, seu nojento KKKK
Alicia: ei?
Patrick: oi, chegou bem?
Alicia: sim, graças a Deus
Patrick: que bom
Alicia: vem amanhã aqui mesmo, please
Patrick: vou ver e te aviso
Alicia: isso não é bom sinal ahaha
Alicia: vem sim, sério, quero falar com você!
Patrick: que horas?
Alicia: uma seis
Patrick: beleza, vou dormir! 👊🏼👊🏼
Desliguei o celular, virei pro lado e tentei fazer o mesmo. Até pensei nas mancadas das minhas palavras, mas eu resolveria isso amanhã.
No dia seguinte, Matheus nem Duda estavam em casa, mas deixaram mensagem dizendo que voltariam com cerveja mais a noite.
Passei o domingo inteiro comendo gordurices no sofá de casa assistindo netflix. Nem pegar no celular peguei direito e só fui tomar banho perto da hora do Patrick chegar e ainda voltei pro sofá.
Matheus e Eduarda chegaram antes, colocaram as cervejas pra gelar e sentaram comigo.
— Foram onde? — perguntei curiosa.
— Fofoqueira pra caralho essa menina. — Eduarda brincou. — Fomos na família.
— Em qual das? — disse. Eu tava entendiada.
— E tem diferença? Tudo junto e misturado nessa porra. — Matheus riu.
— Ah, esqueci de avisar pra vocês, Patrick vai vir hoje aí.
Matheus arqueou as sobrancelhas. — Beber da nossa cerveja?
Eduarda deu um tapinha no ombro dele. — Que que tem?
— Nada, cê que manda! — ele levantou as mãos em sinal de rendição.
Eu ri.
— Como foi com Daniel ontem? — Duda perguntou.
Queria mais era fugir desse assunto pra não acabar falar asneira como fiz como o Patrick.
— Tudo bem, reagiu melhor do que o esperado. — disse breve.
Meu celular começou a tocar impossibilitando os dois de fazerem mais perguntas e era Patrick avisando que tinha chegado.
Tive que ligar pro porteiro do meu celular que o interfone estava ruim e ele subiu.
— Oi, trouxe cerveja. — ele disse levantando um saco com um pack.
Olhei pra trás com um sorriso disfarçado pro Matheus que ficou todo sem graça.
— Como que você sabia que a gente ia beber? — dei espaço pra ele entrar.
— Matheus postou story comprando e a legenda dele foi autoexplicativa. — ele disse.
— Ah... — peguei o saco da mão dele pra colocar pra gelar. — Bom, vocês já se conhecem.
Eduarda cumprimentou ele e veio me ajudar, e os dois ficaram sentados no sofá sem falar nada. Dois idiotas.
— E então? Vamo fazer o que? — perguntou Duda cortando o clima sentando no colo do Matheus.
— Beber? — perguntei como se não fosse óbvio.
— Dãã, mas não tá gelada. — Matheus disse.
— Tá, então enquanto gela, vou lá pro quarto, tá? Avisem. — avisei. — Vem! — chamei o Patrick.
Só escutei o risinho abafado dos dois, sabe.. as vezes eu os odiava.
Ele não estava com a melhor das feições, meio sério, meio retraído, tudo que eu não queria vindo dele de novo, mas eu talvez tivesse participação nisso.
Ele sentou na ponta da minha cama e me olhou indiferente como se esperasse eu falar. Sentei do outro lado, coloquei o travesseiro no meu colo e suspirei.
— Eu sei que eu viajei ontem, eu queria te pedir desculpas, não falei nada com nada, eu não sei onde eu tava com a cabeça. — comecei.
— Tá suave Alicia, se você falou é porque é o que você realmente quer e tá tudo certo, eu não tô aqui? — falou.
— Sim, mas eu sei que agora é diferente e a questão dele ser seu irmão importa sim. Não sei, tô meio confusa. — bufei.
— Fiquei bolado na hora, mas relaxa, você tem razão, nós estamos só ficando. Não tem nada a ver. — deu de ombros.
— É que o Daniel me pegou de surpresa aceitando de boa a situação e afirmando que nós ainda ficaríamos juntos...
— Uhum.
— E não é como se você tivesse intenção de ficar só comigo, né? Você tem a Rebeca. — eu não conseguia parar de falar.
— Depois da festa? — ele riu sarcástico. — Mas Alicia, eu já entendi. Tô suave. — ele estampou um sorriso no rosto.
Assenti e bateram na porta.
— Já gelou? — gritei.
— Já minha filha.
— Bora lá? — ele bateu na minha perna levantando da cama.
— Vamos!
Não era nem um pouco a minha intenção passar o domingo assim. Era nítido que ou ele tava cagando muito pra mim ou ele tava bolado, porque normal não estava.
Fomos pra sala, Matheus entregou um copo de plástico na mão de cada um e foi enchendo os copos.
Eduarda apareceu com um detetive, que ficamos jogando a noite toda, depois de muito tempo os dois foram dormir.
Eu estava deitada no sofá e Patrick sentado no tapete batucando o copo com o dedo.
— Vou ralar. — ele avisou virando o que restou no copo e levantando do chão.
— Já? — levantei também.
— Tô morto dessa semana, foi foda. — disse.
— Tá tudo bem mesmo? — perguntei receosa.
— Só um pouco ansioso pra reunião de amanhã de manhã. — disse indo em direção da porta.
— Reunião? — franzi a sobrancelha o seguindo.
— Aham, Laura chamou eu e Daniel. Acho que Sarah vai também. — falou se virando pra mim.
— Ah... cê quer que eu vá?
— Você que sabe, se quiser... — deu de ombros.
Eu assenti. — Eu vou sim te dar apoio.
Ele sorriu fraco. Eu entendi que ele queria embora, abri a porta e ele passou por mim.
— Patrick? — ele me olhou. — Eu não quero o Daniel, eu quero você. Sempre quis, eu acho.
— Bom saber! — disse sério. — Agora vou indo. — me deu um selinho meio desastrado e foi embora.
Fechei a porta meio sem acreditar nessa noite. Não rolou um beijo, e só constrangimento. Se não fosse pelo jogo que foi legal, engraçado, teria tudo sido em vão.
Só sei que nada sei, já dizia Sócrates. Ia tentar não me abalar com isso, ainda mais depois de ter falado o que falei quando ele foi embora, daria o tempo dele esquecer as maluquices que eu tinha dito e enfim... tudo voltar ao normal.
Arrumei a casa, limpei os copos, desci as cervejas pra geladeira pra não congelar e fui pra cama.