Frozen In Time (LexaxYou)

By sweetiescape

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Nascida em 2020. Congelada no tempo em 2038. Apocalipse Nuclear em 2052... Espera. O quê? ㅡ Não era para mim... More

Aviso
Prólogo
um > > surpresa
dois > > exploradora
três > > introdução
quatro > > aprendendo
cinco > > treinamento
seis > > pessoal
oito > > próximas
nove > > grounder
dez > > emprego
onze > > violência
> > violência parte 2

sete > > impaciência

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By sweetiescape

É o dia seguinte e eu não tenho a mínima ideia de como usar, gastar, as 24 horas do meu dia aqui.

Enquanto eu tomava banho e me arrumava, usando as minhas próprias roupas desta vez, tentei pensar em algo produtivo para fazer.

Será que o resto da minha vida vai ser asim? Vivendo nessa torre em Polis sem nenhum emprego ou propósito? Se for assim, vai ser muito entediante. 

Eu queria passar o meu dia com a Lexa, eu queria mesmo, mas sei que é impossível porque ela tem as próprias coisas para fazer.

Depois da noite passada, eu não consigo parar de pensar nela. Lexa é diferente do que eu pensava, e agora que sei todas essas coisas a mais sobre ela, eu apenas quero continuar aprendendo mais e mais.

Sabendo que não posso ficar com a Lexa hoje, decidi passar o meu dia com a Deka e ver o que ela está aprontando.

Talvez Deka me deixe ajudar em sua barraca. 

O problema é que eu não tenho permissão de andar pela cidade sem que o Q esteja ao meu lado o tempo todo, principalmente depois da última vez. Eu, sinceramente, não quero ele lá comigo e com a Deka, então decidi pedir para Lexa se eu poderia ir sozinha.

"Q?" chamei ele logo que saí do meu quarto. Ele olhou para mim esperando que eu continuasse. "Você pode, por favor, me levar até onde a Lexa está? Eu só preciso fazer uma perguntinha pra ela."

"Acho que isso não é uma boa ideia," ele falou em um tom rude. "Ela está em uma reunião e falou especificamente que não quer nenhum tipo de interrupção."

Suspirei.

"Eu posso, pelo menos, esperar até essa reunião acabar?"

Q hesitou, decidindo se me levava ou não até Lexa. Eventualmente, ele assentiu.

"Tudo bem. Me siga, e nada de vagar por aí."

Ri baixinho e fiz uma saudação militar para ele.

"Pode deixar, cara."

Ele me olhou de um jeito nada amistoso e começou a andar. Eu só segui ele.

Eu acho, quase que com toda certeza, que o Q ainda está meio bravo pelo o que aconteceu da última vez. Eu sei que eu deveria me sentir mal com isso, mas eu não me sinto.

Q fica tão engraçado quando está irritado comigo, o que quer dizer que ele é sempre hilário, porque está irritado comigo o tempo todo.

Q está me levando até a sala do trono, aparentemente, onde na porta estão dois guardas parados. Q conversa com os guardas por um bom tempo até me dizer que era para esperar pacientemente a reunião acabar.

Dei de ombros e fiquei do lado deles esperando.

Os três começaram a conversar, enquanto isso eu fiquei alí sozinha esperando que a reunião não demorasse muito para terminar.

Eu nunca fui uma garota muito paciente, nem mesmo quando era para ir ao médico ou até mesmo ficar para falar com a professora no fim da aula. Eu não consigo esperar pacientemente nem em uma fila ou em uma sala de espera, ironicamente, de um consultório. Eu simplesmente não consigo. Eu fico inquieta, agitada e começo a mexer nas coisas que estão ao meu redor, ou começo a incomodar a pessoa que está ao meu lado.

O problema é que eu não posso fazer nada disso agora, porque o Q  e os outros dois são praticamente montanhas comparados comigo e eu não quero nem imaginar o que aconteceria se eu desse petelecos na cabeça deles repetidamente.

"Rápido, Lexa," murmurei para mim mesma, com um suspiro pesado saindo por meus lábios.

15 minutos se passaram, mais ou menos, e Lexa ainda está na reunião e, para uma pessoa que é muito impaciente, isso não é a melhor coisa do mundo.

Olhei para o Q e os dois guardas e vi que eles estão rindo de algo, com a atenção em tudo menos em mim.

Eu estou pensando em fazer alguma coisa, mas sei que se eu fizer essa coisa, eu possivelmente estarei entrando em uma grande fria mais tarde.

"Ele nem percebeu que eu estava lá parado," um dos guardas se gabou, fazendo os outros rirem. "Eu acabei com ele num instante."

De algum jeito, a visão dos três grandões gargalhando e se divertindo apenas me fez ficar mais impulsiva, sem pensar nas consequências dos meus atos.

Eu só tenho uma pequenina pergunta para fazer. Vou entrar e sair rapidinho.

Quando eu tive certeza que os três estavam completamente distraídos, passei pelas portas que deveriam estar sendo vigiadas e imediatamente fiquei de queixo caído quando vi como a sala do trono é por dentro.

Por um segundo, me esqueci do porquê eu estava alí, fiquei parada e momentaneamente espantada.

A sala é bem grande e algumas pessoas mais velhas estão sentadas em algumas cadeiras que estão em volta de um trono que fica ao centro e que é onde Lexa está sentada.

Um homem está em pé na frente de Lexa e eu acho que interrompi a conversa deles.

O olhar de todos está sobre mim em uma mistura de confusão e raiva, provavelmente porque me meti no meio da reunião deles.

Meus braços caem na lateral do meu corpo e eu sorri com vergonha antes de olhar para Lexa. Ela está sentada em seu trono com a usual roupa de Comandante, sua capa vermelha está sobre o braço esquerdo do trono. Toda essa cena deixa Lexa tão sensacional que eu não consegui me conter e comentei:

"Caramba, Lexa," falei com incredulidade e com um pequeno sorriso. "Você está mais foda ainda nesse trono."

O arfar de Titus me chamou a atenção e eu vi ele me olhando de um jeito nada bom de sua posição ao lado do trono de Lexa.

Titus está extremamente hilário, seu rosto está vermelho vivo e ele parece que vai explodir.

Eu só não consigo entender qual é o problema. 

O homem, que está em pé na frente do trono de Lexa, olhou entre Lexa e eu com um sorriso nos lábios, um sorriso que me deixou com um sentimento de desconforto.

Ignorei o cara e olhei para Lexa que parece estar chocada com a minha presença.

"Chon ste em, Heda? (Quem é ela, Comandante?)" o cara falou sem desviar seus olhos de mim.

Eu não tenho certeza se ele está falando comigo ou não, então falei:

"Desculpa, cara, eu não falo Trig. . ." vasculhei meu cérebro tentando lembrar do nome do idioma deles, mas a única coisa que saiu foi, "trigonometria. . .?" olhei para Lexa para ter certeza, mas ela apenas suspirou e alí eu soube que tinha dito a palavra errada.

O cara rugiu com uma gargalhada que ecoou ao nosso redor.

"Eu perguntei, quem é você?" ele repetiu, me olhando com humor.

Apesar da vibe esquesita que ele tem, eu quero passar uma boa primeira impressão, então dei um passo à frente e sorri para o cara.

"Eu sou a (S/N). Qual é o seu nome?" ele não respondeu, apenas me olhou de cima a baixo.

Me afastei um pouco, me sentindo esquisita sob seu olhar. Também não ajuda em nada as várias cicatrizes que ele tem no rosto e que fazem sua expressão ir para direções estranhas, o que faz ele parecer mais assustador do que já é.

"Certo. (S/N), acho que você deveria ir," Lexa diz, aparentemente percebendo algo que eu não consigui perceber.

Lexa se levanta do trono e olha para mim, seus ohos dizendo para mim sair dalí.

Suspirei dramaticamente.

"Tudo bem, mas eu posso ir na cidade sem que o Q esteja me seguindo? É que está ficando chato."

Lexa hesitou em sua resposta.

"Ele está lá por uma razão. . ."

"Por favor," implorei, fazendo um biquinho com os lábios e fazendo o meu famoso olhar de filhotinho pidão.

Eles fazem isso aqui? 

Todos estão olhando entre nós duas e Lexa parece estar incomodada com todos a olhando.

O cara, o sem nome das cicatrizes, está olhando para Lexa com um olhar curioso e com um sorriso presunçoso em seu lábios.

"Tudo bem," Lexa concordou com relutância.

Eu sorri e ergui os meus polegares como um 'obrigada'. Porém, antes que eu pudesse me virar para sair, alguém falou e fez uma pergunta.

"Quem é ela, Comandante?"

Mais vozes entraram na conversa querendo saber quem sou eu, e eu não sei o que fazer a não ser ficar me balançando em meus calcanhares.

"Silencio!" Lexa esbraveja me pegando de surpresa com o quão potente sua voz pode ser. Eu não olhei para ela por medo do que eu poderia ver. Lexa continuou falando. "Essa é (S/N/C). Ela foi encontrada em um bunker embaixo da terra há pouco tempo e ela estava congelada no tempo," todos arfaram com a informação que Lexa deu, mas ela não pareceu perceber e continuou. "Ela acordou nesta zona do tempo e ficará aqui em Polis, onde nós podemos observá-la atentamente."

"Como você pôde esconder isso de nós, Heda?!" alguém gritou.

Eu olhei na direção dessa pessoa e vi um homem bem mais velho se levantando, com um olhar raivoso em seus olhos.

Indra, que está em pé do outro lado do trono de Lexa, desembainhou a espada e avançou, seus olhos grudados no velho.

Mas antes que Indra desse mais um passo, Lexa ergueu a mão.

"Está tudo bem, Indra," Lexa falou com a voz calma.

Indra voltou para seu lugar, porém seu olhar permaneceu fixado no velho.

Mesmo Indra não olhando diretamente para mim com esse tipo de olhar, me arrepiei mesmo assim. Eu não sei como o velhote ainda está de pé ㅡ se fosse eu, eu já teria saído correndo.

"(S/N) é uma grounder agora," Lexa anunciou, sentando novamente no trono. "Ela não é uma ameaça."

"Uh, eu não lembro de ter concordado com isso. . ." me intrometi, mas parei de falar por causa do olhar de Lexa. Eu ri de nervoso. " Bom, não faz mal."

O cara das cicatrizes olhou novamente para mim, com um olhar voraz em seus olhos. Ele olhou para o meu corpo com esse mesmo olhar e eu me arrepiei de um jeito nada bom.

"Eu poderia muito bem cuidar dela," ele admitiu com um sorriso sádico.

Meu rosto se contorceu com raiva, enquanto eu mostrava o meu dedo do meio para ele entendendo o significado de suas palavras.

"Vai se fuder!"

Ele riu novamente, obviamente achando divertida a minha reação. Mas antes que ele pudesse fazer outro comentário, Lexa se levantou de seu trono parecendo estar com mais raiva do que eu.

"Você não vai envolver ela nisso!" Lexa vociferou com autoridade, seus olhos portando um olhar intimidante. "Ela não é parte disso, e Azgeda não irá tocar nela."

Eu não tenho ideia do que está acontecendo e a minha raiva dissipou ao ver Lexa cuidar daquela desculpa de homem.

O cara parou de rir, mas continuou com um sorrisinho enquanto ainda olhava entre Lexa e eu.

Lexa o encarou com um olhar duro, mas seu olhar se suavizou ao olhar para mim, porém sua mandíbula permaneceu travada.

"Tenha cuidado na cidade," Lexa disse com um tom firme, depois voltou a se sentar no trono.

Eu assenti, me afastando devagar.

"Uh, tá bom," murmurei me virando e saindo.

A última coisa que ouvi antes das portas se fecharem atrás de mim, foi Lexa gritando em sua línfgua nativa e ela não parecia nada feliz.

Os dois guardas que deveriam estar supostamente 'guardando' a porta, me deram olhares duros junto do Q que fez o mesmo. Eles obviamente estão irritados pelo fato de eu ter entrado na sala do trono e interrompido a reunião, mas eu não estou me importando nenhum pouco. Eu estou mais ocupada pensando no que acabou de acontecer.

Quem é aquele cara? E porquê Lexa está dando tanta atenção pra ele? Se Lexa é a Comandante, com certeza ela acabaria com ele em um piscar de olhos, certo?

Balancei a cabeça para clarear a minha mente e fiz o meu caminho para fora da torre, agora sem o Q do meu lado.

É boa essa sensação de não ter ninguém cafungando no meu cangote o tempo todo. Q literalmente cuidava tudo o que eu fazia. O único momento de privacidade que eu tinha era quando eu trocava de roupa ou ia no banheiro.

Eu entendo que Lexa me deu um 'segurança' para a minha própria proteção.

Mas eu já não estava segura em Polis?

Saí da torre e comecei a fazer o já conhecido caminho até Deka, mas parei ao ver uma figura familiar que eu havia esquecido que existia até este momento.

"Nyko?" chamei me aproximando do homem mais velho, com cautela caso não fosse ele.

Isso será muito vergonhoso se não for ele. 

O homem alto se virou e quando seus olhos me encontraram, um sorriso apareceu em seu rosto o que me confirmou de que é realmente ele. Apenas Nyko consegue parecer amigável e ao mesmo tempo assustador.

"(S/N)," falou com uma gargalhada, "é bom ver você novamente."

Sorri em sua direção.

"Digo o mesmo, cara. Pra ser honesta, não achei que veria você outra vez."

Um sorriso convencido apareceu em seus lábios.

"Estou aqui a trabalho. Quando me chamam eu tenho que ir," falou dando de ombros.

Ri de seu humor, feliz por alguns grounders não terem perdido isso.

"Bem, estou feliz por ver você. Você é um dos poucos amigos que eu tenho aqui."

"Estou feliz em ver você também," Nyko falou com simpatia. "Agora, o que você está fazendo sozinha aqui? O Q não deveria estar com você? Gustus disse que ele era o seu guarda," revirei os olhos na menção de Q e Gustus, e eu nem preciso dizer nada para Nyko para ele me entender. Nyko riu da minha expressão e colocou a mão no meu ombro. "Você está tendo problemas com ele?"

Dei de ombros.

"Nem sei mais. Mas consegui convencer Lexa de me deixar sair sozinha, então o Q ainda está lá dentro. E eu não vejo o Gustus desde a ameaça que ele me fez em Tondc. De qualquer forma, o Q é uma versão do Gustus e isso não é nada legal."

Nyko assentiu e removeu a mão de meu ombro.

"Entendo."

Mordi o lábio ao lembrar do que aconteceu quando fui pedir a permissão de Lexa.

Talvez Nyko saiba quem são aquelas pessoas, não é? 

"Nyko?" sorri timidamente, apenas para ter ele rindo de mim.

"A não," disse com um tom falso de indignação. "O que foi agora?"

Eu ri e decidi perguntar sem fazer rodeios. Nyko parece ser legal o bastante e talvez ele me fale se eu perguntar na lata ao invés de 'correr' em círculos.

"Tá, então, quando eu fui perguntar para Lexa sobre sair por aí sem o Q, ela estava em uma reunião com essas pessoas velhas," comecei a explicar. "Aparentemente era muito importante. Também tinha um cara muito assustador, ele tinha cicatrizes pelo rosto inteiro e ele não era nada simpático. Quem são todos eles?"

O sorriso de Nyko desapareceu enquanto me olhava com preocupação.

"Você não falou com o cara das cicatrizes, não é?"

Ri com nervosismo.

"Ele falou comigo primeiro. . .?"

Nyko suspirou após eu ter respondido.

"Aquelas pessoas são os líderes dos clãs, (S/N). Nós grounders temos doze clãs, e também tem outros clãs como o Povo dos Barcos e o Clã do Deserto. Toda vez que algo tem que ser discutido, a Comandante faz uma reunião com todos os líderes dos clãs e esse encontro de hoje tem algo a ver com a Nação do Gelo," franziu a testa ao falar, "Azgeda."

Me lembro de ter ouvido Lexa falar esta mesma palavra antes.

"Bom, quem é a Nação do Gelo? E quem é o cara assustador?"

Nyko baixou o tom de voz quando falou novamente.

"A Nação do Gelo é um dos doze clãs e eles são a maior ameaça para a nossa coalizão. Eles querem o poder que a Lexa tem e sempre estão causando problemas. É sobre isso essa reunião. O 'cara assustador' é um. . . pareceiro deles, se assim o posso chamar. Ele negocia em nome da rainha."

Assenti enquanto tentava entender o que Nyko estava dizendo, e foi aí que me lembrei do que Lexa falou para mim na noite passada.

"Espera, a Nação do Gelo são os mesmos que mataram a Costia?"

Nyko me olhou surpreso.

"Como você sabe disso?"

"Lexa me disse," falei antes de balançar a cabeça. "Isso não importa agora. São eles? Porque se são, então porquê eles estão em uma aliança com a Lexa? Com certeza ela teria punido eles ou algo do tipo, né?"

Ele suspirou com tristeza.

"A Comandante não pode fazer algo desse tipo. Se ela fizer, a coalizão irá acabar e nós esteremos sob ataque."

Franzi as sobrancelhas.

"Então quer dizer que essa filha da puta da Nação do Gelo pode fazer o que bem entendem e a Lexa não pode fazer nada para dar o troco? Como isso pode ser uma aliança?"

Nyko balançou a cabeça negativamente.

"Você não pode dizer coisas como essas, (S/N). Eu sei que isso é péssimo, mas se outros grounders ou até mesmo um azgeda ouvir você falando assim, coisas muito ruins podem acontecer."

Revirei os olhos com isso.

"Tá bem, Nyko, mas saiba que isso é muito idiota."

Nyko abriu um sorriso, sem duvida tentando aliviar um pouco essa tensão.

"Não se preocupe com isso. A Comandante cuidará do problema. Esse é o trabalho dela, não o seu," falou, mas não em um tom rude.

Nyko assentiu, com um curto aceno de cabeça, em minha direção antes de seguir seu caminho.

Suspirei e cruzei os braços sobre o peito em um gesto de irritação.

"Talvez isso não devesse ser trabalho só dela," murmurei para mim mesma, irritada com essas pessoas da Nação do Gelo e ao mesmo tempo me sentindo mal por Lexa.

Lexa tem muito sangue frio ao continuar convivendo com essas pessoas mesmo depois de tudo que fizeram para ela. 

Sabendo que não posso fazer muita coisa sobre isso, continuei o meu caminho até a barraca da Deka.

Encontrei Deka atrás de sua mesa, vendendo quinquilharias para alguns grounders. Depois de acabar a sua venda, Deka percebeu a minha presença e sorriu com entusiasmo, gesticulando para que eu me aproximasse.

"E aí, cara?" falei com um sorriso, estendendo a minha mão fechada em punho para ela dar um soquinho.

Deka sorriu de novo e estava prestes a me cumprimentar também, mas seus olhos caíram no meu punho o olhando com confusão.

Eu ri e peguei a mão direita dela a fechando em um punho também, e dei um soquinho contra a minha.

"Isso se chama soquinho, Deka," falei com humor. "Mas, deixa pra lá. Como você está?"

Ela sorriu novamente.

"Eu estou bem. Ganhando o meu dinheiro e tal. E você? O seu gurada não parecia muito feliz com você da última vez."

Comprimi meus lábios com a memória do mau humor do Q.

"É, bem, o Q não se juntará a nós hoje graças a Lexa. E me desculpa sobre a atitude dele com você. Ele é apenas. . . difícil."

Deka riu, negando com a cabeça.

"Tá tudo bem. Então, quer me ajudar a vender algumas coisas?"

"O que mais eu faria?" dei um sorriso atrevido.

Deka, parecendo que o sorriso nunca sai de seus rosto, sorriu novamente e fez um sinal para que eu me juntasse a ela atrás da mesa.

E foi exatamente isso que fiz nas horas seguintes.

Deka me apresentou para todos os grounders que visitavam sua barraca. Até conversei com alguns deles que gostaram de verdade de mim ㅡ foi meio difícil a parte da conversa, sendo que eles sabem só um pouco de inglês, mas deu certo.

Obviamente teve alguns grounders que me odiaram sem nenhuma razão aparente, mas Deka disse que não era para me preocupar muito porque eles já eram ranzinzas mesmo antes de eu chegar aqui.

Quando Deka deu uma pausa no trabalho, lhe mostrei mais algumas pegadinhas que eu escondia na manga, e nós nos divertimos assistindo o rosto de irritação das vítimas das nossas pegadinhas.

Eu adoro passar o meu tempo com a Deka, porque ela não se parece com uma típica grounder. Ela é mais como eu e as minhas amigas éramos no século 21.

Talvez seja por isso que nos damos tão bem. 

Eventualmente, depois de almoçarmos juntas, nós retornamos para a barraca para continuar vendendo as coisas.

Eu também consegui aprender um pouco de Trigedasleng. Também aprendi a dizer a palavra Trigedasleng sem dizer trigonometria por acidente."

Eu, com certeza, esou aprendendo muito com a Deka.

"Aquela é a Comandante?" Deka perguntou enquanto eu acabava de embrulhar um colar para uma grounder.

Dei adeus para a moça e olhei para Deka.

"Do que você está falando, D?" Deka gesticulou a nossa frente, me fazendo ver do que ela falava.

Lexa está caminhando em direção a nossa barraca com o seu sempre sem expressão alguma rosto.

Pessoas se curvam quando enxergam Lexa. E enquanto caminha até nós, consigo notar a confiança e a autoridade que radiam dela.

"Olha para isso," dei um sorrisinho. "É ela mesma."

Lexa parou quando chegou na nossa frente. Ela assentiu na direção de Deka, como um cumprimento, depois olhou para mim.

"(S/N), poderia me acompanhar de volta até a torre?" Lexa perguntou, mas eu sei que é bem mais do que apenas uma pergunta.

Dei de ombros.

"Claro," olhei para Deka perguntando silenciosamente se eu podia ir.

"Pode ir, (S/N). Não se pode dizer não para a Comandante."

Bufei com uma risada, por causa da graça que suas palavras tem para mim.

"Ha! Tá bom, Deka. Essa foi boa. Te vejo amanha, tá?"

Deka assentiu e sorriu.

"Vejo você amanhã."

Lexa comprimiu os lábios, demonstrando sua impaciência, e olhou para Deka enquanto eu tirava o meu avental.

Deka se curvou, de um jeito engraçado e estranho, o que me fez rir.

Eu dei adeus a Deka enquanto Lexa e eu nos distanciávamos da barraca.

"Aquela é a minha amiga Deka," falei para Lexa com um sorriso estampado em meus lábios. "Ela é bem legal, não é?"

Lexa me olhou, mas não disse nada, apenas continuou andando.

Dei de ombros sutilmente e continuámos a fazer o nosso caminho de volta para a torre.

"Você não pode invadir a sala do trono daquele jeito enquanto estou tendo um encontro," Lexa falou em um tom monótono.

Suspirei sabendo que uma hora ou outra ela falaria sobre isso.

"Me desculpa, Lexa. Eu não sabia que você estava tendo uma reunião com alguns velhotes e um cara assustador."

Lexa estreitou seus olhos em minha direção.

"Eu estou falando sério, (S/N). Isso não é engraçado."

Eu assenti.

"Eu sei. Eu seriamente peço desculpas. Agora sei que não posso mais fazer isso."

Lexa assentiu, parecendo satisfeita com a minha resposta, e olhou para frente com sua mandíbula visivelmente tensa.

Eu não sei porquê Lexa está tão tensa. Era apenas uma reunião. Mas eu sei que não devo falar nada, porque ela não está com o melhor dos humores agora.

Especialmente não comigo.

Enquanto caminhávamos em silencio, algumas pessoas me olhavam de um jeito hostil quando percebiam a minha presença.

Pois é, as pessoas ainda fazem isso. Eu meio que já me acostumei, porque sei que não sou a queridinha da maioria deles. Com tudo, Lexa obviamente não está lidando com isso do mesmo modo que eu.

Lexa parou, o que me fez parar também, e olhou para um grupo de pessoas que estavam me olhando do mesmo jeito que todos os outros.

"Vocês tem algo para dizer?" Lexa esbravejou, parecendo extremamente irritada tanto com o grupo quanto com seja lá qual for a outra razão. A veia em seu pescoço está proeminente, e apenas isso mostra o quão P da vida ela está.

"N-não, Heda," todos eles falaram antes de seguirem caminhos diferentes, deixando uma Lexa nada feliz parada alí.

As pessoas ao nosso redor viram toda essa situação, o que me deixou sem jeito.

Coloquei a mão no ombro de Lexa e quando eu estava prestes a falar, ela tirou a minha mão de seu ombro com certa brutalidade.

"Você não precisa fazer isso, Lexa," falei ignorando sua atitude, mesmo eu estando ofendida. "É compreensível que eles estejam com raiva. Quero dizer, eu sou praticamente uma desconhecida, uma intrusa."

"Você não é nada disso," exclamou sem me olhar, mas mesmo assim me deixando nervosa. "Você é uma de nós agora."

Por um breve momento Lexa me olhou e eu vi que seu rosto transmitia dor, tanto quanto seus verdes olhos.

Lexa parece estar preocupada com algo, aflita, nervosa até. É óbvio que é com algo que aconteceu na reunião, e eu me pergunto o que teria acontecido para deixá-la neste estado.

Ela foi se afastando, continuando em direção da torre. Eu não tive outra escolha sem ser segui-la, e ignorando os olhares que as pessoas estão nos dando por causa do que acabou de ocorrer.

Estou tão confusa quanto eles todos eles estão.

Mas afinal, o que acabou de acontecer?

*     *      *      *

A pessoinha aqui pensou que seria mais fácil traduzir 25 capítulos com quase 5mil palavras cada, mas obviamente não é. Então peço um tiquinho de paciência :)

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