Todo aniversário do Bené dava bom, não tinha erro nunca. A galera já estava começando a ficar embrasada, ritmo louco e nenhuma confusão, o que era um total milagre perto de mim.
Tinha bebido pra caralho e tava com uma fome da porra. Aniversário de homem nunca tem nada direito pra comer, mas a dele sempre tinha. Peguei um prato plástico e já fui atacar as comidas pra comer com churrasco.
— Só por curiosidade! colegas de trabalho não se cumprimentam fora do trabalho? — Alicia apareceu pegando um prato na mesa.
— Não falei com você? — sorri fraco sem graça me servindo de arroz.
— Não, já tá doidão? — ela riu pegando farofa.
— É preciso de muito mais álcool pra me deixar doidão, Alicia. — dei ênfase no nome dela. — Só tô te gastando, é que não sou muito fã do meu irmão.
— Não? — ela inclinou a cabeça franzindo a sobrancelha.
— Caô, só esqueci mermo. — terminei meu prato. — A gente se vê. — e sai pra churrasqueira.
Eu percebia que ela ficava meio bolada quando eu encerrava o assunto, mas é que não tinha mais o que falar mesmo. Ela era alegre e simpática demais pra minha paciência e além disso eu queria comer.
— Azarando a mulher do teu irmão, rapa? — José riu mexendo na carne.
— Ah caralho, vocês tiraram o dia pra encher minha paciência. — bati o pé no chão impaciente.
— Mexe com o Moreira não que dá problema hein. — Leandro alertou e eu balancei a cabeça negativamente rindo.
— Tá maluco brigar com esse ufc, quero morrer ainda não. Tô jovem! — José fez careta.
— Além disso como ele vai azarar a mina se ele tá comigo? Vamo respeitar, seus babacas. — Rebeca se meteu. Eu já tinha até esquecido que ela tava grudada na gente de tanto que eu ignorava.
— Ui, olha ela! — Bené gastou. — Eu vou é dançar com as mina que vocês tão tudo de vida ganha.
Ele foi de verdade atrás de umas garotas que eu reconheci ser umas minas que ele sempre andava com José por aí e sentei pra comer.
Rebeca não perdeu tempo em vir atrás e ficar puxando papo, até que entrei na dela, só não queria ficar agarrado de beijinho, conversar tava bom.
Tudo foi passando muito rápido. Troquei de cerveja pra whisky num pulo e daí a mente já começa a pesar firme, só não ia me permitir ficar doidão passando vergonha, até porque não rolava.
Agora mais do que nunca a galera estava solta também, dançando todo mundo junto, menos eu que me mantinha bebendo só olhando.
Leandro tava engraçado pra caralho pegando uma mina e dando em cima da outra no mesmo quadrado, só ficava rindo de longe vendo as minas putas.
Avistei Alicia com Daniel parecendo estar pendurado em seu pescoço andando pra fora da casa. Estranhei pra caralho.
— Coe, vou lá fora fumar, jae? — avisei a Rebeca.
— Agora? — ela fez careta beijando meu pescoço.
— Coe cara, aqui não. — ri sem graça me afastando. — Já volto.
Puxei o maço do bolso com o isqueiro e fui acendendo em direção do portão. Podia fumar de boa lá porque era aberto, mas queria ver o que tava acontecendo.
Consegui enxergar eles do outro lado da rua sentados na calçada. Ela abraçada no ombro dele e ele vomitando pra caralho. Dei uma tragada boa revirando os olhos e atravessei.
— Que porra é essa, Daniel? — olhei de cima pra ele.
— Que porra o que? — ele limpou o canto do lábio e me olhou.
— Tu vomitando, não é nem meia noite moleque. Bebeu o que ele? — olhei pra ela.
— Acho que...
Ele a interrompeu. — Misturei a porra toda. Vim fumadasso da boa, taquei uma balinha braba na vodca com energético e tô assim. De boa. — ele riu debochado.
Alicia pareceu surpresa e um pouco decepcionada, mas eu tava cagando. Isso era com eles.
Joguei o cigarro no chão, pisei em cima e agachei na frente dele segurando-o pelo queixo. A cara torta que ele tava.
— Tu é doente? — apertei forte, ele tentou soltar o rosto.
— Não precisa disso, Patrick. — ela falou.
— Responde Daniel, você é doente? — a ignorei.
Ele fez força pra se soltar e ficou em pé. Fiquei olhando pro idiota cambaleando.
— Não enche meu saco, falou? — ele levantou o polegar e foi andando de volta pra casa deixando nós dois sozinhos.
Sentei no lugar dele e bufei. Tava cansado do trabalho que Daniel me dava ás vezes depois que começou com essa amizade de merda com Vinicius.
— Não conhecia esse Daniel, não é? — me virei pra ela que ainda parecia surpresa.
— Definitivamente não. — ela riu de nervoso. — Mas deve ter alguma explicação, não é possível.
— Aham, tem nome e sobrenome. — ela franziu as sobrancelhas e eu ignorei. — Fica bolada com ele não, nem sempre foi assim.
Puxei o maço mais uma vez de cigarro já que eu tinha desperdiçado o meu outro de raiva.
— Pode por favor não fumar? — ela disse colocando a mão em cima da minha me impedindo.
— Por que?
— Eu não gosto. — disse séria. Nunca tinha visto ela falar tão sério antes.
Apenas respeitei guardando de volta no bolso.
— Enfim, não vou bolar, só fiquei surpresa mesmo. — ela se levantou limpando o short jeans da sujeira da calçada. — A gente se vê. — e saiu andando.
Fiquei rindo sozinho dela fazendo o mesmo que eu mais cedo. Não demorou muito pra Rebeca aparecer me procurando, aproveitei pra dar uns beijos nela antes que entrássemos.
JADE
Não conhecia ninguém assim que cheguei, apenas o maldito do meu ex namorado, mas bastou alguns goles de álcool e eu já estava melhor amiga de todo mundo. Até que o pessoal era maneiro.
Phelipe também facilitava muito as coisas já que era totalmente a versão masculina de mim, super animado e sem ligar pra nada. Éramos soltos e livres de uma maneira incrível.
— Cadê Alicia? — perguntei ao olhar em volta e não a encontrar.
— Não sei, Daniel que tá ali na cadeira morgadão. — Phelipe disse parando de dançar e apontando.
Dei de ombros pra ele, queria saber mesmo era dela. Estávamos perto da piscina dançando, eu com ele e umas meninas que eu tinha feito amizade e eram bem legais por sinal, mas larguei todo mundo ali pra procurar.
Se Duda ou Matheus estivessem aqui seria esporro na Alicia na certa por sumir assim, ainda mais que nossa visão dela era a ingenuidade em pessoa.
— Garota, onde você tava? — segurei o braço dela que ia andando sem prestar atenção em nada.
— Lá fora com Daniel vomitando, loucura amiga. — ela fez bico.
— Sério!? Mas ele nem bebeu tanto assim. — fiz a surpresa.
— É, mas não é só bebida envolvida aí não. Tô meio surpresa, mas tô nem aí. Vou começar a beber de novo! — ela disse tentando forçar um sorriso de novo no rosto.
— Droga? — ela assentiu. — Tu bronca com isso?
— Amiga, não é que eu fique chateada, mas é que sei lá, a forma como ele reagiu contando pro irmão e também eu não esperava isso dele.
— Fantasiou o principezinho, né? — fiz careta.
Ela assentiu cabisbaixa. Alicia era tudo pra mim, eu me divertia com ela. Por mais que ela parecesse tristonha, eu sabia que era só o seu jeitinho e que depois estaria tudo bem.
— Vamo beber? Encher a cara? — tentei animar ela.
— Vamo amiga! — ela entrelaçou um braço no meu e fomos saltitando até os coolers. Não dá pra negar que eu já tava meio pra frente.