Thomas e Newt acompanharam Teresa até a entrada do prédio principal do Cruel, passando pelos censores sem problema nenhum.
Eles desceram alguns lances de escada e se encontraram com Gally no estacionamento. Juntos os quatro seguiram até a sala de energia.
— Caçarola nós ja entramos como estão as coisas aí? — Thomas perguntou pelo rádio comunicador.
Caçarola que estava do outro lado da cidade subindo em um guindaste enorme, respondeu de imediato.
— Eu to quase lá. Dá um olá pro Minho por mim. — Disse ofegante.
— Aguenta firme, cara.
Gally finalmente consegui abrir a caixa que continha todos os fios elétricos daquele lugar, ele passou as mãos pelos diversos fios lendo cada uma das etiquetas grudada neles.
— Vai servir. — Disse Gally.
— Kaylee, Brenda? Como esta a situação ai?
– Estamos nos virando. – Disseram juntas.
— Toma cuidado, Kaylee.
— Te digo a mesma coisa, Tommy.
Gally colocou um dispositivo estranho na caixa e a fechou mandando todos se afastarem. Em segundos os homens que trabalhavam com Lowrance receberam um sinal vindo do prédio principal.
Os quatro saíram daquela sala e foram em direção ao setor 3, onde Minho provavelmente estava sendo mantido.
Assim que a porta se abriu Thomas atirou no peito de um dos guardas com a arma de choque, logo depois Gally e Newt atiraram nos outros. Quando todos ja estavam no chão, eles se dirigiram até os dormitórios libertando todas as crianças e adolescentes ali presentes. Mas nenhum deles era quem eles queriam.
— Ele não esta aqui. Cadê o ele? — Thomas se aproximou de Teresa fervendo de raiva.
A morena se distanciou e se aproximou dos computadores digitando todas as informações do asiático.
— Alguém levou ele para a área médica, isso fica do outro lado do prédio. – Disse Teresa.
— Me leva até ele, agora. — Thomas puxou o braço dela com força nem se importando em machucá-la.
— Eu vou também. — Disse Newt.
Thomas o parou.
— Não, não vai. Precisa ficar aqui com o Gally esperando pelo soro.
— Não, você não pode fazer isso sozinho. O Minho vem primeiro, lembra?
— Vão logo, estamos perdendo tempo, eu pego o soro e nos encontramos com as meninas lá fora. — Disse Gally.
— Tabom.
Thomas e Newt pegaram as armas, colocaram os capacetes e empurraram Teresa pela instalação até os elevadores que os levaria até a área médica.
Thomas apertou o botão do elevador esperando impacientemente que as portas se abrissem. Ele percebeu quando um guarda do Cruel começou a se aproximar claramente desconfiado deles. Ele apertou o botão novamente até que finalmente as portas se abriram.
Os três entraram esperando que as portas se fechassem, quando faltava pouco pra isso, um braço foi colocado entre elas fazendo elas se abrirem novamente. Janson Logo entrou naquele cubículo com seu habitual sorriso falso.
O corpo de Newt estremeceu quando o homem parou ao lado de Teresa enquanto Thomas colocou seu dedo no gatilho da arma pronto para atirar.
– Esta trabalhando até tarde. – Disse encarando Teresa.
A garota soltou um riso sem graça.
— É disso que gosto em você, Teresa. Por mais complicada que seja a situação você nunca desiste, é quando você precisa de um amigo com quem pode contar.
— Vou me lembrar disso.
— Precisa saber de uma coisa, Kaylee está na cidade, ela é toda a turminha.
Teresa fingiu que não sabia de nada.
— Ava não quis te contar mas há uma grande chance dela tentar falar com você e se ela tentar, gosto de pensar que você vai ligar pra mim primeiro.
Teresa o encarou.
— Você vai matá-la? – Perguntou assustada.
— Isso seria problema?
— Ava permitiria isso?
— Ava concorda comigo em muitas coisas, e uma delas é que a Kaylee assim como a mãe dela é um problema que precisa ser eliminado às pressas antes que atrapalhe nossos planos e pra ser sincero, eu adoraria ter o sangue daquela linda garota em minhas mãos. — Ele sorriu diabólico.
Teresa continuou o encarando assustada, ela olhou brevemente para trás percebendo que as mãos de Thomas apertavam com força a arma.
Finalmente as portas do elevador se abriram chegando ao andar desejado, impedindo que um assassinato fosse cometido.
Teresa deu uma última olhada em Janson e saiu do elevador, Newt seguiu atrás dela enquanto Thomas vinha logo atrás, ele fez questão de esbarrar com força no ombro de Janson antes de sair.
— Thomas você precisa me escutar, conseguir o soro não vai salvar o Newt, pode ganhar tempo mas...
— Ignora ela. — Newt a interrompeu.
— So me escuta, vocês sabem o que acontece lá fora, pessoas estão morrendo, o mundo esta morrendo, tem alguma coisa no seu sangue e no da Kaylee que eu não entendo, se me deixar fazer alguns exames, eu prometo que protejo ela.
— Como protegeu o Minho!? — Thomas gritou jogando o capacete no chão e se aproximou da garota. — Quantas pessoas mais vocês vão ter que capturar, torturar e matar? Quando isso vai acabar?
— Acaba quando encontrarmos a cura.
— Não existe cura! — Gritou. — Eu não vou deixar mais ninguém machucar a Kaylee.
Teresa abaixou a cabeça.
— Não perca seu fôlego, Teresa. — Janson apareceu atrás deles com vários guardas atrás dele. — Ele e a namoradinha fizeram a escolha deles a muito tempo.
Thomas e Newt apontaram as armas pra ele.
— Larga a arma, garoto! — Um guarda apareceu do lado esquerdo deles.
Em um movimento rápido Thomas agarrou o pescoço de Teresa e colocou a arma na cabeça dela.
— Se afastem! Manda eles se afastarem!
— Ah, Thomas. Conheço você a mais tempo do que se lembra, sei que não vai atirar na melhor amiga da sua namorada.
— Acha mesmo que não.
— Tabom. — Janson largou sua arma. – Atira nela e prove que estou errado.
Thomas colocou o dedo no gatilho e se preparou para atirar mas Teresa foi mais rápida e empurrou ele e Newt para o corredor e acionou o alarme de incêndio trancando os dois lá dentro.
Janson tentou atirar neles mas o vidro que os separava era a prova de balas. Newt retirou o capacete e puxou Thomas pelo corredor.
×××
Do outro lado do prédio, Gally pegou as crianças que haviam resgatado e com muita cuidado levou elas até o estacionamento onde seria executado o plano de fuga.
— Kaylee? Brenda? Cadê vocês? Estamos aqui. — Falou pelo rádio comunicador.
No mesmo instante Brenda apareceu dirigindo um mini ônibus azul escuro do Cruel. Kaylee pulou pra fora assim que o veículo parou começando a embarcar as crianças.
— Gally cadê o Thomas? — Perguntou.
Gally a olhou de modo estranho.
— Pensei que estava com você.
A expressão de felicidade no rosto de Kaylee foi logo substituída por preocupação. Ela sentiu novamente tudo ao seu redor girar e sua visão desaparecer por alguns segundos. Brenda a ajudou a permanecer de pé.
— Fiquem aqui, eu vou procurá-los.
— Eu vou com você. — Disse Kaylee.
— Eu acho que você não esta bem pra ir e nem esta vestido de acordo. — Gally disse.
— A única coisa que me importa agora é achar o Thomas, então não tente me convencer a ficar. — Respondeu irritada.
Gally revirou os olhos e acenou com a cabeça finalmente concordando em levar a garota com ele.
— Toma cuidado, Kaylee. — Brenda a abraçou e colocou um moletom com capuz sobre os ombros dela.
A garota correu atrás de Gally escondendo seus cabelos avermelhados dentro do capuz tentando passar despercebida pelos guardas.
×××
De volta ao prédio principal, Thomas e Newt correram pelos corredores verificando cada uma das salas a procura de Minho.
Ao virarem um corredor, Thomas viu Ava Paige parada olhando diretamente pra ele com espanto. Os olhos dela olharam ao redor como se estivesse a procura de alguém e Thomas sabia exatamente quem ela procurava.
As falas de Janson no elevador junto com os acontecimentos do labirinto e do deserto apareceram como fleshs em sua mente e sem nem pensar ele sacou sua arma apontando pra ela.
— Thomas cuidado! — Newt gritou.
O loiro agarrou os ombros do amigo e o puxou pra correr, Janson estava atrás deles disparando várias balas contra eles.
— Minho!
Thomas gritava o nome do asiático em meio aos gritos das pessoas ali presentes, eles continuaram correndo e atirando nos guardas que apareciam. Newt pegou uma pequena bomba que estava no chão e jogou na direção dos guardas, fazendo eles tomarem choque coletivo quando a bomba explodiu.
— Essa foi boa. — Thomas sorriu.
Os dois voltaram a correr gritando o nome do asiático e ao virarem o próximo corredor eles deram de cara com outro guarda.
— Vocês dois pro chão agora, eu mandei...
O guarda foi interrompido por Minho que apareceu do nada e chutou o homem para a parede o fazendo desmaiar.
Thomas e Newt o puxaram pra um abraço apertado, quando se separaram, Minho os olhou como se tivesse visto um fantasma.
— Isso é real? — Perguntou.
Thomas riu e bagunçou o cabelo do amigo.
Mais guardas apareceram nos corredores fazendo o trio correr e se esconder em uma sala. Newt rapidamente trancou a porta.
Thomas se aproximou da enorme janela de vidro e olhou pra baixo avistando a grande fonte de água lá embaixo.
— Alguma ideia? — Perguntou Minho.
— Talvez. — Respondeu.
Os três pegaram uma mesa de metal que estava no canto da sala e jogaram na direção do vidro o quebrando facilmente. Os três olharam pra baixo vendo a mesa cair dentro da fonte.
— É, dá pra pular. — Disse Thomas.
— Tem certeza? — Perguntou Minho.
— Obvio que não. — Respondeu.
– Nos deixou super inspirados. – Disse Newt.
Os três se afastaram da janela e se prepararam fisicamente e mentalmente para pular.
Os guardas conseguiram destrancar a porta e entraram aos gritos na sala com as armas apontadas. Thomas puxou os amigos e pulou da janela, eles gritaram e continuaram gritando até que finalmente atingiram a água.
Os três tiraram a cabeça da água e olharam pra cima, Janson os observava lá de cima com muita raiva. Thomas mostrou o dedo do meio pra ele e saiu da água.
Assim que eles saíram da água, quatro guardas apareceram apontando armas pra eles. Thomas suspirou irritado.
— Não se movam! — Gritou um deles.
Derrepente o guarda que estava no meio se revoltou e atirou nos dois que estavam a sua direita, o último guarda foi atingido na cabeça por uma bala que veio da esquerda.
Os três olharam na direção em que a última bala veio e avistaram Kaylee caminhando graciosamente na direção deles com um sorriso inocente nos lábios.
— Isso foi demais! — Ela gritou animada.
A ruiva se aproximou do trio, ela faz um high-five com Newt e depois puxou Thomas para um beijo apaixonado.
— Você não deveria estar aqui. — Thomas sussurou pra ela quando se separaram.
— Eu gosto do perigo. — Ela sorriu.
O guarda que havia se revoltado tirou o capacete revelado Gally. Thomas revirou os olhos enquanto Minho o encarava totalmente assustado e confuso.
— Gally? — Ele perguntou assustado.
— Minho. — Gally deu um aceno de cabeça.
Ele olhou pra cima e depois pra fonte.
— Vocês são malucos. — Disse saindo.
Kaylee, Thomas e Newt olharam para Minho vendo a expressão assustada e confusa no rosto do asiático.
— Explico depois. — Disse Thomas.
Ele e Newt se distanciaram deixaram Kaylee e Minho sozinhos. A ruiva se aproximou do asiático e o puxou para um abraço apertado.
— Bem-vindo de volta, idiota.
— É bom te ver, mimadinha.
Os dois correram atrás dos outros. Kaylee se escondeu atrás de um arbusto junto com Gally e Thomas quando um carro do Cruel passou procurando por eles.
— Eles ficaram bravos. — Disse Gally.
Newt começou a ter uma crise de tosse provavelmente causada pela infecção do fulgor. Kaylee e Thomas se entreolharam preocupados.
— Ei, iremos conseguir. — Disse Gally.
— Tomara. — Respondeu Kaylee.
Thomas começou a tirar o uniforme do Cruel jogando as peças no chão e ficando com suas roupas normais.
— Precisamos achar a Brenda.
Kaylee acentiu. Thomas terminou de tirar o uniforme e entrelaçou sua mão na dela e a puxou com ele em uma direção aleatória.
Kaylee olhou pra trás vendo Minho e Gally ajudarem Newt a se levantar, o mau pressentimento ainda estava presente em seu peito e ela temia que algo ruim pudesse acontecer e de fato algo ruim iria acontecer.