Alguns meses depois.
O jipe velho e desbotado passou voando pelas estradas do deserto, o baralho do trem indicava que estavam atrasados. Vince pisou no acelerar prestando total atenção na estrada enquanto Thomas gritava com Brenda pelo rádio comunicador.
— Brenda, estamos atrasados destraiam eles!
O jipe subiu nos trilhos a poucos centímetros da traseira do trem, Vince pisou ainda mais no acelerador tentando chegar mais perto do trem.
— Isso é loucura, Thomas!
Thomas não respondeu, ele apenas tirou o cinto de segurança e saiu pela porta do passageiro indo parar no capô do carro, que ainda estava em movimento. Ele pegou o gancho preso ao carro e tentou colocá-lo no trem, mas ainda estava muito longe.
— Aproxima mais! — Gritou para Vince.
O mais velho fez o que foi pedido e pisou novamente no acelerador, a velocidade do carro aumentou duas vezes mais fazendo com que o corpo de Thomas quase fosse derrubado de cima do carro.
Assim que consegui prender o gancho no trem, Thomas subiu no trem vendo a corda presa ao gancho começar a se distanciar.
— Anda, Vince!
Vince saiu do carro ainda tentando manter o controle do carro. Ele pulou no capô exatamente como Thomas fez anteriormente, mas uma das rodas acabou se soltando fazendo o homem cair de cara no capô sujo.
— Vince! Pula!
Vince pulou, e no exato momento que fez isso, a corda se desprendeu e o jipe voou longe. Os joelhos do homem estavam sendo arrastados pelos trilhos lhe causando uma dor absurda. Thomas o pegou pela gola da camisa o botando de pé ao seu lado.
— Merda, um berg. — Vince apontou para a gigantesca nave do Cruel que se aproximava do trem.
— Brenda! Temos companhia! — Thomas gritou no rádio comunicador.
Bombas começaram a ser disparados da nave provavelmente na direção do carro em que Brenda e Jorge estavam.
— Thomas, agora é com você, e pelo amor da Kaylee, não morra! — Brenda gritou pelo rádio comunicador.
— Boa sorte! — Respondeu.
Thomas e Vince subiram pelas escadas do trem até o teto, assim que chegarem lá em cima, virão que vários guardas do Cruel vinham na direção deles com várias armas apontadas pra eles. Os dois desceram por outra escada tentando se esconder entre os vagões. Thomas tirou a arma da jaqueta e atirou nos guardas que apareciam na parte de cima, dando cobertura a Vince que tentava desconectar os vagões.
— Vince...!
— Se proteja!
Os dois foram para os lados do vagão protegendo da explosão que Vince havia causado. Os cinco últimos vagões foram separados do trem devido a explosão, enquanto o restante do trem parou a alguns metros dali.
Thomas olhou para o horizonte e assobiou, chamado a atenção aqueles que seriam responsáveis pela parte dois do plano.
Newt saiu de trás das pedras com uma mochila nos ombros, Kaylee apareceu ao lado dele segundos depois, seus cabelos avermelhados estavam amarrados em um rabo de cavalo e brilhavam a luz do sol.
Os dois correram até onde estavam os vagões, Kaylee deu a volta encontrando Thomas batendo na lateral do vagão e gritando o nome de Minho. Os gritos dos adolescentes lá dentro atrapalharam muito, mas com um pouco de concentração, eles conseguiram reconhecer os gritos do asiático.
— É esse. — Kaylee disse a Newt.
O loiro colocou os óculos de proteção e começou a desconectar aquele vagão dos outros. Kaylee se aproximou de Vince e Thomas olhando pra mesma direção que eles. Os guardas do Cruel estavam vindo correndo na direção deles.
— Merda, vai ser por pouco. — Disse Vince.
Vince e Thomas subiram no vagão amarrando cordas nas laterais, Newt estava embaixo usando um maçarico para cortar o que prendia o vagão. Kaylee estava ao seu lado dando pulinhos de ansiedade.
— Newt, como esta aí? – Perguntou Thomas.
— Não me apressa. — Respondeu o loiro.
Tiros começaram a ser disparados na direção deles, Vince desceu para dar cobertura a Newt enquanto Thomas atirava lá de cima.
— Agora seria uma ótima hora pra você me dar uma arma, Vince. — Disse a ruiva.
Vince a olhou de relance.
— Ja conversamos sobre isso, eu so vou te dar uma arma, quando realmente provar que pode ter uma arma.
Kaylee gemeu de frustração.
— Olha, vamos fazer assim, você me dá uma arma agora pra eu ajudar a acabar com eles e quando voltarmos pro acampamento, eu devolvo pra você.
Vince suspirou mas mesmo assim entregou a outra arma que estava em seu casaco para a ruiva.
— Quero ela de volta assim que pisarmos no acampamento. Agora vai lá pra cima com o Thomas e consiga um pouco da sua vingança.
Kaylee sorriu e correu até o teto do vagão se abaixando ao lado de Thomas. Ela ignorou os olhares que ele deu a ela e começou a atirar. Com muita concentração e raiva envolvidos, ela atirou em todos eles.
Newt apareceu ao lado de Thomas enquanto mais balas foram disparadas contra eles, o casal continuou atirando enquanto o loiro olhava desesperadamente pro céu a procura dos outros.
— Onde eles estão? — Thomas perguntou.
O barulho do berg foi ouvindo por todo deserto e logo a nave gigante apareceu acima deles.
— Finalmente. — Sussurou Kaylee.
Thomas pegou o gancho que descia da nave e encaixou no meio das cordas. A nave começou a se afastar tirando lentamente o vagão do chão. Os tiros continuaram a ser disparados tanto da parte do Cruel, como da parte de Kaylee.
Assim que o vagão já estava distante do chão, todos guardaram as armas e comemoraram. Thomas abraçou Kaylee enquanto os dois soltavam gritos de comemoração.
×××
Assim que a porta do vagão foi aberta, Thomas e Kaylee entraram lado a lado, os adolescentes se encolheram em seus acentos parecendo assustados.
— Fiquem tranquilos, estão todos salvos agora. — Kaylee os tranquilizou.
Ao longe ela avistou Aris e Sonya sentados juntos, os braços de ambos estavam amarrados por correntes presas ao teto, Aris tinha um olho roxo e Sonya chorava. Kaylee correu até eles e os abraçou, Harriet veio logo atrás dela e fez o mesmo.
Thomas procurou por todo o vagão, havia varias pessoas ali, tanto meninas quanto meninos. Mas nenhum deles era Minho.
×××
Todos os adolescentes já haviam sido libertos e alimentados. Vince convocou uma reunião para dar as boas vindas.
— Eu sei que todos vocês passaram por um inferno, eu queria poder dizer que os problemas acabaram, mas ainda não chegamos ao fim. O Cruel ainda está por aí e eles não vão desistir, por que vocês tem uma coisa que eles querem, vocês são imunes a uma praga que está devastando o mundo inteiro. Eles acham que vale a pena sacrificar vocês pra conseguirem uma cura, eu discordo. Daqui a dois dias, quando fizermos aquele barco funcionar, vamos dar o fora daqui. Vamos pra um lugar onde Cruel nunca nos encontrará...
Thomas ficou encostado na parede ouvindo todo o discurso feito por Vince se sentindo mal por não terem resgatado Minho. Ele olhou ao redor a procura de uma pessoa específica, mas ela também não estava ali.
Ele saiu de onde estava e caminhou até o galpão que havia naquele lugar. Todos estavam reunidos ali, cuidando especialmente de Aris e Sonya.
Seus olhos se fixaram em Kaylee que estava sentada sobre a mesa de madeira ao lado de Brenda. Os cabelos avermelhados agora estavam soltos e caíam em perfeitos cachos pelo seus ombros até a cintura. Ela deu um sorriso triste quando o viu
Thomas se aproximou dos dois adolescentes recém resgatados entregando uma caneca de água para Aris.
— Demoraram pra nos achar, em. — Aris riu tentando animar os amigos, mas ninguém ali estava afim de brincadeiras.
— É bom te ver também, Aris. — Thomas respondeu sem humor. — O que aconteceu?
— Eu revidei. — Aris respondeu. — Ou pelo menos tentei, infelizmente não tenho todas as habilidades de luta da Kaylee.
Kaylee sorriu simpática.
— Deram sorte de nos acharem, não paramos em lugar nenhum, parecia que algo grande ia acontecer. — Disse Sonya.
— Sabem pra onde estão indo? — Perguntou Newt.
— Eles falaram sobre uma cidade.
Thomas, Newt e Kaylee se entreolharam.
— Eu pensei que não sobrasse mais nenhuma cidade. — Disse Harriet.
— É não sobrou, não inteira. – Disse Brenda.
– Onde está o Minho? Por que ele não estava no trem com vocês? – Kaylee perguntou.
Aris e Sonya se entreolharam.
— Ele estava. — Respondeu Aris.
×××
Thomas se isolou do resto do grupo assim que ouviu aquela frase sair da boca de Aris, ele tentava entender como o Cruel havia conseguido tirar Minho de dentro do trem sem que ninguém percebesse. A cada dia que se passava, mais seu ódio pelo Cruel aumentava.
Ele nem percebeu quando a porta da sala onde estava se abriu, ele so se deu conta que havia mais alguém ali quando sentiu os braços dela ao redor se sua cintura.
— Esta tudo bem? — Ela perguntou.
Thomas se virou a abraçando por completo, e relaxando um pouco quando os lábios dela tocaram sua bochecha.
— Eu so...não consigo acreditar no que aconteceu, fizemos tudo isso pra salvá-lo e falhamos. Quer dizer, fico feliz que resgatamos os outros mas...
Kaylee levantou a cabeça e afastou seu corpo do dele olhando diretamente nos olhos dele.
— Ei, fica calmo, nós vamos encontrá-lo. Nós so precisamos ter paciência e montar um plano melhor.
Thomas soltou um suspirou de frustração, Kaylee se sentou sobre a mesa de metal e puxou Thomas pra ficar entre suas pernas.
— Você precisa relaxar, Tommy.
— Eu sei so, não consigo.
Kaylee sorriu mordendo o lábio inferior.
— Eu posso te ajudar com isso.
— Como?
Kaylee não respondeu, ao invés disso ela jogou o cabelo avermelhado por sobre os ombros e começou a distribuir beijos molhados pelo pescoço dele. A cabeça de Thomas se inclinou um pouco pra trás e soltou um gemido baixo.
Kaylee parou tudo o que estava fazendo e observou com atenção cada detalhe do rosto de Thomas. Ela passou a ponta dos dedos pelos vários pontinhos espalhados pela bochecha dele, dando um leve sorriso quando ele estremeceu. Ela amava aqueles pontinhos.
Os olhos dele estavam fixos nos lábios rosados dela e sem perder tempo, ele uniu seus lábios em um beijo apaixonado mas também um tanto selvagem. Kaylee entrelaçou suas pernas na cintura dele o trazendo pra mais perto.
Thomas a tirou de cima da mesa e a levou para o canto da sala e a deitou com cuidado no colchão que havia ali. Quando o ar fez falta, Thomas desceu os lábios pelo pescoço dela dando beijos e mordidas.
Em segundos os dois ja estavam nus, gemendo os nomes um do outro e nem se impotando se alguém pudia ouvi-los.
Quando ambos chegaram ao seu ápice, Thomas conectou novamente seus lábios aos da garota em um beijo cheio de emoções, as mãos estavam entrelaçadas e seus corpos ainda estavam colados. Thomas quebrou o beijo e se jogou ao lado de Kaylee no colchão, os dois se olharam fixamente, ambos com um brilho diferente no olhar.
— Eu te amo, Kaylee.
— Eu também te amo, Tommy.
Os dois se abraçaram e depois de algumas conversas bobas, risadas e várias carícias, os dois adormeceram. Por um momento, só por um momento, eles conseguiram esquecer tudo de ruim que estava acontecendo, mas infelizmente aquele momento não duraria para sempre, mais coisas ruins iriam acontecer e eles não estavam preparados pra isso.