Eles correram pela areia do deserto ouvindo os barulho de motores e os gritos dos guardas a procura deles. Kaylee e Teresa corriam juntas na frente tentando achar um lugar seguro onde pudessem se esconder.
As duas avistaram uma abertura coberta de areia e sem pensar duas vezes as duas correram pra dentro ouvindo Minho gritar pelo nome delas. Kaylee deslizou pela areia aterrisando no chão sentindo todo seu corpo doer, ela se sentiu fraca como nunca se sentiu antes.
Os meninos desceram logo em seguida ficando lado a lado com as meninas. O lugar estava escuro, muito escuro, parecia um cenário perfeito para um filme de terror. Minho logo tratou de aceder a lanterna, que tinha na mochila que havia roubado de um dos guardas do Cruel, iluminando o lugar.
- Onde nós estamos? - Perguntou ofegante.
- Vamos, temos que sair daqui! Não podemos ficar parados! - Thomas disse desesperado começando a andar pra longe.
- Não, Thomas para! - Teresa gritou, o garoto olhou pra ela e deu meia volta. - Conta pra gente o que aconteceu.
- É o Cruel, mentiram pra gente, nós nunca fugimos, eu e o Aris vimos corpos, corpos que não acabavam mais. - Thomas explicou.
- Como assim? Gente morta? - Minho perguntou abaixado ao lado de Kaylee.
- Não, mas também não estavam vivos. Eles estavam ligados a uns tubos que saiam deles, estavam sendo drenados, tem alguma coisa dentro de nós que o Cruel quer, alguma coisa no sangue. Precisamos ir, temos que ficar longe deles. - Thomas disse.
- Então ta, qual e o plano? - Newt perguntou.
Todos olharam pra Thomas esperando pela resposta dele. O garoto balançou a cabeça, a respiração ofegante e o medo evidente em seus olhos.
- Ele não tem um plano. - Kaylee falou pela primeira vez desde que haviam chegado ali.
- Não eu não tenho. - Thomas respondeu.
- A gente seguiu você até aqui Thomas e agora você me diz que não sabe pra onde vamos e nem o que faremos!? - Newt gritou.
Um silêncio se instalou entre eles, Kaylee reuniu as forças que ainda lhe restavam e se levantou do chão, suas pernas fraquejarem e ela logo se apoiou em Teresa.
- Espera, o Janson disse alguma coisa sobre pessoas se escondendo nas montanhas. - O garoto que Kaylee não conhecia falou.
- O braço direito. Se eles estão mesmo contra o Cruel, talvez eles possam nos ajudar. - Thomas completou.
Kaylee olhou confusa de um pra outro.
- Tabom, alguém pode me dizer quem diabos é ele? - Apontou pro garoto.
- Aris, muito prazer. - O garoto sorriu.
Newt interrompeu as apresentações.
- Pessoas nas montanhas? Montanheses? Esse é o seu plano?
Kaylee percebeu a tensão entre os dois, todos ali estavam assustados e inseguros sobre o que fazer, mas por algum motivo Newt parecia ser o mais afetado de todos.
- É nossa unica chance, Newt.
Novamente o silêncio voltou.
- Gente, vejam isso. - Winston chamou.
Todos se aproximaram vendo o garoto iluminar o chão daqule lugar. Havia varias pegadas na areia que continuavam pelo corredor extenso.
- Alguem passou por aqui.
Kaylee pegou a lanterna da mão do garoto e seguiu as pegadas, os outros vindo logo atrás dela. Minho abriu uma porta que deu acesso a algum tipo de abrigo, havia colchões e roupas espalhados por todos os lados, garrafas de águas e lanternas estavam amontoados em um canto.
- Ja morou gente aqui. - Winston comentou.
- Onde estão? - Newt se perguntou.
Kaylee iluminou Thomas com a lanterna vendo o garoto pegar uma jaqueta jeans cinza e outra preta, ele jogou a preta pra ela e colocou a cinza.
- Vamos levar algumas coisas, peguem tudo que acharem útil, vamos nos separar e nos encontramos depois. - Falou.
Thomas, Aris, Minho e Winston saíram enquanto Kaylee, Teresa, Newt e Caçarola continuaram olhando as coisas naquele espaço.
Kaylee sentiu uma dor de cabeça forte e se sentou no sofá abandonado que havia ali, Teresa continuou explorando e não pareceu perceber a ausência da amiga. Ela iluminou um manequim e sem querer acabou se assustando, Kaylee se levantou e correu ate a amiga.
- Tudo bem? - Perguntou preocupada.
- Sim. - Respondeu.
Kaylee olhou pro manequim e depois para as roupas amontoadas sobre a mesa de madeira, pra sorte delas, eram todas femininas. Kaylee escolheu uma blusa branca de manga curta, uma calça jeans escura, botas de cano curto pretas e a jaqueta preta que Thomas havia jogado pra ela.
Quando terminou de se vestir, a ruiva se sentou novamente no sofá e viu uma foto jogada no chão, era uma foto de uma garotinha loira abraçada com um ursinho de pelúcia, o sorriso no rosto dela indicava felicidade. Uma alegria inexplicável invadiu o coração de Kaylee e um sorriso sincero surgiu em seu rosto.
Teresa se sentou ao lado dela analisando a foto que a ruiva tinha nas mãos.
- Ela é muito fofo.
- É sim.
Kaylee deixou a foto onde encontrou e se reencostou no sofá, as palavras de Janson se repetindo em sua mente. Novamente aquela dor de cabeça forte surgiu fazendo a garota soltar um gemido baixo.
- Você ta bem? - Teresa perguntou.
Kaylee acentiu lentamente. Teresa percebeu o olhar perdido nos olhos da amiga e com um sorriso amigável, a morena colocou uma das sobre a perna da ruiva.
- Eu quero saiba que eu estou aqui pra você se precisar de alguém pra conversar, sei que é difícil falar sobre algumas coisas, mas guardar pra você não é uma opção.
Kaylee olhou pra ela vendo a sinceradade por trás dos olhos azuis da morena. Teresa era uma boa amiga e Kaylee sentia que realmente podia confiar nela. Mas não pudia.
- E-eu so... - Kaylee gaguejou procurando as palavras certas para usar naquela conversa. - Ava Paige é minha vó, aquela vaca é minha vó, sabe o quão horrível isso é? Eu sou neta da mulher que criou o grupo que quer nos matar.
- Eu sei o que esta pensando, Kaylee, mas você não é como ela. - Teresa disse.
- Acho que ela matou a minha mãe.
Teresa a olhou confusa.
- No meu primeiro dia na clareira, eu desmaiei e tive um sonho, a Ava apareceu nesse sonho junto com uma mulher chamada Cassandra, acho que ela era minha mãe, no sonho as duas brigavam...
- Brigavam por que?
- Eu não sei direito, eu era pequena e não entendia nada, mas acho que elas estavam brigando por causa de nós. - O olhar confuso no rosto de Teresa obrigou Kaylee a continuar a história. - Parece que minha mãe era contra as coisas que o Cruel e a Ava faziam, ela queria nos proteger. Elas discutiam sem parar e quando minha mãe se recusou a me entregar pra Ava, alguém atirou nela. Alguem atirou na minha mãe.
A essa altura lágrimas desciam sem controle pelo rosto da ruiva, Teresa sem saber o que fazer, apenas envolveu a garota em um abraço.
Derrepente as luzes daquele lugar se acenderam, Kaylee e Teresa se afastaram assustada e olharam ao redor. Kaylee limpou as lágrimas e saiu a procura de Newt e Caçarola.
- O que ta acontecendo? - Perguntou assim que os encontrou.
Os dois olharam pra ela sem saber responder, Aris e Winston se juntaram a eles segundos depois também não fazendo ideia do que estava acontecendo.
Ao longe, Kaylee ouviu os gritos de Thomas e Minho, ela olhou pra todos os lados procurando por eles, e viu os dois aparecerem correndo com várias pessoas atrás deles.
- Corram! - Thomas gritou.
Kaylee ficou parada no mesmo lugar tendo um déjà Vu de quando enfrentou um verdugo pela primeira vez, mas aquelas coisas não eram verdugos, eles eram um humanos ou pelo menos pareciam.
- Vem, Kaylee! - Thomas puxou o braço dela quando passou a empurrando pra correr na frente deles.
Eles correram pela escada do shopping ouvindo os barulhos horríveis que aquelas coisas faziam bem atrás deles. Kaylee gritou quando um deles surgiu do nada e atacou Newt o jogando no chão. Thomas foi rápido e chutou a criatura a fazendo atravessar o vidro da escada e cair varios metros de altura ate o chão.
Eles voltaram a correr, as criaturas chegando cada vez mais perto. Minho puxou todos eles para um corredor estreito que deu em uma porta trancada.
- Merda. - Kaylee murmurou quando as criaturas viraram o corredor atrás deles.
- Eu atraso eles! - Winston sacou a arma e começou a atirar em cada um deles.
Os meninos chutavam e empurravam a porta varias vezes tentando abri-la mas nada adiantava, as criaturas chegando cada vez mais perto.
- Ah, meninos, eu não estou afim de morrer aqui, então se vocês poderem por favor abrir essa porta eu agradeceria demais! - Kaylee disse em um tom irônico.
Incentivado pela fala irônica da garota, Caçarola tomou impulso e deu um baita chute na porta finalmente a abrindo.
Todos saíram pela porta, Winston ficou por último e conseguiu ser pego pelas criaturas que fizeram um corte enorme em sua barriga por conta das unhas grandes, o garoto gritou de dor.
Kaylee, Thomas e Minho tentavam segurar a porta impedindo a passagem das criaturas, mas elas eram fortes, muito fortes.
- Minho, corre estamos logo atrás.
Minho saiu correndo e Kaylee agarrou a mão de Thomas o puxando com ela, deixando a porta atrás deles se abrir e as criaturas voltaram a persegui-los.
Eles finanalmente conseguiram achar um lugar seguro, embaixo de uma pedra enorme, para se esconder das criaturas. Eles ficaram em silêncio enquanto ouviam os gemidos horripilantes que saiam da boca dos mortos vivos.