Cicatriz

Від MelindaInu

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"-Suas cicatrizes queimam, a minha formiga, dói. Mas quando você toca nela -A pele se acalma? -Sim -É o mesmo... Більше

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19 - Shoto

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Від MelindaInu

Voltamos juntos para nossas casa, caminhando perto, mas sem nos tocar. Foi uma sábia decisão, pois o ruivo mal humorado estava o esperando no portão da sua casa.

Shoto correu para dentro de casa sem me olhar. Assim que passei por ele, Enji segurou o meu pulso com força, me parando no lugar.

—O que pensa que está fazendo com meu filho?

—Ele só me indicou o caminho até aqui, a cidade mudou bastante desde que me mudei, sabe?

—Não tente colocar suas ideias nojentas na cabeça dele. Seu pai deveria ter te internado, seu doente!

—Acho bom soltar o meu braço! Esqueceu quem eu sou? Um artigo meu pode destruir sua carreira política em Konoha! Fique longe de mim!

Enji se afastou alguns passos e eu caminhei de volta para a casa da minha mãe, sem olhar para trás. Me permiti desabar apenas quando estava fora da sua vista.

Consegui dormir apenas quando Shoto me mandou uma mensagem dizendo que estava bem, e só acordei quando minha mãe bateu na porta, avisando que eu tinha visita. Desci as escadas, ajeitei um pouco o cabelo. Revirei os olhos quando vi o policial parado na entrada da casa da minha mãe.

—O que foi, Bakugou?

—Aizawa pediu para você ir na delegacia hoje, se possível.

—Veio aqui só por isso? — Ele só deu de ombros -Irei depois do almoço, obrigado.

—Estou sozinho, posso te dar uma carona.

Notei sua inquietação antes de notar seus olhos fixos nos meus braços cruzados, estava com uma camisa de mangas curtas. Eu odiava aquele olhar de pena.

—Não, eu vou depois.

Ele segurou no meu pulso e me impediu de voltar para o conforto da casa — Izuku, sobre domingo...

—Por favor, não comece .

—Eu só queria dizer que... pode não ter significado nada para você, mas para mim significou. 

Antes de conseguir dizer alguma coisa, ele se aproximou como se quisesse me beijar. Reagi rápido e o empurrei para longe, quando virei para entrar na casa, pude ver Shoto parado na porta da sua casa nos observando.



—Midoriya, você gosta de causar problemas?

Esse foi o comprimento de Aizawa quando entrei na sua sala, pouco depois do almoço. Sentei na sua frente, cruzei as pernas e tentei relaxar.

—O que eu fiz dessa vez?

—Você irritou o prefeito, eu não acredito que você ameaçou escrever um artigo negativo dele!

—Em minha defesa, aquele idiota me ameaçou primeiro.

—Você não tem amor a própria pele — De fato eu não tinha — E ainda por cima conversou com os filhos dele!

—Que eu saiba todos são maiores de idade, não cometi nenhum crime.

—Merda... Você é mais ousado do que Nezu me avisou. Olha, eles querem te processar por invasão de privacidade e um monte de coisas.

—Não se vai longe no meu ramo sem processos na costas.

Ele abaixou e balançou a cabeça em negação. Eu não sabia se ele gostava de mim ou me odiava, mas apostava na primeira pois podia jurar que vi a sombra de um sorriso no seu rosto

—Só te peço para tomar cuidado com o que pergunta por aí, mais da metade da cidade apoia aquele homem e estão sempre buscando cair na sua graça. A outra metade se treme de medo dele.

—Vou me lembrar disso, e sinceramente me perdoe por te causar problemas, Aizawa.

—Deixa pra lá, valeu a pena ver aquele brucutu irritado soltando fogo pelo nariz.

Ele falou aquilo com uma simplicidade que eu não sabia dizer quem gargalhou primeiro, só sabia que no final estava nós dois com lágrimas nos olhos de tanto rir.

—Parece que não gosta dele.

—Oficialmente?

—Sim.

—Ele é um excelente prefeito e realmente se preocupa com a cidade.

—E extra oficialmente?

—Aquele cara é um idiota. Quer sempre ser o melhor em tudo, sempre ter a razão. Acho que processaria quem dissesse que ele deixa a torneira aberta ao escovar os dentes.

—Sujeito simpático — Ironizei — Você suspeita dele?

—Oficialmente? Jamais. Extra oficialmente? Sem dúvida alguma. Ninguém é tão perfeito quanto ele tenta mostrar ser.

—Quantas pessoas têm acesso às câmeras de trânsito?

—No máximo dez — Respondeu confuso.

—Elas foram investigadas?

—Sim, mas não deu em nada. Por que?

—Se alguém conhecesse os pontos cegos, saberiam como andar pela cidade sem ser visto. 

—Como você...

—Dedução — Dei de ombros, escondendo meu pequeno crime — Se qualquer pessoa estivesse rondando a casa dos Todoroki's, acredito que ele teria investigado até sua árvore genealógica, e bem, em cidades pequenas essas coisas não passam despercebidas.

Aizawa ficou olhando sério para mim por longos minutos, tanto que senti outra vez a insegurança de ser subestimado. No fim, descobri estar errado.

—Você está no ramo errado, garoto problema. Seria um ótimo detetive com essa mente cheia de ideias.

Sorri com seu elogio, mas não tive forças para agradecer. Resolvi mudar de assunto — Eu conheci o Yamada, ele comentou que vocês foram colegas de escola.

—Acredito que não foi apenas isso que aquele escandaloso comentou.

—Não. Ele me mandou as fotos dos hematomas do Toya. Como diabos você não conseguiu fazer nada? Em um das fotos dava para ver perfeitamente a fivela de um cinto.

—Me pergunto isso todos os dias Midoriya, acredite.

—Poderia me explicar?

—Ele deve ter cobrado um favor do meu superior, eu era só um detetive sem nome na época, no começo da carreira. Não tinha amigos, não tinha contatos, duas coisas que ele tem de sobra. Meu sargento disse que eu estava vendo coisas, que eu não deveria me meter com ele ou iria perder o emprego. Vendo hoje como as coisas acabaram, eu deveria ter feito mais.

O moreno parecia cansado, tão derrotado quanto Yamada pareceu no dia anterior. Tentei me colocar no lugar dele, incapaz de ajudar uma criança que estava sofrendo e não gostei do aperto no peito que eu senti. A raiva não deveria ser direcionada a ele, não seria justo da minha parte. Resolvi usar um pouco seu remorso ao meu favor.

—Aizawa, fale comigo, eu não estou conseguindo entender nada, não consigo ser objetivo. Oficialmente ou não, me dê um rumo para seguir.

Aizawa pensou um pouco, espreguiçou-se e afundou na cadeira — Tudo bem — Ele cedeu — Haviam boatos que o garoto, Toya, era homossexual. Sua mãe tratava de depressão escondida do marido e se culpava muito pela perda do filho, a cidade toda sabe dessa parte. Enji mal fala do filho e na casa dele não há nenhuma foto do garoto, é como se ele tivesse sido apagado totalmente da vida deles. Por que uma mãe se sentiria em dívida com o filho homossexual?

—Remorso ou culpa.

Eu podia dizer aquilo com propriedade.



Minha mãe sentia remorso por tudo que me aconteceu. No primeiro ano depois que tudo estourou, ela sempre ficava inquieta perto de mim, lamentava ver meus braços - única parte do meu corpo que eu mostrava, pois ela desabou em prantos quando precisou trocar meus curativos.

Nos próximos anos, quando ela ia me visitar em Konoha eu me sentia ao lado de alguém em luto, ela sempre parecia tomar cuidado com as palavras, com medo de usar qualquer termo que pudesse trazer a tona as lembranças, tanto por mim quanto por ela mesma.

Veja bem, minha mãe não sofria a perda do filho hétero que um dia chegaria em casa com um bela jovem para lhe apresentar como namorada. Ela não sentia muito por nunca ter a chance de entrar abraçada a mim numa igreja enfeitada com tules e flores, caminhar ao meu lado até a mesma bela jovem vestida de branco imaculado. Minha mãe não sofria o luto por nunca ver um menino com os olhos  verde como os dela ou uma menina de vestido xadrez vermelho e branco lhe chamar de vovó.

Minha mãe sentia luto por ter perdido o filho alegre que sempre sorria e lhe abraçava, o filho que tinha olhos brilhantes e pele marcada unicamente por sardas e nada mais. Minha mãe sofria por não ter me dado um lar seguro. Por ela, eu tentava sorrir mais, pelo menos em sua presença.

Foi por isso que me senti extasiado em ver como ela está alegre agora. Cheguei em casa depois de passar a tarde conversando sobre casos famosos com Aizawa numa lanchonete perto da delegacia. Assim que entrei pude ver seus olhos luminosos e sorriso sincero enquanto ela rodopiava na sala como uma menininha exibindo o vestido novo.

—Está linda, mamãe! 

Ela girou outra vez nos saltos médios pretos, balançando a saia godê do seu vestido roxo e os cabelos verdes e sedosos pelos ombros. Toshinori apareceu em seguida, os dois dançaram breves segundos uma música silenciosa, só deles. Depois de sorrirem um para o outro, ela virou para mim.

—Tem certeza que não quer vir, meu filho?

—Tenho, é o aniversário de namoro de vocês, eu só iria atrapalhar. Aproveitem os planos.

—Não sei se fico confortável em te deixar sozinho...

—Eu vou trabalhar um pouco e dormir. Não cancelem o encontro de vocês só por minha causa.

—Tudo bem querido, tenha uma boa noite.

—A senhora também — Beijei sua face corada e apertei a mão do loiro — Cuide direito dela, Toshinori!

—Farei isso meu jovem. Nos vemos amanhã à noite. Ah! Tenho mais daquele bourbon que você gostou. Está na dispensa, fique à vontade.

—Obrigado, Toshinori.

—E se for trazer o Shoto aqui, lembre-se do que eu pedi — Minha mãe falou ao passar pela porta.

—Shoto? O nosso vizinho, o jovem Shoto?

—Eles estão ficando casualmente — Minha mãe fez aspas com as mãos na última palavra. Toshinori me olhou com um sorriso... quase paternal.

—A reserva de vocês não tem horário?

Eles riram da minha expressão envergonhada e saíram, me deixando queimando de constrangimento apoiado do lado de dentro da porta.



Foquei minha atenção no notebook, voltando a olhar as câmeras de trânsito, tentando achar alguma coisa que pudesse clarear minha mente e me dar um rumo melhor. Não achei nada do ano que Toya desapareceu, não achei nada de útil. Cogitei em seguir os passos de Rei, mas seria complicado e pelo pouco que eu vi, não parecia dar em nada. Sua rotina parecia ser a mesma há anos.

Pouco mais de uma hora após a saída deles para um jantar no outro lado da cidade, recebi uma ligação do Shoto.

—Oi, Batsy.

—Oi gatinho! Estou atrapalhando?

—Não, eu terminei de olhar as câmeras de trânsito agora mesmo.

—Como você conseguiu o acesso?

—Dei um jeitinho — Eu sorri mesmo que ele não pudesse me ver.

—Estou impressionado, Izuku.

Fugir de elogios é um costume e com naturalidade, mudei de assunto— Como foi seu dia?

—Hoje tive as piores aulas com os piores professores.

—Sinto muito por você, Sho.

—Deveria sentir mesmo, foi um pesadelo — Resmungou e me fez sorrir outra vez.

—Precisa relaxar um pouco.

—Por isso eu te liguei, gosto de conversar com você, sua voz é calma, e da última vez que te vi mal conseguimos conversar.

—Está reclamando?

—De jeito nenhum — Eu ri do ênfase que ele deu a sua resposta.

Fechei o notebook e me estiquei na cama, relaxado depois de ouvir sua voz. Continuei falando sem pensar muito — Você quer vir em casa? Mamãe saiu com o Toshinori, eles só voltam amanhã.

—Sério?

—Se não quiser por causa do seu pai...

—Quero, já estou indo.

Foi só depois da sua resposta que percebi que tinha o chamado para ir ali, eu realmente fiz aquilo. Minha mãe disse que não ligava, a casa era dela, afinal. Mesmo assim eu me senti como se estivesse fazendo algo imoral, como um adolescente aproveitando a saída dos pais para dar uma festa.

Eu gosto da companhia dele, é só isso, tentei me convencer. Ele não tocou o interfone, preferiu mandar uma mensagem avisando que chegou. Corri para o portão e quando o vi, senti o rosto esquentar.

—Você tinha planos de sair? Está muito bonito, Shoto.

—Não, eu só coloquei qualquer coisa.

Ele coçou o rosto um pouco constrangido quando passou pelo portão, e quando vi a sarja preta da sua bermuda envolvendo suas coxas grossas senti meu rosto esquentar mais. Ele estava com uma camiseta simples, um tom claro de azul, um tênis também simples, e estava lindo

—Desse jeito eu vou trocar de roupa.

Ele entrou na casa primeiro, e quando eu fechei a porta vi ele olhando a pele exposta na minha perna pelo shorts largo e um tanto curto de elástico que em nada combinava com minha camisa de botões. Me aproximei dele e puxei seu rosto para baixo, gostava muito do fato dele ser mais alto que eu. Ele se curvou sobre mim, forçando minhas costas para trás durante o beijo. Ele tocou a minha coxa e subiu para dentro da perna do meu shorts e apertou minha nádega

—Gostei do seu shorts, Izuku.

—Safado.

—Culpa sua — Ele disse e fez um biquinho, não resisti e o mordi brevemente.

—Minha? — Fingi indignação e cruzei meus braços. Shoto em nada se abalou.

—Sua, e desse shorts largo que me deixa te tocar onde eu quiser.

—E onde você quer tocar?

Ele sorriu e me beijou de novo, não sem antes eu ver suas orelhas vermelhas. Era divertido provocar ele, era excitante testar os seus limites, acho que nunca tive um relacionamento assim. Sempre procurei meus parceiros longe do meu círculo limitado de amizade para evitar todos esses sentimentos, mas preciso admitir, aquele relacionamento novo com ele era muito bom.

—Não vai me responder?

—Quem sabe mais tarde.

Ele ergueu uma sobrancelha para mim e sorri, um sorriso de verdade.

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