"Eu não consigo entender como você está realmente indo encontrar com aquele barista ridículo. Só porque é bonitinho acha que é melhor que todo mundo? Ele é um palhaço."
Sophie decidiu que odeia o Harry simplesmente porque ele não caiu na dela. O que ele fez de errado? Ela disse que estava com frio, ele sugeriu a ela que colocasse um casaco.
Talvez ela devesse aceitar que nem todos os homens querem ela. "Supera, ele não quis transar com você, vida que segue."
"Só diz isso porque ele se interessou por você." Ela fala, tirando a blusa e a calça e entra no nosso banheiro. "Não sei como, ele poderia ter tudo isso aqui e escolheu a irmã menos bonita."
"Cala a boca." Resmungo e ela bate a porta. "Talvez ele prefira pessoas com personalidade do que garotas fúteis como você!"
A pequena Riley está olhando toda essa situação e só fala quando eu reviro exageradamente os olhos. "Eu odeio ficar no quarto de vocês. Em Londres, cada um tinha seu quarto e eu não tinha que ficar ouvindo vocês duas salafráias."
"Nem sabe o que isso significa." Dou risada e a minha irmã dá de ombros. Eu sei que ela está tendo um tempo difícil tentando se ajustar a ficar no mesmo quarto que eu e Sophie. Eu nunca briguei tanto com ela quanto nesta última semana, mas é aquela coisa normal de irmãs. Em poucos minutos já estaremos bem.
"Pega um shampoo novo para mim, por favor?" Sophie pede, o tom de voz normalizado, e eu sei que está tudo bem. Sophie é insuportável, eu sei, mas eu também não deixo ela me tratar mal, então eu nem ligo quando brigamos, sempre acaba rápido.
"Você vai beijar o Harry?" Riley pergunta. Eu dou de ombros. Não sei se vou beija-lo ou não. Depende de como as coisas forem! Não quero nada sério. Se ele quiser ficar comigo, pode acontecer, sei lá. "Ele vai pagar pelo meu sorvete se vocês namorarem?"
"Se eu namorasse o Harry" o que não vai acontecer, "Ele pagaria sorvete para mim e não para você."
"Mas ele ia pagar sorvete para mim e Oliver na praça se tivesse levado dinheiro!" Ela exclama, eu não continuo o assunto. "Very, você acha que ele percebeu que o Oli tem probleminha?"
"Por que você se importa se Harry percebeu que nosso irmão tem síndrome de Down? E não fale probleminha, não há nada de errado com ele."
"Você entendeu." A pequena resmunga. Eu entendi o que ela quis dizer, mas eu preciso fazer essas correções nela, para crescer e entender melhor as coisas e como se referir à condição do nosso irmãozinho. "É só que... Não sei. O namorado da Sophie não gostava muito do Oliver por causa disso. Eu não quero que você namore Harry e ele trate nosso irmão mal!"
"Riley, você se preocupa com cada coisa. É claro que não vou ter um namorado que trate alguém mal, principalmente o Oliver. Eu quero alguém que trate todo mundo com gentileza." Me sento na cama com a menina. "Além do mais, Sophie é uma mala sem alça, mas ela terminou com aquele menino assim que percebeu que ele estava sendo grosso com nosso irmãozinho. Eu sei que você se preocupa com o comportamento das pessoas com Oliver, mas não precisa, não enquanto estivermos aqui, cuidando dele. E de você também! Coitada da pessoa que te tratar mal, eu acabo com ela."
Riley dá uma risada. "E a coisa de tratar as pessoas com gentileza?"
"Aí a gente esquece isso e faz do meu jeito." Sorrio, arqueando as sobrancelhas. "Agora me fale, estou bonita?"
"Sim, Harry vai se apaixonar. Eu adoro ele... Foi tão legal comigo mesmo depois de eu soltar um cachorro que poderia ter matado ele..."
"Não exagere, o cachorro não poderia matar ninguém!" Dou risada. "E sim, Harry é bem legal, mas não quero que crie expectativas sobre isso. Não estou indo à um encontro, vou apenas vê-lo tocando e beber alguma coisa com ele."
"Mas e se ele quiser te beijar?"
"Se eu quiser, beijo ele também."
"E se ele quiser e você não?"
"Então não o beijo."
"E se você quiser e ele não?"
"Então não o beijo." Simplesmente.
"Entendi." Riley sorri levemente. "Gosto que Harry vai ser seu namorado agora."
"Ele não vai ser meu namorado coisa nenhuma, já expliquei." Me levanto da cama, ajustando minha roupa. "Eu vou embora. Não veja Hannah Montana sem mim! Estamos vendo juntas."
"Ok." Ela bufa, cruzando os braços, e eu saio do meu quarto, pegando minha bolsa antes de sair de casa e andar até o bar.
Eu ajusto meu casaco, sentindo meu corpo congelar mesmo com vários suéters sendo usados ao mesmo tempo. Eu entro no bar e agradeço aos céus por eles terem aquecedor aqui. Há uma banda organizando seus instrumentos e avisto Harry conversando com um homem, que parece ser seu chefe, antes preparar a bateria com um outro rapaz.
"Posso ajudar?" Um garoto loiro, mais ou menos da minha idade, me pergunta quando me sento no balcão e não peço nada para ele, que acredito ser o bartender que está atendendo hoje ao invés do Harry. Há um crachá em sua roupa, está escrito que se chama Niall.
"Ah, sim, obrigada. Eu gostaria de pedir uma porção de batata frita e também uma... O que é isso?" Coloco o dedo sobre uma das bebidas do cardápio.
"Ah, é caipirinha. É de algum país latino. A gente faz aqui, é um sucesso." Ele fala e eu afirmo. "Quer experimentar?"
"Pode ser!"
"É por conta da casa, Horan." Escuto uma voz familiar e tomo um pequeno susto ao ver que é Harry que está ali. "Vou pagar uma bebida à Ray."
"Ah, essa é a garota?" Niall pergunta e eu me pergunto porque Harry comentou de mim, ou se eu de fato sou a garota.
"Vai preparar a bebida, Horan." Harry praticamente expulsa o amigo de perto de nós e eu estou com um sorriso neutro. "Você veio."
"É, eu resolvi ver se a banda é boa." Dou de ombros e ele sorri. "Não precisa pagar bebida para mim."
"Eu quero fazer isso." Ele sorri, e eu agradeço. "Daqui a pouco eu vou cantar e eu estava pensando em te apresentar algumas pessoas para que você não fique sozinha durante esse tempo."
"Ok." Vai ser legal conhecer alguém aqui. Eu sinto muita falta dos meus amigos de Londres e honestamente vou enlouquecer se passar o tempo inteiro sempre com minha família.
Niall entrega a bebida para mim e eu agradeço. Harry está me olhando quando experimento a tal da caipirinha, e eu fico boquiaberta quando descubro que é uma delícia. "Isso é tão bom."
"Eu avisei!" Niall se orgulha da bebida que preparou e damos um high-five. Harry está sorrindo e eu retribui o olhar caloroso que ele está me enviando. "Não vai me apresentar à garota, Harry?"
"Eu sou a Verônica." Não preciso que Harry me introduza. "Mas não me chame de Verônica, por favor, me chama de qualquer outra coisa."
Niall dá risada e fala. "Como é que você a chama, Harry? Ray?"
"Não, esse apelido é só meu para ela." Harry brinca, defendendo a forma que me chama como se fosse um apelido revolucionário. Niall e gargalhamos. "Ray, vamos? Vou te mostrar os meus amigos. Valeu, Horan."
"Não é nada. Foi um prazer... Não-Ray." Niall fala e eu sorrio, acenando. Harry pousa a mão nas minhas costas e eu finjo que não percebi isso, mas gosto da sensação.
Harry aparece na frente da mesa onde cinco jovens estão juntos e eu tenho a sensação de que já os vi antes. Eram as pessoas que fumavam na praça, enquanto Harry andava de skate e toda aquela desgraça aconteceu. Não sabia que ele estava junto ao grupo. "Gente, minha amiga chegou. Ray, esse é o pessoal. Pessoal, essa é a Verônica."
"É Verônica ou Ray?" Uma garota com metade da cabeça raspada pergunta, bebendo um gole de sua cerveja.
"Meu nome é Verônica. Mas meu sobrenome é Ray." Explico e o grupo em geral afirma. "Muito prazer."
Eu os observo individualmente. Tem a garota que acabou de falar, um homem de cabelo liso e castanho bagunçado, os olhos azuis brilham sobre a luz. Ele é cheio de tatuagens e é realmente lindo. Há também uma mulher que poderia ser uma modelo que tem sua cabeça apoiada no peito de um homem com a cabeça raspada, e uma barba rala. Todas essas pessoas são bonitas.
"O prazer é nosso!" O garoto dos olhos azuis se levanta. "Meu nome é Louis. Senta aqui com a gente enquanto esse imbecil canta."
Arregalo os olhos, sorrindo, mas um pouco assustada com a forma como ele se referiu ao Harry. Mas ele não ligou.
"Fala o nome das pessoas para ela, Harry, acha que Jacklyn vai se apresentar sozinha?" Louis sussurra alto para Harry, que suspira, segurando meu ombro.
"Ray, além do Louis, aquele é o Liam." Ele aponta para o homem com a moça apoiada nele, que acena para mim com um sorriso gentil. "E aquela é Maya, noiva dele. E essa moça adorável é a minha prima Jacklyn."
"Vai se foder." Ela diz para ele e eu sinto meu sorriso diminuindo.
"De qualquer forma," Ele fala, segurando minha mão para me guiar até o lugar onde vamos nos sentar, entre Louis e Liam. "Pode ficar aqui com eles ou ir até Niall, você quem sabe. Só não fica sozinha nesse bar, existem alguns malucos por aqui."
"Ok." Sorrio gentilmente e ele retribui. "Então, como você está?"
"Eu estou bem. Fiquei feliz que veio, achei que não ia aparecer que nem na padaria." Ele provoca e eu nego, pedindo desculpas. "Não se preocupe, é brincadeira. Eu não disse antes, mas você está linda hoje."
Ele é tão charmoso. E bonito. E atraente no geral. Que ódio! "Obrigada..."
"É legal ver Harry flertando, geralmente eu só tenho que escutar os gemidos no quarto ao lado, não vejo o que acontece antes." A prima de Harry fala como se isso fosse normal e eu estou perplexa. Harry olha para ela como se ela fosse doida — deve mesmo ser.
"Que porra, Jacklyn? Você é retardada por acaso?" Ele xinga e eu sinto que deveria intervir.
"Está tudo bem, Harry." Falo com a voz doce. Eu achei ela sim bem inconveniente, mas será pior se eles ficarem brigando. "Então, me conta, você conseguiu a folga para o ano novo?"
"Me desculpe por ela. Ela é completamente sem noção." Ele diz, antes de responder minha pergunta. "Consegui sim. Você vai passar a virada em casa? A praça onde o seu cachorro, hum..."
"Te atacou." Falo e ele afirma, feliz que eu disse isso e não ele.
"É..." Damos risada. "A praça fica sempre lotada, tem fogos e eles fazem um festival, tem muita comida e bebida. Você deveria aparecer."
"Eu vou ver." Sorrio, feliz por ele estar sempre tentando me incluir em coisas, mesmo me conhecendo muito pouco. "Mas eu quero ir sim. Depende muito da minha família, talvez eles prefiram que eu passe lá em casa mesmo."
"Eu duvido. Sua avó está sempre nesse réveillon, é uma coisa bem família, todos estão sempre lá. Holmes Chapel inteira."
"Trabalha na padaria há quanto tempo? Você parece conhecer bem minha avó."
"Ah, sim, eu sirvo pão para ela quase todos os
dias já há alguns anos. Acho que trabalho na padaria desde que tinha dezesseis ou quinze anos." Isso é realmente muito tempo. Não sei sua idade exata, mas ele deve ter quase vinte e cinco anos.
"Quantos anos você tem?" Pergunto.
"Vinte e três." Ele responde. "E você?"
"Vinte."
"Está na faculdade?" Ele me pergunta e eu nego, explicando que não passei em nenhuma. Retribuo a pergunta e ele faz uma pequena careta. "Eu fiz três semestres de Direito em Cambridge, ensino a distância, mas larguei e comecei a trabalhar no bar, além da padaria. Eu realmente sou o orgulho da família."
Dou risada, mordendo o lábio. "Sua família mora aqui em Holmes Chapel?"
"Sim, eu moro com a minha mãe, meu padrasto e minha irmã aqui no bairro. Jacklyn meio que mora comigo agora também."
"Você falou meu nome?" A insuportável começa a falar.
"Só estava falando que você mora comigo." Ele revira os olhos.
"Aproveitou para falar que eu fui expulsa de casa? Duvido que ela se importa com essa merda toda." Ela resmunga, e Harry fecha os olhos para ser paciente.
"Realmente sinto muito por ela. Eu juro que meus outros amigos não são assim." Ele fala baixo. Balanço a cabeça, mostrando que não me importo.
"Viu minha irmã, eu sei o que é ter alguém chato em casa." Falo mais baixo ainda para a fera não escutar e isso faz Harry sorrir.
"Sua irmã não parece tão ruim." Bem, ela realmente não é uma bruxa quando comparada com essa tal de Jacklyn.
"Meh." Dou de ombros e mudo de assunto. "Que tipo de música você toca? Alguém aqui também é da sua banda?"
"Não, os caras da banda estão ali." Ele aponta com a cabeça para um grupo de homens. "Nós somos meio que uma banda do bar, não somos amigos ainda. Quase todos eles são novos... Eu fico meio envergonhado ao lado deles."
Ele é adorável. "Você não parece tímido."
"Eu não sou, mas eu sei lá. Quase todos eles já passaram dos trinta, agem como se eu fosse uma criança. Eu tenho vinte e três, fala sério." Gosto como Harry mantém a conversa fluindo, pensava que haveria um silêncio estranho entre nós. "E nós tocamos rock, em geral."
"São músicas autorais ou covers?"
"Temos os dois. Um pouco de The Neighborhood, Queen, Nirvana... Mas eu também escrevi algumas."
"Ah, então você é realmente um artista." Elogio e ele sorri levemente, de lado.
"Styles!" Um dos caras que ele disse que está na banda aparece na mesa. "Vamos lá?"
"Aham." Ele apoia as mãos na mesa e se levanta. Harry me olha, apreensivo. "Vai ficar sentada aqui ou vai lá com Niall? Pode ficar no canto do palco se quiser..."
Honestamente gostaria de me sentar em outro lugar, longe da prima de Harry, porque ela me dá um pouco de medo, mas tenho medo de sair daqui e ela ficar ofendida com isso de alguma forma. "Vou ficar aqui."
"Ok." Harry sorri levemente e pisca para mim enquanto deixa a mesa.
"Boa apresentação!" Desejo que ele vá bem, e ele agradece. Sinto meu corpo enrijecendo quando ele sai da mesa, sentindo a timidez tomando conta do meu corpo. Eu deveria conversar com eles?
"E aí, Verônica?" A outra menina, noiva de Liam, acho que se chama Maya, me chama. "Posso te chamar de Ronnie?"
"Sim." Sorrio, virando meu corpo ligeiramente para eles dois.
"Você conheceu Harry aonde?" Maya pergunta, eu sei que ela não se importa, só quer puxar assunto e honestamente sou grata por isso.
"Ah, o cachorro da minha avó pulou em cima dele na praça." Explico e eles ficam boquiabertos, rindo.
"Você é a garota da praça!" Maya grita, alegre. "Posso falar? Eu acho que posso falar. Harry te achou tão bonita, desde aquele dia."
"Maya..." Liam alerta, como se isso fosse um segredo, mas isso me faz sorrir.
"Ele estava tipo oh, essa menina é tão linda! Ela tem olhos tão bonitos e um cabelo tão bonito!" Ela diz, imitando a voz de Harry, e eu gargalho, me sentindo corar.
"Estamos fofocando sobre Harry?" Louis pergunta e Maya afirma. Louis segura meu ombro, me fazendo olhar para ele. "Você o encontrou na padaria, não é?"
"É."
"Ela conheceu o Harry fofo, gente." Louis sorri, batendo as pernas. "Aquilo lá é só uma versão dele. O Harry legal mesmo é o Harry do dia a dia. Ou então o Harry tocando Kiwi."
"Kiwi?"
"Ela vai ficar assustada quando ele tocar isso hoje." Liam dá risada. "O padeiro não é tão fofo quanto você pensa."
"Boa noite, pessoal." Escuto a voz de Harry no microfone, ele tirou o casaco e pela primeira vez descubro que ele tem tatuagens. Dezenas delas. Eu nunca havia o visto sem um suéter. "Meu nome é Harry, vocês bêbados já me escutam tocar aqui todo fim de semana, mas o bar me obriga a lembrar vocês que não podem dirigir se estiverem muito loucos, então se lembrem de pedir a merda de um Uber antes de começarem a cambalear como um bando de animais."
É impressão minha ou ele fica mais gostoso ainda quando age como um babaca?
"De qualquer forma, essa primeira música de chama Kiwi." Ele fala e os amigos dele gritam ao meu lado. Harry dá risada. "É, vocês gostam dessa merda."
Uma luz vermelha toma conta do palco e Harry canta ao mesmo tempo que o som da guitarra começa.
She worked her way through a cheap pack of cigarettes
Minha nossa senhora.
Hard liquor mixed with a bit of intellect
And all the boys, they were saying they were into it
Meu Jesus Cristo, ele canta tão bem, e fica tão sexy fazendo isso, e essa música... Nossa.
Such a pretty face, on a pretty neck
Harry pisca para mim, cantando este e os versos seguintes olhando nos meus olhos, e eu travo meu maxilar. Uma troca de olhares que parece pegar fogo.
She's driving me crazy, but I'm into it, but I'm into it
I'm kind of into it
It's getting crazy, I think I'm losing it, I think I'm losing it
Oh, I think she said "I'm having your baby, it's none of your business"
"Quem é esse cara?" Eu pergunto, sem ser para uma pessoa específica, sem fôlego apenas por olhar para Harry.
"Harry Edward Styles." Liam fala, orgulhoso do amigo enquanto Harry está fazendo algo no palco que poderia destruir a carreira de grandes estrelas do rock. Ele é tão bom nisso. "E você ainda não viu nada."