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Veniae.

Per.dão sm. 1. Remissão de pena, de dívida, etc. 2. Fórmula de polidez com que se pede desculpa.

 Fórmula de polidez com que se pede desculpa

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許し

Branco. Tudo o que via era branco, o que era melhor do que antes, que era a pura e sombria escuridão. Mas definitivamente odiava aquele branco, aquelas paredes brancas, as mesas de metal pintadas de branco, os aventais brancos. Tudo à sua volta era branco e vazio. Não tinha muita noção de onde estava, talvez estivesse morta, mas tinha quase certeza que a morte não era assim, não, no inferno não havia médicos vestidos totalmente de branco.

Não era apenas isso que odiava. Odiava o vazio daquela sala totalmente branca, sem nenhuma janela, sem cor, sem vida. Odiava o silêncio, não se lembrava do som da sua própria voz. Odiava mais ainda quando os médicos abriam aquela porta sem cor e deixavam o irritante som de uma goteira pingando entrar.

Ficava tanto tempo sozinha naquela sala sem cor, que achava lindo a cor de seu sangue pintando o chão branco, o vermelho escarlate de seu sangue manchando suas roupas brancas quando era torturada pelos médicos, mas logo limpavam o chão e trocavam suas vestes e novamente se esquecia da cor viva e vibrante que havia se espalhado pelo chão.

Ficava tanto tempo ali, naquela sala sem vida, que se esquecia que estava viva. Na verdade duvidava disso, apenas se convencia que havia um coração pulsante dentro de si, quando a máquina expulsava o som de seus batimentos e inundavam o quarto vazio. Mas isso se tornou deveras irritante quando passaram a fazer cada vez mais testes monitorados pelos batimentos.

ㅡ Concentre-se, zero. ㅡ a voz do médico soou pelo quarto ㅡ

ㅡ Desculpe. ㅡ respondeu baixinho ㅡ

Estava sentada á mesa branca, na sua frente dentro de uma gaiola havia um pequeno coelhinho de pelagem castanha e olhos negros, sendo a unica coisa ali dentro que mostrava estar realmente vivo. Era mais um dos inúmeros testes, a obrigavam a fazer coisas horrendas e aquela seria mais uma das.

ㅡ Eu não quero fazer isso.. ㅡ resmungou amuada ㅡ

ㅡ Você não tem que querer. ㅡ retrucou o médico ㅡ

ㅡ Por favor... não... ㅡ choramingou ㅡ

ㅡ Ande logo, zero. ㅡ bufou impaciente ㅡ

ㅡ Por favor... ㅡ implorou com a voz embargada ㅡ

ㅡ Faça! ㅡ gritou assustando a menina ㅡ

Com os olhos cheios d'água, negou com a cabeça, se negando a obedecer a ordem do médico. Fechou os olhos e abaixou a cabeça, repetindo 'não' em forma de sussurro. Se negava a machucar o animal indefeso e inocente, o médico respirou fundo e sorriu tranquilo, caminhou calmamente parando ao lado da menininha de 4 anos, se agachou, ficando na altura de seu rosto.

𝐌𝐘 𝐒𝐈𝐍, nanatsu no taizai Where stories live. Discover now