Capítulo 45

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Equanto o carro fazia o trajeto rumo ao Morro, senti uma onda de pânico atravessar minha alma. Respirei fundo tentando controlar minhas emoções. Eu estava determinada a convencer James a deixar aquela ideia maluca antes que ela acabasse de vez com nossa vida.

O motorista parou o carro na entrada do Morro e sem eu esperar tentou me convencer a mudar de ideia, dizendo que aquele não era um lugar apropriado para uma jovem de família como eu.

"Jovem de família" pensei com ironia. "A esposa do Dono do Morro."

Sem responder, paguei com o cartão de crédito, torcendo para que tivesse limite e deixei o homem partir com um olhar misericordioso.

Quando fiz menção em subir o Morro fui imediatamente barrada por um homem fortemente armado. Só então percebi o esquema de segurança reforçado.

— A madame não pode entrar — ele informou com um sorriso debochado no rosto. — O Morro tá fechado.

— Você por acaso sabe quem é a madame aqui? — indaguei sentido raiva devido aos olhares maliciosos dos homens.

— Saber, posso não saber, mas você pode ser a rainha do meu palácio se quiser — o com a maior arma replicou com uma expressão que me deu nojo.

— Talvez você deveria repetir isso para meu marido, Céu, e ver o que ele vai achar da sua sugestão — disse com firmeza percebendo a notória mudança no rosto do rapaz. — Até onde sei, ele não gosta que falem assim comigo não.

— Desculpa aí, senhora — ele pediu visivelmente preocupado, embora ainda houvesse um traço de dúvida em seu rosto. — Era só brincadeira.

Sem responder, avancei alguns passos, mas novamente fui barrada.

— Qual é? — perguntei furiosa. — Quer conferir minha identidade?

— Desculpa, senhora, mas são ordens do chefe. Não posso deixar ninguém entrar sem autorização.

— Então você vai ter que me impedir e depois explicar para seu chefe como segurou a esposa dele a força. Ou vai me ameaçar com a arma?

Percebendo que o rapaz ficou em dúvida, avancei de uma só vez, pronta para fazer um escândalo se não me deixassem passar. Para meu alívio eles permitiram que eu seguisse com meus intentos. Meus pensamentos só me diziam que eu precisava chegar rápido ao topo, enquanto o medo de encontrar meu marido com outra fazia um frio percorrer minha espinha.

Sentia tristeza e raiva ao mesmo tempo enquanto subia as ruas, ignorando os homens armados por todos os lados. Havia poucos moradores fora de casa e o comércio local estava a meia porta. Parecia que todos estavam prevendo o desastre prestes a acontecer.

Continuei subindo e, inevitavelmente, algumas lembranças retornaram em minha mente. Parecia que uma luz estava se acendendo lá dentro, e eu percebia o quanto havia sido guiada por minhas emoções e sentimentos. Eu não tinha dado voz a razão, enganando a mim mesma em relação à James. James Bond, o Dono do Morro da Luz! O que eu estava realmente esperando? Que a força da nossa paixão o tirasse daquela vida? Quanta ilusão!

— Amber? — Ouvi uma voz conhecida ao meu lado. Um homem montado em sua moto me encarava atônito. — O que você está fazendo aqui, garota? Se Céu souber...

— Você! — esbravejei apontando meu dedo em direção ao Pão, cheia da raiva que tentava conter até um pouco antes. — Isso tudo é culpa sua! Você estragou a vida da minha amiga! Estragou a minha vida mantendo contato com James! Você o trouxe de volta, seu bandido!

— Ei... — Ele se equilibrou na moto quando percebeu que eu seguia em direção dele jogando todas as palavras duras contra ele.

— Você é um canalha! Estragou tudo... Odeio você, odeio esse lugar, odeio tudo que você representa na vida do meu marido. Saia da minha frente, seu desgraçado, ou vai ter que me matar para me conter.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde as histórias ganham vida. Descobre agora