De todas as reviravoltas

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Depois daquele desfecho repentino e estranho do nosso passeio, me despedi do Professor Carlos, que ainda não me acostumei com o fato de ser meu namorado, peguei minhas coisas e fui com meus amigos para casa

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Depois daquele desfecho repentino e estranho do nosso passeio, me despedi do Professor Carlos, que ainda não me acostumei com o fato de ser meu namorado, peguei minhas coisas e fui com meus amigos para casa.

Devo dizer que, mesmo sendo curto, o caminho foi bem incômodo, Diego ficou calado o caminho todo, e de vez enquanto olhava pra mim com aquele sorriso brando típico de quando eu me meto em uma fria, e Tati foi o caminho todo reclamando do fato do Fernando ter prometido levar ela pra almoçar e, de repente, ter cancelado.

E a minha reação com aquele segredo todo? Era o puro e simples cansaço, e não digo aquele cansaço pós praia gostoso, me refiro ao cansaço psicológico, no último mês, fui assaltada, quase tive que abrir mão do meu mestrado no ano de formatura, saí da casa dos meus pais, e nas últimas 24 horas, não só transei com meu professor, mas também aceitei namorar com ele, e nem contei para os meus pais ainda.

Chegamos em casa, ainda em silêncio, deixamos nossos chinelos e nossas coisas cheias de areia na lavanderia e fomos para os nossos respectivos banheiros tomar banho, assim que entrei no meu, tirei minha roupa, passei pelo espelho de corpo inteiro que tem ao lado do chuveiro e algo me chamou atenção, e não estou falando das minha habituais gordurinhas na barriga e minhas solitárias celulites nas coxas, estou falando de um chupão, ENORME, no interior da minha coxa direita, como eu ainda não tinha reparado isso? E o mais importante, COMO NINGUÉM ME AVISOU QUANDO ESTAVA DESFILANDO DE BIQUINI NA PRAIA?.

Considerei seriamente ligar para o Carlos e falar muitas verdades, mas, ao considerar a cara dele e a reação de todos lá na praia, eu preferi não fazer ele lidar com uma doida histérica ao telefone, então, fui para o chuveiro, tomei meu banho com calma, hidratei meu cabelo, deixei a água cair um tempo em mim cabeça, e silenciosamente, pedi que minha mãe oxum me trouxesse clareza e força, porque se a tempestade viesse com a força que eu estava sentindo, eu iria precisar como nunca.

Assim que sai do banho, arrumei minhas coisas para secar meu cabelo, porém, meu estômago cantou mais alto, fui até a cozinha em busca de algo que não me desse muito trabalho, até porque eu não estava com vontade de manifestar meu espirito masterchef, e com isso em mente, abri o freezer em busca de algum congelado, e com alegria, descobri três lasanhas, nem perdi tempo, fui até o corredor e gritei:

- PARTIU LASANHA CONGELADA PRO ALMOÇO?

E em menos de um minuto, veio um grito do quarto da Tati, e depois, outro grito do quarto do Di:

- JÁ FALEI QUE VOCÊ É MARAVILHOSA?

- DEUS TE ABENÇOE CLARISSA, JÁ NÃO ESTOU AGUENTANDO MAIS DE FOME.

Devo admitir que nunca vi reações tão animadas com comida congelada, coloquei a nossa comida no forno elétrico e fui secar meu cabelo no quarto. Quarenta minutos depois, que mais pareceram 40 horas, ouvi o forno apitar e fui verificar, e para meu profundo desgosto, o meio das lasanhas ainda estavam congelados, coloquei para assar por mais meia hora e fui arruar a mesa do almoço.

Assim que, finalmente ficaram prontas, chamei meus amigos, coloquei nossa lista de músicas para tocar na televisão da sala e sentamos para comer, conversamos normalmente, repassei o convite da minha mãe de almoçarmos lá em sua casa no próximo domingo, e depois o silencio pairou sobre nós, e ficamos assim até o Diego olhar algo no celular e soltar um grito e começar a dançar na cadeira:

- Pretende nos informar o motivo dessa felicidade toda? - perguntei.

-  Mas é claro, querida melhor amiga, a questão é que eu fui escolhido para concorrer a uma bolsa de mestrado em música pela, ROYAL ACADEMY OF MUSIC, IN LONDON BABY!

- AÍ MEU DEUS, que notícia maravilhosa – levantei e pulei em cima dele.

Caímos com cadeira e tudo no chão, e acabamos em um montinho comigo em cima do Di e a Tati em cima da gente:

- Estou tão feliz, você merece o mundo, vou esperar você voltar para tocar no meu casamento com o Fernando – a Tati falou gritando no pé do meu ouvido.

Não sei quanto tempo ficamos no chão, mas também não importava, ficávamos felizes sempre que um de nós avançava um passo em direção a um sonho.

Depois de uns longos minutos, levantamos e fomos em direção ao sofá com uma garrafa de próseco, uma garrafa de tequila que eu ganhei quando fiz 18 anos e algumas canecas, já que não tínhamos taças, e deixamos a louça do almoço para lavar depois.

- Sabe meninas, vocês poderiam ir comigo também, tentar uma bolsa em alguma universidade londrina de literatura, vocês fariam o doutorado e eu o meu mestrado.

- Eu iria com prazer, mas primeiro, preciso terminar a minha tese – falei com desânimo enquanto enchia minha caneca.

- Por falar nisso, Cla, você e Carlos já pensaram em como vai funcionar o esquema da sua aprovação no mestrado? Porque o Carlos é seu namorado, seu orientador e chefe da banca de literatura da UFRJ, eu sei que você jamais tiraria proveito dessa situação, mas, já pensou se alguém lá da universidade descobre? – minha amiga fala enquanto olha pra mim com preocupação.

- Verdade princesa, não tinha parado para pensar por esse lado, até que a nossa Tatiana tem os seus momentos de lucidez. – Diego disse enquanto levava um tapa da Tati.

- Sinceramente, eu não pensei nisso, até duas semanas atrás nem pensava que um dia teria um relacionamento com o meu orientador, de fato preciso conversar com ele e chegar a uma conclusão que nos tire de um possível alvo de fofocas e processos. E em relação a bolsa, eu já pensei muito nisso, e sempre achei que pararia em Portugal.

- Eu imploro meninas, pelo menos tentem, se der certo, vai ser um sonho internacional se realizando, já pensou? – Di divaga enquanto colocava cada braço em volta de mim e da Tati.

Não sei se foi o efeito do álcool ou das duas horas de insistência do Diego, só sei que quando eu percebi, estávamos com o computador no colo, procurando universidades e anotando documentos para enviar, prometemos que tiraríamos a semana para organizar documentos e enviar inscrições, e eu prometi que iria conversar com o Carlos sobre o nosso futuro acadêmico.

Passamos o resto do dia assim, bêbados no sofá e fazendo maratona de filmes aleatórios da Netflix, acabei esquecendo da pulga atrás da orelha que aquela situação na praia me deixou, resolvi não deixar mensagem para o Carlos, pra ele agir daquela forma, algo sério deveria ter acontecido, então, dei espaço para ele resolver e vir falar comigo quando tudo estiver mais calmo.

 

 

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