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De volta ao convento, Inéz liberou as garotas para que fossem descansar antes  do almoço e a tarde também estariam livres para fazer o que quisessem. Sem demora Lauren voltou para o quarto e se jogou em sua cama assim que entrou no cômodo. Dinah vinha logo atrás e fechou a porta ao entrar.

— Não vou conseguir aguentar isso. Quero arrego. – a morena disse com a cara enterrada no travesseiro.

— Vai enfrentar sua avó então? – Dinah respondeu enquanto caminhava em direção de sua cômoda, logo retirando o hábito que tanto odiava usar.

— Não sei o que é pior. – disse por fim.

— Então eu te digo o que é melhor. – falou sorrindo maliciosamente logo retirando algo de dentro do sutiã.

Lauren virou seu rosto para fitar melhor a colega e então arregalou os olhos ao ver o que a mesma tinha em mãos.

— Como conseguiu isso? – falou ao se sentar e Dinah sorriu esperta.

— Digamos que eu tenha achado uns trocados no bolso do meu jeans, e tenha um dom para esconder coisas. – a loira se gabou e Lauren riu negando.

— Quando você comprou essa garrafa de tequila que eu não vi? – Lauren ainda estava incrédula em ver a mais nova segurando uma garrafa de 500ml de líquido âmbar.

— Na volta, quando vocês estavam distraídas indo na frente. Vi a barraca de uns moleques e comprei. Não é uma Jose Cuervo mas pode ajudar a dar uma relaxada.

— Tô imaginando a cara que eles fizeram ao ver uma freira comprando bebida alcoólica.

— Ah foi impagável. – Dinah riu e forçou a tapa da garrafa para abri-la, logo tomando um pequeno gole da bebida. — É, até que não é tão ruim quanto eu esperava.

— Deixa eu provar. – Lauren se sentou na cama e Dinah foi até ela entregando a garrafa. A morena a pegou, e virou a mesma em sua boca quase engasgando no segundo seguinte.

— Caralho, que porra é essa? – disse após engolir do líquido, passando a mão sobre a boca. — Isso aqui tá mais pra o quê? Gasolina pura?

— Ai fresca! Não viaja, já bebi coisa muito pior. – Dinah falou tomando a garrafa das mãos de Lauren, logo a fechando e guardando em sua gaveta.

— Olha, eu não duvido.

— Vamos deixar pra beber da tequila a noite.

— Beleza. Também trouxe algo de casa para me relaxar que talvez você curta. – a morena riu maliciosa e Dinah a fitou semicerrando os olhos.

— Cigarros?

— Algo melhor.

— Ah sua maconheira safada! – a loira falou a encarando. — Essa noite no tédio a gente não fica. – sorriu animadamente.

— Não mesmo. – Lauren riu, e voltou a ajeitar a cabeça no travesseiro afim de tirar um cochilo antes de irem almoçar. Dinah logo se jogou em sua cama para também fazer o mesmo.

-

Na hora do almoço, Lauren montou o seu prato e sentou-se com Dinah na mesma mesa que Ally e Camila estavam, a convite das freiras. Enquanto comia em silêncio, Lauren sentiu olhos sobre si e ao erguer o rosto viu que Rosalía a encarava, sentada numa mesa à frente da sua. Não deu muito lado para a freira enxerida e apenas a ignorou demonstrando não se importar com sua existência.

— Hoje à tarde teremos ensaio do coral. O que acham de participar? Seria bom para vocês estarem explorando até descobrirem do que gostam mais. – Ally disse olhando de Lauren para Dinah.

Lauren logo pôs um sorriso amarelo em seu rosto e sem muitas escolhas concordou com a cabeça vendo Dinah fazer o mesmo.

— É, pode ser... interessante. – Lauren comentou, coçando o pescoço brevemente.

— É.. muito. – Dinah comentou também, logo tomando do suco de laranja.

— Acho que irão gostar. Música é sempre bom para a alma. – dessa vez Camila se pronunciou erguendo os olhos de seu prato e as fitando de relance.

— Ah, sim. Com certeza. – Lauren respondeu. — Você canta no coro? – perguntou puxando assunto, mas por dentro não tinha muito interesse em saber, apenas queria fingir simpatia.

— Sim. Eu sempre gostei de música, e gosto de louvar ao senhor. – Camila respondeu de forma alegre, os olhos quase brilhando.

— A voz de Camila é linda! Deus foi muito generoso ao dar uma voz de anjo para ela. – Ally falou fazendo Camila ficar sem graça e corar, Lauren sorriu ao ver a reação da garota e assentiu.

— Sua voz também é linda, Ally. – Camila murmurou olhando para a amiga que ria de seu jeito sem graça.

Lauren desviou a atenção das meninas para Dinah, que parecia divagar olhando para as outras freiras ao redor. Sua cara ficava engraçada quando ela fazia isso e Lauren sentiu vontade de rir.

Ao terminarem a refeição, Lauren seguiu com as outras para a igreja que ficava acoplada ao convento. E por conta disso, sempre entravam por uma porta na lateral do templo. Algumas outras freiras já estavam lá dispostas em frente ao altar com alguns papéis em mãos. Lauren e Dinah sentaram-se para assistir o ensaio enquanto o grupo de mulheres começavam a cantar animadamente com Inéz ao canto tocando um piano.

— Será que se eu tirar um cochilo alguém vai perceber? – Dinah cochichou para Lauren que riu e lhe deu um tapinha no braço.

— Com certeza vão. Vamos aguentar isso juntas. – respondeu a vendo rolar os olhos.

As mulheres cantavam algum hino que Lauren nunca se quer já havia ouvido na vida e Camila assim como Ally, pareciam ser as mais empolgadas de todas. A voz delas eram realmente agradáveis, no entanto Lauren já soltava seu décimo sexto bocejo pois o tédio e o sono que sentia eram inevitáveis. E sim, ela havia começado a contar para tentar se distrair.

— Acho que vou ir tomar água.  – Lauren avisou logo se levantando e Dinah segurou em seu braço.

— Ah eu vou contigo, nem a pau que eu vou ficar aqui sozinha. – a morena sorriu e as duas seguiram até o bebedouro próximo da porta de saída da igreja.

-

Após o ensaio do coral ter acabado, Lauren tirou um tempo para ficar no pátio e observava o pôr do sol que começava a dissipar no horizonte, com alguns raios iluminando seus olhos. Estava sentada na pequena mureta que rodeava o pátio, e algumas freiras também estavam por ali em mesas jogando algum jogo de damas, outras liam algum livro e outras mais idosas ensinavam algumas jovens a fazer crochê.

E Camila era uma das jovens que estava ali querendo aprender. A freira estava totalmente focada nos ensinamentos de uma das senhoras. Lauren semicerrou seus olhos por conta do sol, e parou para observar os traços da garota. Camila era jovem assim como ela, mas parecia saber tão pouco sobre a vida. Era bonita sua fé e a forma como ela rezava e se empenhava em dar o seu melhor naquilo que fazia. No entanto nem mesmo a freira Allyson demonstrava ser tão ingênua como ela.

Como se sentisse que estava sendo observada, Camila ergueu seus olhos olhando diretamente para Lauren. Mesmo notando aquilo, a morena não fez questão de desviar o olhar e continuou seu devaneio sobre a vida da latina.

Camila por outro lado sentiu-se um pouco intimidada. Os olhos da morena estavam mais claros com a luz e o constraste do sol de fim de tarde, deixando seu rosto de alguma forma ainda mais lindo.

A senhora ao seu lado disse algo e então Camila piscou saindo do pequeno transe logo quebrando o contato para dar atenção ao que ela dizia. Moveu as agulhas em sua mão enlaçando as linhas fazendo o que a freira pedia e quando ergueu seu rosto novamente para fitar a noviça de olhos esmeralda, a mesma não estava mais lá.

•••

Hey vidas, o próximo capítulo estará mais interessante eu juro...

Eu queria soltar dois hoje mas vou me segurar. É isto, até amanhã. 😚

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