— Não trouxe. – disse despreocupada. — Na verdade, eu mal sei como vim parar aqui. – falou ao se sentar apoiando as costas no travesseiro.

— Como assim? – a morena perguntou descrente fitando a expressão de Dinah.

— Eu estava numa festa ontem, foi o rolê mais doido que já dei na vida pode-se dizer. Mas aí eu acho que me perdi, entrei no carro com uma galera e quando vi estava parada aqui em frente e acho que acabei dormindo no chão mesmo, não sei. Acordei com aquela madre me chamando e dizendo que eu poderia ficar aqui se eu quisesse. Eu não tava entendendo nada então só segui ela. – ela dizia fitando suas unhas.

Lauren ao ouvir aquilo explodiu numa risada alta e se virou na cama para encarar a garota melhor.

— Você não pode estar falando sério! – a morena ainda a encarava incrédula. — Mas por que você não disse que foi um engano? Por que aceitou ficar? – disse em completa curiosidade e Dinah a fitou.

— Bom, digamos que eu gostei das ofertas da madre. Tô procurando um trampo há tempos e aqui eu vou ter uma cama, comida e dinheiro, então...

— Você não tem uma casa? Pessoas que notarão o seu sumiço? – Lauren arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Ah, depois eu dou um jeito de avisar a eles que virei freira. – a menor riu de forma cínica. — Na verdade eles já até estão acostumados com meus sumiços. Uma vez eu fui parar numa Tomorrowland de cinco dias. Quando apareci em casa apenas minha irmã mais nova havia notado meu desaparecimento.

— Tomorrowland? Sério? – Lauren perguntou surpresa e Dinah assentiu. — Garota eu sempre quis ir num rolê desses!

— Nossa é muito bom. Surreal. Se você gosta de tumulto, bagunça e música alta, vai estar indo no lugar certo. Sem falar nas bebidas, eu provei tanta coisa que meu Deus! Saudades de um rolê desses, ele entra no meu top dois. Porque no de ontem, minha colega, eu mal lembrava do meu nome. – outra vez Lauren começou a rir alto, colocando a mão sobre sua boca e se inclinando pra frente.

— Certo, acho que posso dizer que encontrei uma pessoa mais doida do que eu. – a morena disse entre risada fazendo Dinah sorrir.

— Mas e você, o que faz perdida aqui? – semicerrou seus olhos mirando Lauren. — Nem de longe você faz o tipo freira.

Lauren nesse momento suspirou baixinho, e chegou próximo da cabeceira da cama se encostando também. Dinah parecia ser alguém confiável, não iria contar sua vida toda e nem tudo o que estava planejando mas sentia que podia lhe contar o porquê de estar ali.

— Sabe é uma longa história, mas, digamos que estou aqui só de passagem. Esse negócio de freira não é pra mim.

— Tá envolvida com coisa ruim? Não é com o Río, é? Porque porra, esse cara é foda. Nunca aceite dinheiro e nem drogas dele. – Dinah advertiu a olhando em alerta, Lauren juntou suas sobrancelhas a encarando.

— Não! Não estou envolvida com coisa ruim. – riu baixinho e levou a mão coçando o pescoço. — Estou em tipo uma missão. – falou calmamente.

— Ah mas desembuche logo! – Dinah falou impaciente a fitando. Lauren mordeu seu lábio inferior e respirou fundo antes de falar.

— É... bom, é uma longa história como eu te disse mas vindo pra cá eu conseguiria um jeito melhor de poder ir pra fora daqui, entende? – Lauren fitou Dinah que tinha seu cenho franzido.

— Não? – a loira soltou como se fosse óbvio. — Seja mais clara, por favor. Comi aquela maçã e parece que me deu mais fome ainda. O nível de açúcar no meu corpo deve estar baixíssimo porque não tô conseguindo raciocinar direito.

Lauren deu um pequeno sorriso a ouvindo e logo assentiu.

— Ok, ok. – suspirou. — Estava planejando ir para Miami. Minha avó descobriu e me mandou pra cá. – a morena disse e umedeceu seus lábios vendo Dinah assentir. — Na verdade não foi só por isso, digamos que ela não tenha gostado de me ver aos beijos com outra garota, e também de me ver chegar bêbada em casa todo final de semana... – disse por fim e sorriu amarelo.

— Ah eu sabia! Meu gaydar nunca falha. – Dinah falou rápido batendo uma palma.

— O que...? – Lauren começou a falar mas foi cortada.

— Meu gaydar. Coloquei meus olhos em você e senti que era sapatão. Porém não quis julgar, afinal estamos em um lugar... sagrado?– ela disse duvidosa e Lauren riu.

— Cara, você é muito doida. – Dinah deu um sorriso convencido. — Você também é?

— O quê, lésbica? – Lauren afirmou com um aceno. — Não. Mas digamos que eu beije outras mulheres quando estou levemente alterada. E talvez eu já tenha até transado com alguma também. Mas nunca consegui ter certeza, eu sempre tô louca. – soltou fazendo a morena rir de novo.

— A famosa hétero com os dois pés no vale. – Lauren suspirou tomando fôlego. — Olha isso aqui, não vai ser moleza. – Lauren inclinou a cabeça para trás encostando na cabeceira da cama fitando o teto.

— Mas você pretende passar quanto tempo aqui?

— No máximo um mês. No máximo.

— Tem alguém te esperando na Flórida? – perguntou com curiosidade.

— Sim, uma amiga.

— Hummmm... – Dinah murmurou de forma maliciosa.

— Ei, não! – riu. — Ela é minha melhor amiga.

— Ah tá. – a menor voltou a fitar suas unhas. — Você tem uma lixa aí? – perguntou, e Lauren sorriu por ela ser tão aleatória.

— Acho que trouxe uma. – a morena se levantou e caminhou até sua mala.

De repete dois toques soaram da porta e logo foi aberta pela madre que trazia duas sacolas em suas mãos.

— Com licença. – ela disse ao entrar. — Aqui está querida, trouxe algumas roupas para você. Veja o que gosta e as pegue para você. Não sei o seu tamanho mas procurei pegar tamanhos grandes. – disse fazendo Dinah a encarar arqueando suas sobrancelhas, no canto Lauren sorriu vendo a cara da loira, o que passou despercebido pela madre. — E aqui tem alguns sapatos do seu número. — estendeu a outra sacola e Dinah a pegou.

— Muito obrigada madre. Que o senhor te abençoe! – Dinah deu um sorriso um tanto falso, no entanto a madre mais uma vez não percebeu.

— Amém criança, a nós todas! Descansem, rezem. Meio dia e meia o almoço será servido. Venham se juntar a nós no refeitório. – ambas as garotas assentiram e a madre logo saiu.

Dinah deixou as sacolas sobre a cômoda e fitou Lauren que se aproximou entregando a lixa de unhas.

— Acha que estou me saindo bem, irmã? – perguntou em tom divertido fazendo Lauren rir.

— Está indo bem sim, irmã.

— Amém.

— Amém. – Lauren respondeu.

Com isso ambas riram, e Lauren ajudou Dinah a escolher as roupas que haviam dentro da sacola. Tinham vários vestidos e saias ali, mas que no corpo de Dinah algumas ficavam um tanto curtas, e foram essas peças que Dinah escolheu.

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O próximo capítulo sai logo, já tenho 15 cap escritos.

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