Capítulo 30 -Parte III

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- Senhorita Salete, pode entrar. -um homem alto disse.

  Eu estava no presídio Central de Porto Alegre,  aguardando a hora da "visita " para com Matheus.

   Will me encarou e falou:

- Seja forte. -me beijou no rosto e se levantou junto comigo. 

  Apenas assenti , respirei fundo e caminhei até uma pequena sala, ela estava praticamente vazia, só continha uma mesa e duas cadeiras ao seu redor.

   Minhas mãos estavam frias, e meu coração acelerado. Eu preferi ficar de pé mesmo esperando ele entrar.

   Adentrou na sala,me assustando , um homem alto, com uma calça cinza e uma blusa de manga no mesmo tom, seus cabelos eram negros e lisos, presos a um pequeno rabo de cavalo, que iam até a nuca, Matheus tinha o rosto pálido e uma cicatriz na sobrancelha bagunçada, completamente diferente de anos atrás, mas um único traço era inesquecível ,seus olhos, negros igualmente os cabelos, e vazio, que agora ganhara ódio.

- Salete? -ele foi o primeiro a falar e percorrer seus olhos pelo meu corpo.

- Finalmente, cara a cara. -falei fria.

- É, olha pra mim. -apontou para sí. -Agora vou mofar nesse lugar imundo.

- Imundo como você, merece morrer nesse lugar. -lhe apontei raivosa.

   Ainda era estranho vê-lo alí, depois de tanto tempo, eu lembro quando ele foi embora de casa, depois de uma discussão   com nossa mãe, “ A culpa foi sua ”- ele dizia,  eu Não entendi nada, mamãe ficou mau, ela passou uns dias andando pra lá e para cá, pela casa, pensando no que fazer, e tentar achar ele. Tinha horas que eu queria contar tudo pra ela, mas sentia medo de sua reação , medo de não acreditar em mim.

- Matheus, eu quero uma só explicação. Por que fez aquilo comigo?  Pra que tanta maldade? -perguntei o encarando, ele estava sentado e tinha as mãos entrelaçadas sobre a mesa.

- Eu odeio você, Salete. -afirmou sério.

- Quem deve ter ódio aqui sou eu. -praguejei cruzando os braços.

- Sempre foi a queridinha da mamãe. -ele disse ainda com aquela cara de paisagem, como se nada tivesse acontecido em anos.

- Você só pode está doido, nossa mãe sempre te defendeu. -falei.

   Ele ficou em silêncio, eu tive medo do seu olhar fulminante. O vi se levantar e me rodear com passos lentos.

- Você quer saber a verdade, irmãzinha? -perguntou perverso.

- Por favor. -pedi séria.

- Meu pai foi embora por sua causa. -falou com raiva.

- O  que eu o fiz?

  Meu pai saiu de casa depois de uma briga séria com a minha mãe, lembro-me que Matheus mandou eu ficar dentro do quarto, eu queria saber o que estava acontecendo,  mas ele me xingou e trancou-me lá.

  

    Depois de horas eu pude sair de lá, e vi a sala destruída, havia coisas quebradas ao chão, e mamãe  estava sentada no sofá chorando de cabeça baixa.

- Você irmãzinha!  Acabou com a minha família! -acusou-me raivoso.

- Matheus, explica! -falei mais alto que gostaria.

- Naquele dia em que o MEU Pai foi embora, ele descobriu que você não é filha dele.

- Calma aí, de quem eu sou filha?

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