Rosa Chiclete | Yoonmin

Porque é disso que o amor jovem se trata.

Nota da autora: tenho sobreviventes do capítulo anterior? espero que sim porque esse aqui tá recheado de tretas, boiolice e confusão do jeito que o povo gosta. 

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No semestre anterior, Yoongi estava devendo horas na faculdade e precisou se matricular em mais disciplinas do que tinha planejado previamente. Acabou pegando uma exclusivamente feita para abordar a mitologia ocidental e passou todos os seis meses estudando sobre as crenças dos nórdicos, portugueses, romanos, gregos, entre outros.

Na Roma Antiga, havia o mito do deus Cupido, a versão romana do deus grego Eros, filho da deusa do amor Vênus com o deus da guerra Marte e dono de uma beleza tão implacável e feroz que o próprio senhor do Olimpo, Júpiter, pediu a sua mãe que se livrasse do filho o mais rápido possível. Cupido, além de carregar toda a beleza e inocência romântica da sua versão grega, carregava o lado mais brutal do amor consigo. Suas flechas eram mais perigosas do que espadas de gladiadores, sua presença mais avassaladora que a própria morte e sua forma angelical mais manipuladora do que todas as formas divinas que os pecados tomavam. Ele representava, acima de tudo, o amor faminto, ambicioso, insaciável. Era o amor que levava a pessoa ao seu estado mais carnal da loucura, dominava sua mente e se divertia brincando com ela.

Naquela manhã de sábado, deitado em sua cama e observando o rosto pacífico da pessoa adormecida ao seu lado, Yoongi concluiu que se o Cupido algum dia resolvesse tomar uma forma humana no mundo atual, seria a figura de Park Jimin.

O mais novo dormia de bruços, bochecha amassada contra o travesseiro, cobertor cobrindo-o até a cintura, deixando as suas costas nuas à mostra, mechas sedosas do cabelo rosa caindo sobre seus olhos e uma expressão tão serena no rosto que o hacker, recém desperto ao seu lado, poderia confundi-lo facilmente com a retratação de um anjo — assim como o Cupido, com sua forma de criança e asinhas inocentes —, mas ele estava longe de ser um.

Um anjo não sentia tanto prazer em tirar vidas ou em manipular pessoas. Não ria do mundo podre em que vivia como se tragédias fossem apenas piadas ruins. Um anjo não teria sorrido tão vitorioso, predador, ao arrastar Yoongi para o quarto e empurrá-lo na cama, como se o hacker fosse apenas mais um objetivo atingido, mais uma cabeça almejada por sua arma com tanta precisão.

E Yoongi era tão idiota, se deixou ser tão facilmente manipulado, que, quando se deu conta, estava acordando ao lado do amor voraz e perverso em pessoa.

Frustrado consigo mesmo, o Min chutou as cobertas para fora do seu corpo e saiu da cama. Deixou o quarto aos tropeços e, no caminho para a cozinha, apanhou seu notebook abandonado na mesa de centro, determinado a encontrar Nakamura Yuri o mais rápido possível e acabar com toda aquela história de uma vez por todas. Se cortasse logo seus laços com Jimin, conseguiria recuperar a pequena parcela de paz que fingia ter em sua vida e as coisas ficariam minimamente normais de novo. Sem mais arrependimentos ou gângsteres malucos ameaçando matá-lo.

Kitty dormiu boa parte da manhã. Yoongi estava sentado em um dos bancos da cozinha, com seu tornozelo machucado sob uma compressa fria, apoiado no banco ao lado e os olhos concentrados na tela do seu notebook, o qual processava informações sobre o galpão que Jinho havia citado em sua conversa com Hopeline no dia anterior.

No momento, o Min estava começando a considerar acordar Jimin com um balde de água gelada — mas desistiu da ideia ao concluir que o rosado acabaria atirando nele por diversão se fizesse isso — quando esse, enfim, apareceu na porta da cozinha.

Toda a revolta que sentiu ao acordar e recordar que tinha passado a noite com o mais novo voltaram à tona ao encará-lo naquele momento. Jimin tinha dormido apenas de cueca, mas achou que seria uma ótima ideia bisbilhotar o guarda-roupa do mais velho e agora vestia uma camisa bege e grande da marca Fear of God. Yoongi tinha furtado a peça de Namjoon e ela ficava solta em seu corpo, quase alcançando os joelhos, porque o amigo tinha uma estatura maior que a sua. Em Jimin, a camisa parecia ter dobrado de tamanho. Isso, combinado com seu cabelo bagunçado e os olhinhos inchados, o deixava ainda mais insuportavelmente atraente do que quando estava usando suas roupas extravagantes.