𝔇𝔢𝔷𝔬𝔦𝔱𝔬

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Cassian estava prestes a seguir seu caminho, rumo ao escritório quando ouviu sua voz, ronronando as suas costas

- Encoste em mim novamente, e estará morto.

Entretanto, tudo que o Capitão fez foi virar-se para fêmea, e abrir um longo sorriso brilhante, destacando as covinhas em suas bochechas, que eram escondidas pela barba rala. Ele aceitaria o desafio.

Nesta rosnou, e Cassian rosnou de volta.

Pelo inferno, como ele estava ferrado.

E seria um eufemismo dizer que a situação havia melhorado, conforme trocavam rosnados pelo corredor, ou as garrafas de vinho começavam a desaparecer pouco a pouco. Cassian tentara intervir, conversar, até mesmo com Rhyssand. Tudo em vão.

Porque afinal, Nesta já era grandinha o bastante para se cuidar, certo?

Certo, pensou ele. mesmo que seu coração apertasse, dizendo-lhe o oposto conforme rosnava pro macho expulso do chalé abaixo de si, e sua parceira atirara as botas dele pela janela, que fora ruidadosamente fechada. Era assim, dia após dia. E isso a consumia, assim como o consumia também.

E quando Rhyssand anunciara que ela seria levada ao acampamento, sua única resposta fora um soco em seu queixo. Firme e brutal. Rhyssand cuspiu, apoiando-se na mesa conforme recompora a própria postura, rosnando logo em seguida. Mas ele sabia, é claro. Ele havia deixado que o acertasse, ele sabia, que de certa forma, o merecera, fizera por merecer. E a idéia de sua parceira, afundada em um poço sem fundo de amarguras, alcoól e sexo rodeada por illyrianos...

Cassian preferia que lhe arrancassem as asas. Uma por Uma, se necessário.

E quando Feyre havia anunciado a ela, Nesta não dissera uma palavra, não emitira um grito sequer. Não falara durante o trajeto, e só o fizera quando ele anunciara que passaria a ficar sem bebidas e lhe informar sobre o treinamento, falando somente o necessário. Cassian já havia sido treinado, e havia treinado diversos guerreiros, e até mesmo aniquilado alguns deles, aquilo não poderia ser tão difícil, afinal. Mas é claro, é claro que seria.

No primeiro dia, Nesta lhe acertara em cheio com um exemplar de capa dura de um livro, que fizera um hematoma surpreedentemente bom em sua testa. Seguiram assim por semanas, e talvez ele tivesse perdido a esperança, ou talvez houvesse desistido de cultivá-la. Mas quando Nesta Archeron lhe acertara com uma rasteira, derrubando-o em cheio pouco antes de sussurrar um boa noite, seguido por um sorriso espertinho em seu maldito rosto... Cassian ardeu em brasas, como se seu corpo estivesse somente esperando por ela, clamando por ela, e agora, ela estava lá

Mesmo que somente ali, somente por um dia, um único e miserável momento.

Era o que ele dizia dia após dia, conforme trocavam respostas curtas, ou dividiram o chalé, porque sua presença era a única forma e afugentar os pesadelos que lhe atormentavam. Ou quando ignorara o fato de que passara a noite esfregando o chão coberto pelo sangue do maldito illyriano que tentara tocá-la, e Cassian sentiu prazer em saber que ela havia lidado com isso.

Lidado como ele gostaria de ter feito por si só.

Mas quando ela aceitara o pingente, e finalmente havia aberto sua mente para ele, exibindo-se por completo.. todos os seus pensamentos, medos, os curtos momentos de felicidade ou vergonha, tudo.

Desde aquele dia, ele sabia que não havia como negar que de fato, as coisas estavam..mudando. E isso o deixava nervoso.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo ruído da taça, que se espatifara em mil pedaços, indo ao ar e ao chão, junto ao conteúdo, que manchara o vestido da fêmea a sua frente. Lentamente, Cassian desviou o olhar de Elain, para o foco de visão dela. E se não possuísse o menor dos controles, teria feito muito, muito pior.

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑰𝒄𝒆 𝒂𝒏𝒅 𝑩𝒍𝒐𝒐𝒅Where stories live. Discover now