↬𝟶𝟹𝟸 👑

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彡𝐌𝐚𝐫𝐚𝐭𝐨𝐧𝐚 ⅗

Ela se chamava Lurdes Pany, mas todos a chamavam de — A bruxa da rua 15. Quando se é criança sua mãe sempre diz — Não faça isso porque é feio , — Se você não se comporta vou mandar a bruxa vir te pegar e comigo não era diferente, minha mãe sempre dizia para nos mantermos afastados de Dona Lurdes, e quando eu perguntava o porque, ela dizia que ela era meio esquisita e deveriamos nos manter afastados.

Todas as crianças tinham medo dela, acho que nossos pais meio que sem querer nos ensinam desde crianças a termos uma aversão ao que é fora do comum, ao que eles consideram diferente.

Eu tinha aproximadamente sete anos quando ficamos cara a cara, sua aparência maltrapilha no inicio me assustou, suas roupas estavam rasgadas e sujas, seus cabelos desgrenhados e sua pele era seca cheia de rachaduras de uma maneira que nunca tinha visto antes.

FLASHBACK ON

— Você está bem? —— Ela se aproximou me afastei automaticamente. — Você ralou o joelho. Está tudo bem? —— Olhei para o meu joelho que agora sangrava, a surpresa de ficar cara a cara com Dona Pany me fez esquecer do meu recém adquirido machucado.

— Quer ajuda? —— Ela continuou falando comigo, senti suor escorrer por meu rosto, olhava para todos os lados a procura de Lamare de Joalin, mas não os encontrei em lugar nenhum.

Olhei novamente para a senhora com aparência repulsiva fiz menção de me afastar mas antes olhei em seus olhos, eles tinham um brilho que nunca tinha visto antes, ela sorria com o olhar e eles escondiam uma pureza inegável. Dessa vez quando ela me estendeu a mão não hesitei em toca-la. Suas mãos ásperas me lembravam as mãos de minha avó e quando ela sorriu com seus dois dentes da frente faltando eu percebi que poderia confiar nela.

Naquele dia com apenas sete anos eu aprendi a lição mais valiosa de toda a minha vida. Nem tudo que é bonito necessariamente é bom.

FLASHBACK OFF

A olhei se sentar ao meu lado, passava as mãos no vestido perfeitamente engomado como se ainda estivesse algum vinco para arrumar. Olhei para Josh sua expressão era de dor.

— O que está fazendo aqui? —— Repeti a pergunta.

Ela me olhou como se finalmente notasse minha presença e apontou para o lado. Finalmente notei a presença de uma mulher, que presumi ser sua acompanhante.

Os cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo, e seu rosto cheio de sardas que a davam um charme natural contrastava com seus olhos cor de mel. As mãos segura uma mala de couro e no pescoço, um estetoscópio, uma medica. Mas o que ela estava fazendo ali?

— Tsc, Tsc. —— Meus pensamentos foram interrompidos pelo ronronar de Ursula. Voltei meu olhar para ela.

— Bem, essa é a Doutora Cullong, ela veio ver se está tudo bem com vocês. —— Por alguma razão não gostei daquela doutora.

— Joshua não me disse que viriam. —— Minha voz soou áspera.

— Bem, ja estamos aqui. Será que poderia fazer o favor de cooperar, querida. —— Ela retrucou da mesma forma áspera.

Olhei para Josh, mas ele evitou meu olhar. Assenti e seguimos ao meu quarto. Ela preparou alguns aparelhos e uma bandeja com uma seringa e uma agulha perfeitamente alinhadas. Tremi e uma sensação estranha subiu pela minha coluna.

Ela passou um gel gelado em minha barriga e depois pegou um aparelho que presumi ser o que chamam de ultrassom.

Tum tum tum tum.

O barulho ecoou pelo quarto e me fez sorri meus olhos marejaram.

— É o coração do bebê, parece que tudo está estável. —— Senti sua voz fria o que me fez tremer, as médicas geralmente não eram assim.

Quando dei por mim já estava chorando a cada batida do coração do meu pontinho, poderia escutar aquilo para sempre. Meu coração se encheu de alegria com aquele pequeno som. Senti alguém tocar minha mão e quando olhei para o lado, Josh estava lá, seus olhos marejados e um sorriso no rosto. Sorri ainda mais, era o nosso pontinho.

Escutei um barulho do vinil sendo chocado contra a pele e olhei para o lado. A Doutora Cullong terminava de colocar suas luvas e pegava um potinho que examinava atentamente.

Senti Josh apertar minhas mãos quando ela colocou o liquido na seringa se aproximando....

— Pode ir agora Senhorita Cullong. —— Ela nos olhou confusa.

— Mas Sen...

— Já disse que pode ir. —— Sua voz estava Irritadiça de uma maneira quase amedrontadora.
— Agora. —— Ela se apressou, pegou suas coisas e saiu quase correndo porta a fora.
— Josh.. —— Úrsula tentou falar mais foi interrompida abruptamente.

— Depois conversamos. Me deixe a sós com S/N. —— Ela assentiu e salu com uma expressão Irritada.

— Está tudo bem ? —— Perguntei.

— Sim, não fui com a cara daquela médica. —— Ele sorriu mas não era um sorriso verdadeiro. Assenti.

— Também não gostei dela. Mas foi incrível não foi? Quero dizer, escutar o coração do pontinho. —— Ele sorriu, dessa vez me pareceu verdadeiro.

— Pontinho ?

— É assim que eu o chamo. —— Ele assentiu sorrindo.

— Posso ? —— Ele perguntou apontando para a minha barriga, assenti.

Ele tocou suas mãos em minha barriga, sorri, ele também sorria. Naquele momento me senti tão intima tão ligada a ele, era como se um laço invisivel saísse da minha barriga e prendesse suas mãos. Foi naquele dia que eu senti a força da nossa ligação.

— Foi mais do que incrível, foi... bem foi...

— Mágico. —— Completei ele assentiu.

— Mágico. —— Sorrimos.

𝓣𝓸 𝓫𝓮 𝓬𝓸𝓷𝓽𝓲𝓷𝓾𝓮𝓭... 

𝐆𝐃𝐔𝐏 | 𝗚𝗥𝗔𝗩𝗜𝗗𝗔 𝗗𝗘 𝗨𝗠 𝗣𝗥𝗜𝗡𝗖𝗜𝗣𝗘 ᵇᵉᵃᵘˢⁿWhere stories live. Discover now