44-Equilíbrio

906 100 37
                                    


-Acha que ela ficou louca de vez?-Ouvi a voz por trás da porta.

-Não diga isso Kotoko!-Brigou com a gêmea, eu não conseguia vê-las, apenas suas silhuetas por baixo da porta.

-Eu não tenho culpa se ela está agindo como uma louca.-Bufou.

Ela estava certa...Que imagem eu passava estando ali, no chão, abraçando minhas próprias pernas em meio a escuridão do quarto trancado.

O que eu podia fazer?Como fazia para parar de tremer?Para reduzir a velocidade da minha respiração?

-Yumi...-Mesmo que seu tom fosse doce ele tinha feito as lagrimas voltarem a cair por meu rosto-Me deixe entrar.Vamos conversar um pouco, tudo bem?

Meu coração acelerou, parecia prestes a sair por meu peito.Minhas mãos antes firmes agora não paravam de tremer, de soar frio.

Eu ainda podia sentir as agulhas entrando em minha pele.Podia sentir o halito do homem em meu rosto, seus dentes rasgando minha carne, as pontas de suas unhas arranhando meu corpo, a marca queimar minha pele...Eu ainda podia sentir.

Podia ouvir sua voz me chamando, sua risada ao ouvir meus gritos, sua fala mansa ao me acordar quando eu desmaiava pela dor, ou quando fingia estar desacordada para não precisar ver seus olhos me observando no escuro, mesmo que eu sentisse sua presença, bem ali do meu lado, o tempo todo.

Cada maldito segundo que estive presa naquele lugar frio, naquele labirinto sem vida que parecia sem saída, sem esperança.

Eu ainda carregava comigo as cicatrizes das incisões mal feitas, cada uma delas parecia prestes a se abrir, a qualquer momento, para que eu sangrasse até a morte...Ou apenas ficasse a beira de chegar ao agonizante fim.

Ainda pedia para morrer, implorava para que tudo acabasse, agora eu podia implorar pela morte enquanto sua maldita marca me causava agonia, como se ele ainda estivesse ali, como se eu nunca tivesse saído.

Mesmo ali, dentro daquele quarto, eu ainda podia senti-lo, dentro de mim, dentro daquela monstruosa marca que me corrompia.

Ele estava ali e nunca mais iria sair.

Nunca mais iria me deixar.

-Yumi eu vou entrar.-A maçaneta girava de um lado para o outro com as tentativas da garota.

-Fique longe de mim!-Gritei utilizando o que havia restado da minha voz-Não me toque!Pare de me tocar!-Fechei meus olhos já doloridos de tanto chorar, me encolhi ainda mais, escondendo minha cabeça entre meus joelhos, tentando me proteger das mãos que me apertavam, que deixavam meu corpo roxo.

-Yumi por favor, você precisa comer...-Era a voz dele, eu estava certa, ele estava ali, estava atrás daquela porta, pronto para me levar de novo.

Gritei quando a porta foi empurrada, como se alguém estivesse querendo arromba-la.

Ele estava ali, estava quase entrando, quase chegando até mim de novo.

Tapei meus ouvidos fingindo não escutar sua voz me chamando, gritando para que ele fosse embora, para que me deixasse em paz.

A porta estava quase abrindo, faltava pouco, muito pouco.

Minha respiração acelerou, meu coração batia tão forte que chegava a ser doloroso, os tremores só aumentavam cada vez mais, me impossibilitando de ficar de pé.

Insuperável Hyuga (Sendo reescrita)Where stories live. Discover now