Isso é um pedido?

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Eu o encaro. Por dentro fico com raiva dele por tornar as cosias tão difíceis. Mas eu não gosto dele! O Nathan é quem eu amo e nada vai mudar isso.

- Por que você tem que tornar tudo tão difícil? - pergunto, já levantando pra sair dali.

Estou quase chegando na porta quando ele responde;

- Porque eu... - ele faz uma pausa, como se estivesse mudando o final da frase - não consigo parar de pensar em você desde o dia em que fui pra São Paulo, Gabi, eu não consigo. Tem noção de como eu me senti quando vi vocês dois juntos? Depois de tanto tempo tentando te esquecer, te encontro aqui, com uma alianaça no dedo - os olhos dele começam a encher de lágrimas - e agora você me pede pra simplesmente ignorar o que eu sinto por você?

Volto para perto dele e não penso duas vezes antes de respondê-lo.

- E o que você quer que eu faça? Diga que ainda tem chance de eu voltar pra você? Não, Paulo, já chega. Você teve sua chance uma vez e deixou passar.

Isso é tudo. Tudo que eu consigo dizer sem chorar na frente dele. Saio de lá o mais rápido que consigo e me tranco no quarto onde dormi.

Me odeio por estar chorando de novo! Mas o que mais eu posso fazer? Eu não queria que as coisas terminassem desse jeito.

De qualquer modo, o mais importante agora é falar com o Nathan. Ele é quem realmente importa.

HORAS DEPOIS:

Terminamos de tomar café da manhã e quem iria voltar pra casa antes do almoço - como eu e o Nathan - , foi para os quartos arrumar as coisas. Não era uma tarefa muito difícil já que trouxe coisas só para passar um fim de semana. Guardo tudo na mala e assim que fecho o zíper, o Nathan aparece na porta.

- Tudo pronto? - ele pergunta.

- Sim, só vou escovar os dentes e podemos ir.

Isso é tudo que dizemos. Ele pega minha mala e a leva para o carro. Pela janela posso vê-lo.

Escovo os dentes e desço as escadas. Todos estão na sala, de modo que é fácil nos despedirmos. Quer dizer, todos menos o Paulo. O que me deixa feliz. Eu e o Nathan damos tchau para toda a nossa antiga turma. Passo meu número de telefone para a Jasmin e digo que espero poder vê-la de volta, logo.

Entramos no carro e saímos da enorme chácara. É uma sensação de alívio tão grande que eu nem sei como explicar. Agora tudo vai ficar bem, tenho certeza.

Eu e o Nathan não falamos nada durante uns quinze minutos. Então, ligo o rádio. Está tocando Thinking Out Loud, do Ed Sheeran. Olho pra ele pelo canto dos olhos e começo a cantar de um jeito engraçado. Sei que ele está tentando continuar bravo comigo mas está prestes a rir tanto quanto eu.

- Você não existe - diz ele, rindo de mim.

- Eu sou demais, né? - pergunto, também rindo.

Ele revira os olhos de brincadeira e depois sorri, concordando. Sei que ele não me perdoou ainda porque o conheço melhor do que qualquer outra pessoa, mas ele vai me perdoar. Isso é algo que eu amo no nosso namoro: a simplicidade. É tão simples fazer as pazes um com o outro que todas as brigas parecem uma piada.

Não conversamos muito durante o caminho, mas tenho uma ideia. Quando chegamos no meu prédio e descemos do carro, começo a falar.

- Quer vir jantar aqui hoje? - convido com um sorriso.

- Claro - ele responde enquanto tira minhas malas do bagageiro.

 Ele não parece muito feliz com a ideia, mas eu não posso culpá-lo por estar bravo comigo. Eu também agiria dessa forma.

Minha mala não é pesada, de modo que peço pra ele não se incomodar em levá-la até o apartamento. Antes de entrar no carro de volta, ele se aproxima e me dá um beijo NA BOCHECHA. Obrigada, amor. Tudo bem, sorrio e digo que nos vemos mais tarde, ele assente e vai embora.

Quando entro em meu apartamento minha irmã está fazendo o almoço. Deixo a mala em meu quarto e vou até a cozinha.

- Então - ela se vira pra mim enquanto mistura alguma coisa na panela - como é que foi?

Desabo na cadeira e fico bebericando um copo de suco.

- Pior impossível - digo e ela parece supresa.

- Aé? Por que?

Balanço a cabeça e ela entende que não quero falar sobre isso. Contudo, conversamos um pouco enquanto almoçamos e depois eu me ofereço para lavar a louça. Então me lembro de uma coisa.

- Manu, você me faria um favor hoje? - pergunto enquanto lavo os pratos.

- O que você quer?

- Você podia sair com alguma amiga de noite? É que eu chamei o Nathan pra jantar aqui e quero fazer algo romântico só pra nós dois - digo fazendo a cara mais fofa do mundo e ela dá risada.

- Ah, tudo bem - ela sorri - eu já ia sair com a Jéssica mesmo. Vê se não apronta, ta?

- Eu? Aprontar?

- Isso mesmo e você sabe do que estou falando.

- Fica tranquila, maninha - nós rimos.

O dia passa voando. Arrumei a casa toda, fui ao mercado comprar as coisas para o jantar e finalmente tudo está pronto pra quando o Nathan chegar. Bom, tudo menos eu. Ainda tenho que me arrumar, e é o que faço. Coloco um vestido simples, mas lindo. Faço cachos só nas pontas do cabelo e me maqueio. Sem dúvida, ele vai amar.

A sala e a cozinha estam iluminadas apenas pela luz de velas. Preparei o jantar todo sem ajuda da minha irmã - o que é um milagre - e tudo está maravilhoso. Quando o interfone toc, meu coração dispara. O porteiro avisa que o Nathan já está subindo.

Em alguns segundos, a campainha toca e eu disparo para a sala. Respiro fundo e abro a porta devagar. Os olhos dele se iluminam ao ver a mudança no local, ele com certeza não esperava por nada disso. Um sorriso se abre em seu rosto e eu o convido para entrar.

- É impossível ficar bravo com você desse jeito - diz ele e me puxa pra perto.

Nosso narizes se tocam ele me beija delicadamente, como se eu pudesse quebrar a qualquer instante. Aos poucos - mas sem nos soltarmos - vamos para o sofá. E a cada toque dele, parece que meu coração vai explodir. Aos poucos, os beijos vão ficando mais intensos e cheios de paixão, é como se não houvesse mais ninguém no mundo além de nós.

Eu ficaria ali com ele pelo resto das nossas vidas, mas temos um jantar nos esperando. Ele fica surpreso quando digo que preparei tudo sozinha.

- Não acredito que você fez tudo isso só pra nós - diz ele enquanto toma um gole de vinho.

- Eu aprendi várias coisas com a Manu - olho nos olhos dele - já posso até casar, não acha?

Ele dá risada.

- Só se for comigo - diz ele, sorrindo.

- Isso é um pedido? - digo de brincadeira, ainda somos muito novos pra isso.

- Ainda não  - nós rimos - mas um dia vai ser.

De repente, a conversa deixa de ser uma brincadeira entre nós dois. Ele está falando sério sobre um dia me pedir em casamento e isso faz eu me sentir especial de verdade. Tudo bem, vai demorar, afinal, ainda nem fiz vinte anos, mas só a possibilidade de passar o resto da minha vida ao lado dele, já me faz ter certeza de que é o que eu quero pra nós.

- E nesse dia eu vou estar pronta pra te dizer que aceito.

My Best MistakeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora