Seu sorriso

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Encaro as paredes do quarto como se elas pudessem, de alguma forma, me dizer o que fazer agora. Estou sentada em minha cama, agora meus olhos estão fechados e as lágrimas molham meu rosto.

Não sinto vontade de fazer qualquer coisa. Apenas me deito, abraço meu travesseiro e deixo as lágrimas escorrerem.

Tento entender o motivo de tudo isso estar acontecendo comigo, mas não consigo. 

Imagino se o Nathan está feliz com isso. Espero que não, porque por dentro eu estou desmoronando.

Quatro horas depois:

Acordo assustada com o toque do celular. Demoro alguns segundos pra me lembrar onde estou e o que aconteceu, então toda a tristeza volta a me torturar. Olho para a tela do celular e vejo a foto do Paulo, e logo abaixo, o número do celular dele.

O brilho da tela me hipnotiza. Deixo o celular tocando até que o Paulo desista de falar comigo.

Começo a pensar no que fazer agora que o Nathan e eu estamos "separados". Em meu coração, sei que não quero dizer ao Paulo que não podemos mais ser amigos, mas sei também, que se eu continuar com isso, o Nathan não vai voltar pra mim.

Depois de dois minutos, o celular volta a tocar. Decido atender e ver o que ele quer.

- Oi, Paulo - falo ao atender.

- Oi, Gabi - ele responde - tudo bem?

- Tudo - minto - e você?

- Também - ele diz de um jeito feliz - eu preciso falar com você mas tem que ser pessoalmente. Você vai fazer alguma coisa hoje?

Meu coração se acelera e começo a pensar em todos os possíveis assuntos que ele tem pra falar comigo. Não quero aceitar, mas de repente é uma boa oportunidade pra conversar sobre termos que nos afastar. Respiro fundo, tomando coragem para respondê-lo.

- Não, não vou fazer nada. O que você pensou em fazer? - pergunto.

- Tem uma sorveteria aqui perto, a gente podia dar uma volta e depois tomar sorvete.

- Legal, vamos sim - digo - que horas?

- É.. Daqui a quinze minutos? - ele diz e nós rimos um pouco.

- Tudo bem - respondo.

- Daqui a pouco passo aí, ta?

- Ok, beijo - falo antes de desligar o telefone.

Vou para o banheiro e lavo o rosto duas vezes, tentado melhorar minha cara. Não tenho a mínima vontade de me arrumar, mas preciso trocar de roupa e passar maquiagem pra esconder o vermelho da minha pele, que ficou assim porque chorei.

Faço tudo isso bem rápido e vou para o andar de baixo, onde meus pais e minha irmã estão sentados no sofá. Quando chego, todos me encaram de um jeito estranho, como se eu devesse explicações a eles por ter passado tanto tempo trancada em meu quarto. Mas ninguém me faz perguntas.

- Eu vou dar uma volta, não demoro - é tudo que digo a eles antes de sair.

Me sento na escadinha da varanda para esperar o Paulo e aproveito esse tempo pra pensar em como contar tudo sem que ele me odeie pra sempre. Depois de cinco minutos, ele chega com um sorriso lindo nos lábios.

Então começo a me sentir a pessoa mais cruel do mundo porque, daqui a alguns minutos, vou ser a culpada por esse sorriso ter desaparecido do rosto dele.

My Best MistakeWhere stories live. Discover now