Foi real?

211 19 5
                                    

POV Gabi:


A luz que entra pela janela é o que me despertar. Cubro os olhos com as mãos e faço uma careta.

Minha cabeça parece estar a ponto de explodir. Olho em volta, para então me lembrar que estou na casa da Jasmim. Espera... O PAULO!

"Eu te amo tanto" foi um sonho? ele disse aquilo? Não consigo me lembrar, é impossível. Passo quase meia hora pensando nisso, mas não há como ter certeza do que aconteceu ontem. Na verdade, não lembro de absolutamente nada! Isso me assusta muito.

- Jasmim, acorda - eu digo, tocando seu braço.

Ela dormiu num colchão bem ao lado da cama onde estou agora.

- Sai - Jasmim resmunga e vira de costas para mim.

- Acorda, anda, preciso saber o que aconteceu ontem!

Ela demora um pouco para acordar de verdade e se sentar no colchão onde dormia. Espero.


- Ta, o que foi? - pergunta minha amiga, agora coçando o olho direito com uma das mãos.

- Tenho que me preocupar com algo que eu tenha dito ou feito ontem?

Ela pensa por um instante antes de responder.

- Muito - Jasmim diz, com um sorrisinho malicioso nos lábios.

SOCORRO!

- O que eu fiz??

- Primeiro você encheu a cara de vodka e depois beijou um cara da faculdade - enterro a cabeça em minhas mãos - aí você foi até o jardim pra vomitar e o Paulo foi ver se estava tudo bem. Eu fui até a porta pora ver se ia rolar alguma coisa, ele não me viu...

- E aí?

- Você ficou grogue no balanço e vocês conversaram por um tempo. Sabe Deus o que você disse a ele - ela ri um pouco - vocês se abraçaram e você deu um beijo nele... Ou pelo menos tentou, porque ele se afastou apesar de eu saber que ele queria ter continuado o beijo.

Meu coração se acelera. Toco meus lábios com a ponta dos dedos. Aquilo aconteceu mesmo. Eu sei.

- Ele foi tão... Tão... Não sei dizer, mas foi lindo ver como ele não deixou você continuar com aquilo. Acho que ele não queria ficar com você desse jeito, sabe? Estava claro que ele queria te beijar, mas te conhece tão bem que sabia que isso acaberia mal no outro dia, então ele se afastou e depois touxe você aqui pra dentro. De madrugada, quando entrei no quarto, seus sapatos estavam ao lado cama e você estava coberta.

- Você falou com ele depois disso?

- Ah, não - ela faz uma pausa e pega o celular em baixo do tavesseiro - mas aqui tem uma mensagem dele perguntando se você está bem e se pode ligar pra ele quando quiser conversar.

- Diz que não to me sentindo bem, amanhã ligo pra ele.

Ela responde e eu me levanto. Peço uma toalha e tomo um banho gelado.

Não consigo deixa de pensar se aquele "eu te amo tanto" foi real ou apenas um sonho. E se foi real?

Eu não mereço alguém como ele. Mesmo que eu nascesse de novo, não haveria como merecer.

Deixo as lágrimas serem levadas pela água do chuveiro. Estou me sentindo tão ridícula por ter bebido e causado tudo isso!


De tarde, colocamos várias cobertas no sofá e fazemos pipoca com bacon. Escolhemos um filme e assistimos usando pijamas. Isso me lembra o ensino médio, quando eu vinha dormir na casa da Jasmim e ficávamos acordadas até tarde vendo filme.

De repente, ela começa a falar.

- Aquela garota que chegou com o Paulo é prima dele, só pra você saber.

- Sério? - pergunto, com a boca cheia de pipoca.

- É, ele nos apresentou e tal...

Olho para o nada, paro de mastigar. Nós duas começamos a rir sem parar! Quase morro engasgada com a pipoca, mas engulo toda ela e continuo rindo. Toda a vergonha que passei parece uma piada.

- O melhor foi quando você beijou o Henrique e saiu correndo pra vomitar, você tinha que ter visto a cara que ele fez - seu corpo se inclina pra trás de tanto rir.

Eu queria continuar rindo também, mas minha cabeça dói tanto que não consigo.

O filme acaba, e junto com ele, a minha energia.

- Amiga, eu preciso ir pra casa, minha cabeça não para de doer - explico - podemos marcar de sair nessa semana, eu te ligo.

- Tudo bem - ele responde contente.

Troco de roupa e pego as minhas coisas. Jasmim faz mais uma piada sobre o meu estado na noite anterior e, em alguns minutos, estou sozinha em meu carro.

Dirijo por quase meia hora. Infelizmente, preciso passar pela rua da casa do Nathan para chegar no meu condomínio. Não resisti e olhei na direção de sua casa.

Na escadinha da varanda, pude vê-lo sentado ao lado da garota loira. Está tudo bem, até que os dois se beijam.

Freio o carro com força, parando bem na frente da casa. Os dois olham na minha direção.

Meus olhos e os do Nathan se encontram por um breve segundo, pela primeira vez desde que terminamos. A garota o encara, sem entender, ela parece perguntar o motivo de ele estar tão estranho de repente. E tudo que ele faz é continuar olhando pra mim, sem saber como agir.

Eu acelero o carro e saio dali o mais rápido possível.

My Best MistakeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora