Nos sentamos no sofá. Manu coloca a bolsa em seu colo e se vira para mim. Nós nos encaramos por alguns segundos. Eu não faço ideia do que dizer a ela.
- Posso voltar outro dia se você não quiser conversar agora...
Seco as lágrimas em meu rosto, e tento conter as que ainda querem escorrer.
- Não, não. - Balanço a cabeça - pode ficar, eu... Eu vou ficar bem.
- Quer falar sobre o que houve?
Solto um suspiro. Afinal de contas: O que está acontecendo comigo??
Penso no beijo que dei no Nathan. Penso no beijo que eu supostamente dei no Paulo. Nos "eu te amo tanto" deles.
Quando eu e o Nathan começamos a namorar, eu tinha certeza de que ele era a pessoa certa, que os planos que tínhamos um dia se tornariam realidade. Mas então o Paulo voltou, e tudo virou de ponta cabeça.
Desde que o vi na chácara, desde que nossos olhos se encontraram pela primeira vez depois de tanto tempo, eu tive a certeza de que parte do meu coração pertencia a ele.
A outra parte? Estava totalmente nas mãos do Nathan.
- Já sentiu que, de uma hora pra outra, todos os seus planos e sentimentos mudaram?
Ela reflete por um instante.
- Estamos falando do Paulo e do Nathan?
Confirmo com a cabeça.
Explico a ela como tenho me sentido e tudo o que aconteceu desde o dia na chácara. Ela é uma ouvinte silenciosa, o que me deixa mais leve enquanto falo.
Depois de uma longa conversa sobre como o Nathan foi ridículo e como eu sou ainda mais ridícula por continuar gostanto dele, e sobre como a Manu sempre achou que eu e o Paulo iriamos acabar ficando juntos...
- Gabi, ele sempre gostou tanto de você - ela começa - se você também gosta dele, então dê uma chance. Se não der certo, tudo bem, pelo menos você não vai passar o resto dos seus dias se perguntando se ele te faria mais feliz do que o Nathan. Aliás, se eu encontrar o Nathan na rua é bom que ele esteja preparado para a morte, ouviu?
Sou obrigada a rir; Ela é a melhor irmã do mundo, com certeza.
Quando me dou conta, já parei de chorar. A Manu tem esse dom: Sempre que não estou bem, ela torna tudo mais leve.
- Acha que eu e o Paulo daríamos certo? Daqui a duas semanas ele vai fazer intercâmbio e só volta daqui a seis meses...
- Mesmo que ele fosse pra outro planeta - ela assegura. - Por favor, ele é tão...Tão...
- Lindo, simpático, inteligente...
- Com certeza mais que o Nathan - ela brinca e nós rimos.
Mas de repente, eu paro de rir. O Paulo é mesmo tão bom, que duvido que um dia eu vá merecer alguém como ele.
- Não acho justo que ele goste de alguém como eu, fala sério, eu não mereço nem metade do que ele é.
Ela revira os olhos, com cara de tédio.
- Não fala besteira, para de ser paranóica.
- Só estou dizendo que...
Ela me interrompe.
- Que você vai ligar pra ele agora mesmo e combinar de sair amanhã porque você tem muitas coisas pra falar.
Ela sorri, satisfeita. Enterro o rosto em minhas mãos.
- Se isso acabar mal, você vai morar na rua - brinco figindo seriedade.
Pego meu celular e procuro o número dele em meus contatos. Depois de discar, minha irmã pede pra que eu coloque no viva-voz. Ok.
- Oi, Gabi - ele diz, ao atender.
Fico sem reação. Manu começa a fazer gestos com a mão e mexer a boca dizendo "fala logo".
- Ahh, é... Oi, tudo bem?
- Tudo, você está melhor?
- Estou, obrigada.
Um silêncio se faz. Manu está a ponto de me bater pra que eu fale de uma vez que preciso vê-lo;
- Você vai fazer alguma coisa amanhã? Pensei em sairmos pra tomar um café - proponho, finalmente.
- Claro - ele reponde, e nós duas percebemos que ele tenta conter o entusiasmo - que horas?
- Às sete?
- Tudo bem - ele responde, contente.
- É...Então... Então ta, tchau.
Desligo o telefone rapidamente, minhas bochechas estão coradas. Manu dá risada e isso me contagia.
- Meu casal! - Ela grita.
- Calma, nós só vamos tomar um café.
Ela me lança um olhar malicioso.
- Aham...
- Pára, Manu - digo, jogando uma almofada nela e damos risada.
Meu celular começa a tocar. Nós duas achamos que é o Paulo, mas quando olho para o visor, vejo o número do Nathan.
- Eu vou desligar - digo.
- Não! Atende, fala que você não quer mais nada com ele, vai.
Fico na dúvida por alguns segundos, mas atendo antes que ele desista.
- Oi.
- Oi... Você saiu correndo sem nem me explicar o que aconteceu, ta tudo bem?
- Está tudo ótimo pra mim, aliás, se você puder parar de me procurar, as coisas vão continuar ótimas.
Ele não entende nada.
- Mas Gabi, eu pensei que você...
- É, eu também pensei que você valesse alguma coisa, mas nós nos enganamos.
Ele começa um discurso sobre como está arrependido, como gosta de mim e uma série de outras mentiras que eu já escutei mais cedo.
- Tchau, Nathan - digo alto, impedindo que ele continue com essa droga.
Respiro fundo. Manu me olha como quem diz "você fez a coisa certa".
Tenho a certeza disso assim que penso no que pode acontecer amanhã.
Estou pronta para dormir, mas é impossível! Manu vai voltar a morar comigo daqui a alguns dias, mas ela vai dormir aqui hoje.
Só consigo pensar no Paulo, nos olhos claros e no sorriso dele...
Meu celular vibra, é uma mensagem. Minhas sobrancalehas se erguem. É como se ele tivesse lido os meus pensamentos.
"Não consigo dormir... A culpa é sua".
Um sorriso ilumina meu rosto. Amanhã eu tenho um encontro com ele!
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My Best Mistake
FanfictionPor mais planos que você faça, por mais chances que você aposte, tudo pode desmoronar em menos de um segundo. Simples assim. Não seria diferente com Gabi. Depois de anos sendo melhores amigos, Gabi e Nathan descobrem um sentimento novo entre eles. T...