É impossível não rir disso enquanto eu o abraço, envolvendo o seu pescoço com os meus braços, bem forte.

— Dixie, eu não consigo respirar. — ele dramatiza, o que me incentiva a soltá-lo.

— Feliz aniversário! — aperto as suas bochechas, mantendo em seguida seu biquinho entre o meu dedo indicador e o polegar. — Está feliz de finalmente fazer dezoito anos? Você sempre odiou o fato de eu ser mais velha que você.

— Sou um homem oficial agora, Dixie. Não fico com raiva disso mais. — ele coloca o cotovelo em cima da minha cabeça, como fazia quando eu zombava dele e da nossa diferença de idade.

— Claro, Sr. Maduro. Eu e o colégio inteiro sabemos disso. — reviro os olhos, e ele abaixa o braço, juntando nossas mãos. A gente começa a andar pelo corredor, com toda a nossa pose de casal.

— Você não vai fazer nenhuma festa para mim, certo? Sabe que eu odeio surpresas e não quero ver ninguém dessa merda na minha casa ou na sua.

— O quê? — minha voz fica vacilante. Começo a rir de nervoso. — Você acha que eu faria isso com você? Sei que não gosta de festas.

— Ótimo, porque eu só ia até elas para vender maconha.

— Você parou com isso, não é? Sabe que é só mais uma razão boba para que você e o Kalel briguem. — cruzo os braços em frente a ele, esperando uma resposta.

— Parei quando a gente começou a namorar. — ele pisca para mim, galentador, e anda na minha frente. — Não vai vir?

— Deixe eu enviar uma mensagem primeiro.

Ele assente. Abro o aplicativo do meu telefone o mais rápido possível, apertando no áudio.

— Cancelem a festa, ouviram? Noah vai pirar se tiver alguma coisa. Can-ce-lem.

Guardo o telefone no bolso de trás. O que me deixa aliviada é que ninguém do grupo tinha feito alguma coisa ainda.

O alcanço pouco tempo depois.

Noah é conhecido como aquele cara que todo mundo sabia que deveria ser capitão. E agora que o Griffin foi apreendido, os dois últimos jogos que eles tiveram nessa temporada, Noah precisou assumir o lugar que era seu por direito desde sempre, se ele fosse mais interessado pelas coisas. Ainda que ele fosse todo nervosinho e assustasse algumas pessoas, muitos lhe desejam feliz aniversário no corredor. Noah coloca um sorriso falso em seu próprio rosto.

Ele vai perdendo-o aos poucos quando chegamos próximo a sala de Amy, a professora de química que ele costumava se encontrar. Ela está chorando, e coloca suas coisas dentro de uma caixa.

Eu o olho apreensiva e puxo sua mão, incentivando aquilo que eu sabia que ele queria fazer.

— Amy… — diz, com cuidado. A ruiva nos olha com desdém e joga dentro da caixa o último objeto. — O que aconteceu?

— Você aconteceu, Noah. Precisava ser assim tão burro de escrever em um caderno todas as suas merdas e me incluir nessa? Bem, estou demitida agora, feliz?

Então, ele me olha. Fico com medo, porque eu não quero que ele pense que eu fiz alguma coisa. Eu nunca faria algo desse tipo, principalmente com ele.

— Noah, eu juro por tudo que é mais sagrado para mim e para você, que eu nunca faria isso. Eu…

— Eu sei bem quem fez isso.

Noah pega fogo. Ele começa a andar com passos largos e concisos. Não tenho tempo para ficar aliviada com o fato dele confiar em mim.

O pouco de paciência que esse menino tinha, se dissipou.

Começo a entender tudo quando ele vê a Samantha deixar a sala do professor de física. Antes que ela continuasse o caminho no corredor, ele puxa o cotovelo dela até o canto do armário.

— Foi você que roubou o meu diário, não foi? — é uma pergunta retórica, ele tem a absoluta convicção disso. — Samantha, Samantha, você pode ter se metido com a Dixie, mas ainda não me conheceu puto de verdade. Foi você?

— Eu… — a ruiva gagueja. Ela tem o medo transbordando dela mesma. — Dixie mantinha ele trancado no armário de educação física com tanta segurança que eu pensei que fosse dela. Eu só publiquei, Noah. Eu juro! Eu não parei para olhar lá.

— Porque você é uma pessoa sem caráter e medíocre. Lá tinham coisas extremamente pessoais sobre mim e as pessoas ao meu redor. — Noah começa a ficar mais irritado ainda, e Samantha enche os olhos de água. Eu o seguro pelo braço e uso o outro para que ele não acabe cometendo alguma loucura, sem pensar direito. — Eu vou ir para alguma boa faculdade e a professora ficará sem um emprego, por puro capricho de ensino médio seu.

— Eu não queria…

— É lógico que você queria, Samantha. Você viu seu namoradinho ser preso, porque ele é um idiota do caralho, e vocês dois se merecem! — ele grita na cara dela, o que a faz recuar e bater as costas no extintor. — Salve o emprego dessa mulher. Ofereça dinheiro para o diretor, diga que eu estava mentindo, fale que você escreveu tudo, ou que na verdade a garota era você. Eu não dou a mínima. Só resolva essa merda, porque se você achou ruim da minha namorada raspar a sua sombrancelha, não vai querer saber o que eu faria com você.

Ela balança a cabeça, amendontrada. Começo a puxá-lo para longe de Samantha. Ela consegue espaço o suficiente para sair, fungando alto para todo mundo ver.

— Eu odeio esse colégio e as pessoas dentro dele. — Noah treme de raiva, e passa a me olhar. Ele tira um resquício de paciência para suspirar e me encarar. — Desculpe se eu assustei você, mas eu escrevi todas as minhas canções lá e… Tudo sobre a Stella, além da Amy e tinha coisas sobre você lá também.

— Tinha?

— Eu cogitei chamar você pra sair uma vez, Dixie. — ele sorri, mas dessa vez, é um sorriso pra lá de tímido. — Só que não deu muito certo.

Only Exception // Dixie and NoahWhere stories live. Discover now