Lisa precisava de um tempo sozinha. Essa convivência comigo estava a afetando. Então, irei lhe dar esse tempinho para pensar nas suas atuais atitudes ao meu respeito.

Tomei um banho bem demorado e desfrutei desse tempo sozinha, fazia muito tempo que eu não ficava assim, relaxada. Minha cabeça ainda latejava um pouco, e devagar, meu mau-humor ia embora. Eu precisava descansar e esfriar a cabeça. Desde que Lalisa chegou, tenho andado muito fora de mim e sem nem me reconhecer.

Brincava com as bolhas na banheira e hora ou outra brincava com a água. Às vezes, me faz falta, minha infância. Minha mãe me faz falta.

Tudo bem que ela não morreu, e que só está viajando. Mas, sinto que eu deveria dizer que a amo mais vezes e deveria demonstrar isso também. Afinal, atitudes valem muito mais que palavras. Contudo, admito que não sou nem um pouco sentimental, e que para sair apenas um "eu adoro" já me dói a garganta.

Quando abri minha empresa, minha mãe me mandou até um psicólogo. Ela acreditava que minha personalidade forte e meu jeito mandona era algum tipo de trauma ou algum amor inacabado. Tecnicamente, ela estava meio certa. Já que o psicólogo a qual recorri, depois de algumas sessões, me explicou que meu comportamento definitivamente não era normal, e que depois que eu lhe contei sobre meu pai, ela definiu que era uma "saudade masculina" ou "falta de presença masculina", ou seja, uma grande de uma merda bobagem. Mesmo não querendo soar machista, aquilo foi machista.

Ele disse, sem nessas intenções, de que eu precisava de "homem". Depois dessa sessão, nunca mais voltei ao seu consultório e nunca mais atendi seus telefonemas. O egocêntrico psicólogo me irritou de tal maneira, que qualquer pessoa que eu conheço, que exerce essa profissão, automaticamente já me irrita.

Eu não concordo nem um pouco com essa de "falta de homem". Como se homem fosse tudo na terra. Eu tinha minha mãe, e tinha a mim mesma. Nós mulheres, somos muito mais fortes do que qualquer homem, e sim, eu sou menosprezando os homens.

Não todos, claro. Mas 99% A maioria deveria ser extinta da face da terra. Os poucos homens que conheci, apenas 3, me fazem sentir orgulhosa deles. Park Chanyeol, Jackson Wang e O Sr. Yoo.

Falando em pessoas como um todo, ultimamente Lisa tem me parecido apta para entrar nessa listinha. Mesmo me causando tantos problemas e pertubações, devo reconhecer que ela cuidou de mim, e que, até agora, não desistiu e saiu correndo como todos fizeram.

Não gosto dela. Claro que não. Mas a odeio menos do que antes, e isso já é um bom avanço.

Percebi que estava tempo demais na banheira quando as pontas de meus dedos se enrugaram, e me causou um certo desconforto. Puxei a toalha que estava pendurada acima de mim e me enrolei nela enquanto saía da água. De lá de dentro, escutei um barulho irritante vindo do meu quarto e me apresei.

Acabei molhando um pouco o chão, mas não preciso me preocupar com isso. Kina pode limpar quando voltar, e Lisa também, já que ultimamente ela tem assumido o papel de "empregada".

Ela tem cozinhado, lavado suas roupas e até limpado o carro. Para quem não sabia tomar banho sozinha a pouco tempo, até que ela está bem prendada.

Sai do banheiro procurando de onde vinha a merda do barulho e me assustei quando vi Lisa parada, em frente a minha cômoda, mexendo em minhas gavetas.

— Eu espero, eu espero mesmo, que você não esteja mexendo nas minhas coisas e que eu esteja tendo uma alucinação. — Fechei os olhos e contei mentalmente até 3, e os abri depois que o prazo acabou. Para minha má sorte, Lalisa realmente estava ali. — Eu juro por Deus, que eu vou te matar lentamente se você não se explicar agora!

Lisa se virou e engoliu em seco enquanto tentava parar de olhar para o meu corpo, que estava coberto apenas por uma tolha.

Realmente, não sei se fico assustada com essa evolução, ou se fico animada por agora, puder fazer o que quiser com ela sem ficar com um certo peso na consciência de tirar sua inocência.

O quê? Não! Meu Deus! O que foi que eu pensei?

— E-e-eu e-estava procuran-do c--canetinhas, Unnie.

Canetinhas? O que a faria pensar, que tenho canetinhas no meu quarto?

— Não seja idiota. — Me aproximei e a empurrei para longe das minhas coisas. — Eu não tenho essa porra!

Lisa abaixou a cabeça e juntou as mãos a frente do corpo. Estava triste, obviamente, mas eu, não queria me importar.

— Me desculpa, Unnie.

Maldita! É claro que eu estou me importando!

Suspirei enquanto passava as mãos em meus cabelos molhados, e a encarei. Ao perceber seu olhar tristonho e seu semblante, decidi que eu devia parar de pegar no pé dela.

Sua vida mudou completamente de um dia pro outro, e desde quando ela chegou, tem me tratado com um certo respeito e com gentileza. E eu só maltratando a garota.

— Tudo bem, Lali. Eu vou comprar canetinhas para você, satisfeita?

O rosto da menina se alegrou e ela começou a pular enquanto pensava se devia ou não me dar um abraço. A figura infantil de Lisa tinha voltado por alguns instantes e eu acabei sorrindo. Era bom vê-la feliz, e imatura.

— Agora saía do meu quarto que eu preciso trocar de roupa. Anda!

Antes de sair, ela continuou sorrindo e me surpreendeu quando selou meus lábios rapidamente. Tão rapidamente que eu tenho certeza que ela nem ao menos percebeu, porque saiu correndo pela porta sem dar a mínima importância.

E acredite, isso tinha sim importância.

Acabei sentindo um aperto no peito, involuntariamente e inconsequentemente, só de pensar em ter algum tipo de relação com essa criança.

Eu não vou mentir. Me senti mal agora. Muito mal.

O que estávamos fazendo era estranho. Muito estranho.

Mas não era por isso que eu me sentia mal.

Me sentia mal, porque eu sabia que era estranho, mas...

... Eu quero continuar.

E pior ainda, pretendo fazer outras coisas com Lisa, além de míseros beijos adolescentes.


2/3 da Maratona

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