Capítulo 5

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7 anos antes

     Eu mal havia conseguido dormir a noite. Assim que amanheceu levantei da cama. Não parava de pensar em Théo. Depois de tantos anos eu me sentia como aquela garotinha de doze anos, que guardava uma fotografia dele debaixo do travesseiro e rezava todas as noites para que um dia eu fosse "a senhora Ana Lúcia de Melo Albuquerque".

A minha vontade era ficar rodando pela casa com Edu até encontra-lo, então eu iria perguntar tudo. Cada detalhe dos últimos anos. Fui tomar banho na suíte em que eu dormia com o Edu.

Tomei uma ducha rápida, desembaracei os cabelos no chuveiro. Sorri ao lembrar que ele me chamava de Ferrugem. No sol meus cabelos ficavam de um vermelho intenso. Enrolei-me na toalha e sai para me trocar no quarto.

Fui pegar minhas roupas na cama, quando vi uma sombra. Olhei do lado e me apavorei:

- Quem está ai? Gritei.

- Calma Ferrugem, sou eu. A porta estava aberta...

Focalizei a figura que estava na minha frente. Com um sorriso zombeteiro e vestido com uma camiseta azul marinho xadrez que realçavam seus músculos, Théo estava irresistivelmente lindo com um jeito meio rústico.

De repente me dei conta que estava apenas com uma toalha enrolada no corpo, me senti corar até a raiz dos cabelos.

- Eu... Eu... Gaguejei.

Sai correndo até o banheiro e me tranquei, meu coração batia aceleradamente. Escutei Théo falando:

- Vou esperar você se vestir aqui fora.

Coloquei um vestido florido, uma sapatilha e deixei meu cabelo molhado. Sai do quarto e encontrei Théo me aguardando no corredor, disse:

- Eu não posso sair agora, estou cuidando do Edu. Daqui a pouco ele acorda.

- Aposto que o Dudu adora você. Pena que vai me privar da sua companhia. Deixa só eu te dar os parabéns, eu mandei aquele e-mail, mas não é igual. Você vai ser uma ótima doutora Ferrugem.

Ele me abraçou, mas não como antigamente. O seus braços ficaram ao redor do meu por um longo momento. Senti o seu perfume amadeirado. Queria segurá-lo, sentir o calor da sua pele para sempre. No entanto, nos afastamos e eu tive a sensação que com ele ficava uma parte de mim, como se a minha vida inteira eu estivesse incompleta e naquele momento tivesse encontrado o que faltava em mim.

Voltei aos meus afazeres diários, mas era impossível me concentrar. Até mesmo olhar para o Edu era um sacrifício, pois ele era tão parecido com o Théo que me fazia ter ideias impossíveis.

Eu imaginava que teríamos um bebê que seria igual ao Edu, com aqueles olhos e cabelos claros e sorriso de covinha. Era um sonho impossível, mas tão bom que eu ficava horas fantasiando como seria minha vida ao lado do Théo. Seria tão maravilhoso que jamais poderia ser real.


Meu AnjoWhere stories live. Discover now