- Estável. - Corrigiu a si próprio. -

- Como estava se sentindo a uma semana atrás? - Anotei pequenos rascunhos nas laterais da folha. -

- Distante. - Suspirou baixo olhando a própria mão, talvez os anéis depositados nela. -

- Porquê?

- É quase inevitável eu não me sentir distante em alguns dias. - Afirmou. - Você nunca se sentiu assim? Distante.

- As vezes, mas era por estar em um transe momentâneo. - Relembrei. - Você diz estar distante, se refere aos dois dias seguidos durante esses dois meses?

- Sim, há algo haver também. - Confirmou. -

Eu não disse nada durante um tempo. Observei a postura de Jungkook, estava com os braços cruzados e com a coluna reta, com a cabeça um pouco inclinada para o lado ainda me encarando.

- O que você acha sobre sentir dor? - Perguntou-me, umidecendo os lábios. -

Franzi os celhos, seu tom se assimilou a um sadomasoquismo?

- Fisicamente ou Emocionalmente? - Perguntei por fim. -

- Fisicamente.

- Há dores que causam sofrimento e cicatrizes, e dores que causam um prazer infame. - Respondi me curvando um pouco para frente, sem afastar nossos olhares. - As que você me proporciona são um belo exemplo. - Finalizei sorrindo de lado. -

Ele mordeu o próprio lábio e elevou a cabeça para cima, se contendo em dizer algo e negando devagar, sorrindo de um jeito estranho.
Estranhamente obsceno mas ainda assim bonito.

- Eu lhe proporcionaria uma sensação gostosa neste momento se não estivéssemos fazendo o trabalho. - Confessou depositando uma perna encima da outra, formando um triângulo. - Mas primeiro essa é nossa prioridade.

- Quer saber o que acho sobre a dor emocional? - Perguntei-lhe cortando aquele deslize momentâneo. -

- Prossiga.

- Eu acho que podemos amenizar-lá fazendo coisas que nos faz sentir bem, estar com alguém que nos faça bem, estar seguro com nós mesmos e acreditar nesse potencial. - Eu disse sincera. - Sei que todos temos medos e monstros guardados, cicatrizes que não podem ser curadas imediatamente e talvez nunca possam ser, mas não podemos nos prender ao passado, Jungkook.

- E você quer saber o que eu acho, Doutora? - Perguntou retórico e debochado. - Acho que essa dor, apenas alimenta nossa fraqueza.

- E qual é a sua fraqueza, Srº Jeon? - Ergui uma de minhas sobrancelhas enquanto recebia seu olhar desentendido varrer o chão. -

- Não me chame assim. - Repreendeu sem forças. -

- Então não me chame de Doutora apenas por estarmos praticando um trabalho. - Repreendi. - Não precisamos de formalidades.

Ele bufou revirando os olhos, novamente eu fiz a pergunta.

- Qual a sua fraqueza?

- Nenhuma! - Exclamou. -

- Se lhe serve de incentivo, Jungkook. - Respirei fundo. - Eu tenho paralisia do sono, tenho um forte medo de dormir e quando acordar não conseguir me mexer ou falar. Felizmente isso acontece pouquíssimas vezes, quase nunca, mas ainda sim, é um grande medo que tenho.

Jungkook desviou nossos olhares novamente, fitou a vista daquela sacada por alguns minutos sem dizer ou expressar nada.
Mas ele não precisava, sei que mesmo não demostrando, seus pensamentos iriam longe demais.

limits of attraction • JJKDonde viven las historias. Descúbrelo ahora