[05] Ele lembra.

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Estão prontos para o reencontro do anjo e o Diabo? Tenham uma leitura terrível 👉🏻👈🏻 Peço que deixem seu votinho e comentem, me ajuda demais! Muito obrigado, desde já!

#AnjoEmApuros

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|05|

Ele lembra.

"Ela sabia que ninguém acreditava no homem mau, e ele agora também estava morto. O homem mau e o menino mau estavam mortos, ou então tinham sido apenas parte do sonho. E o sonho agora se dissipara para sempre.

Só ela ficara, e ela era real.

Ser a única, saber que se é real – isso é sanidade, não é?"

Psicose,

— Robert Bloch

¿?

Por alguma razão, comecei a entrar em pânico. Acho que fiquei tão desacreditado quando ele disse meu nome, que passei a achar que estava imaginando coisas. Depois passei a pensar que era burrice demais pensar o que pensei, logo o que havia pensado em não pensar, de fato, havia acontecido.

E essa foi a pior parte de toda aquela percepção maluca, porque, depois que percebi o que estava escancarado bem na minha frente (no caso: Jungkook, e ele lembrava de mim), comecei a pensar em todas as maluquices possíveis. Por exemplo: e se eu tivesse enlouquecido e imaginado ter ouvido ele dizer meu nome? E se ele estivesse me pregando uma peça? E se eu, tão doente, estivesse me pregando uma peça?

Então, ele perguntou novamente:

— Jimin... é você?

E minha reação imediata foi

— Não.

a de negar.

Depois, senti uma enorme vontade de rir. Quis bater na parede e rir bem alto, talvez alto o suficiente para chamar a atenção dos Comensais ou de qualquer outro demônio às ordens de Oxelfer. Porque aquela era a maior piada de todas! Que gesto mais burro foi negar uma pergunta tão simples! Fez eu me lembrar do dia, nove anos atrás, em que "acordei" como Hades e tive que fingir ser outra pessoa (no caso, eu mesmo). Foi um gesto automático, sequer pensei antes de negar.

Mas ele não pareceu comprar a negação; suas sobrancelhas se estreitaram quando cerrou os olhos e emitiu um murmúrio investigativo.

— Não — disse. — Tenho certeza de que você é Jimin.

— Não tem não — respondi bem rápido, mais uma vez por instinto.

— Tenho sim — retrucou, soando aborrecido.

— Não tem — retruquei.

— Por que eu não teria? — Replicou, já confuso.

Não pensei bastante, sequer tinha tempo para isso, agarrei um punhado de seu cabelo e puxei seu rosto violentamente para frente. Ele bateu a testa em uma das barras da cela e apagou no chão.

— Porque você está dormindo — sussurrei.

Escutei o barulho de passos soando à distância no corredor, ficando cada vez mais altos. Alguém estava se aproximando. Olhei para os lados à procura de algum lugar em que pudesse me esconder. Precisava ser rápido. Não havia nenhum. Então, olhei para cima e encontrei um vão entre a cela de Jungkook e o teto. Era pequeno, mas eu teria de caber. Precisava ser rápido. Não podia usar minhas asas para chegar até lá, todavia, porque elas eram grandes e fariam barulho quando eu alçasse voo. Por isso, escalei através das grades da cela de Jungkook, mesmo que desajeitadamente. Quando o demônio adentrou o corredor, eu já estava apenas com o antebraço esquerdo para fora, o qual tratei de esconder rapidamente.

Nas Mãos do Diabo [2] O KhaosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora