𝟬𝟴

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Allison acordou com o rosto inchado. A primeira coisa que fez foi se olhar no espelho e sentir desgosto de si mesma. O quão hipócrita ela poderia ser? Pois é, nem ela mesma sabia.

Afastando pensamentos negativos, a garota foi à escola praticamente do mesmo jeito que acordou: sua cara estava amassada, porém seu cabelo estava incrivelmente arrumado, seu novo uniforme estava um pouco amarrotado e ela parecia estar em outro planeta. Mesmo assim seguiu sua vida, tentando ficar acordada o máximo que conseguia.

Chegando lá, Allison passou por seus amigos sem cumprimentá-los, o que fez os mesmos estranharem. Ela estava torcendo para que ninguém percebesse o quão mal ela estava. E então, assim que a garota entrou na sala, ela foi para seu lugar e abaixou sua cabeça, esperando a professora chegar.

(...)

A Wang não conseguia de maneira alguma prestar atenção na aula, estava tão cansada. Não havia dormido o suficiente noite passada, e mesmo assim seus pensamentos ainda a perturbavam. Sua mente estava à mil, junto com seu coração.

Se dando por vencida, Allison desistiu de tentar se concentrar naquela aula. Seu olhar foi logo para Jisung, que coincidentemente também não estava prestando atenção em nada do que era falado. Os dois trocaram breves olhares, que, por mais que foi apenas por alguns segundos, conseguiu ser intenso para a garota, e conseguiu contar tudo o que Jisung queria confirmar: Allison não estava bem.

(...)

— Estão liberados. — disse a professora Kim.

O sinal bateu e todos saíram desesperados para fora de sala. Allison foi a última a sair, sendo arrastada pela professora.

— Vamos, srta. Wang! Eu preciso lanchar. — apressou a garota.

— Ah, desculpa.

— Você não me parece bem. Aconteceu algo que queira compartilhar? — qualquer um conseguia perceber que Allison não estava bem.

— Eu não sei se quero... mas obrigada. — ela sorriu e se despediu da professora, saindo dali.

Sem vontade alguma, a garota foi diretamente para o jardim se encontrar com Jisung. Assim que chegou, foi recebida com um sorriso sem graça.

— Obrigado por vir. — Jisung agradeceu, observando Allison se sentar ao seu lado embaixo da mesma árvore.

Ela sorriu sem dizer nada.

— Sabe por quê eu estava chorando no telhado ontem?

— Agora confia em mim para contar?

— Depois do que fez ontem eu parei para pensar nas coisas que você tem feito por mim e... e você não tem recebido nada em troca.

— Olha, Jisung, se for por causa disso, eu disse que faria por qualquer um. É só ter um pouco de empatia que você consegue ver. — tentou ser sincera com o garoto, mas acabou sendo mais fria do que esperava.

— Você é a única que tem empatia aqui. Obrigado por isso, mesmo.

Em nenhum momento Allison olhou para a cara de Jisung, e Jisung para a de Allison. O clima estava estranhamente desconfortável para ambos, e eles nem sabiam o porquê.

— Aquela pulseira tinha um significado especial para mim. Eu não sei, eu só gostava dela e sempre que a usava coisas boas aconteciam. E ser humilhado assim na frente de toda a escola só me fez perceber o quão miserável minha vida pode ser. — depois de soltar o que estava preso dentro de si, o Park suspirou.

— Não fale assim. — Allison tinha seu olhar fixo no chão. Depois, passou a olhar para tudo ali, menos para o garoto. — Coisas ruins acontecem agora para no futuro coisas boas acontecerem. E mais, às vezes a vida faz isso para colocar alguém em seu caminho. — finalmente ela olhou para Jisung, e ele para ela. Eles trocaram olhares mais uma vez, e, dessa vez, ficaram se encarando por mais tempo, como se nenhum dos dois quisesse desviar o seu olhar.

De repente o clima ficou estranho. Allison parou para pensar no que havia dito e percebeu que naquela situação poderia ser um pouco constrangedor. Sendo assim, voltou a fitar o chão rapidamente.

— Sabe, se você estiver livre na segunda também, podemos lanchar juntos de novo. — o garoto a ofereçeu envergonhado.

E ela se sentiu mal mais uma vez. Porém, assentiu e sorriu, escondendo todas as suas dores.

— Por que está assim hoje? — Jisung tentou puxar conversa mais uma vez, tirando uma bala do bolso de sua calça. — Quer? É de morango.

— Assim como? — se fez de desentendida, pegando a bala da mão de Jisung. — Está... amassada...?

— Ainda dá para comer. E não finja que não sabe o que é. Todos perceberam que você está mal. — depois de dizer, ele pegou mais uma bala de seu bolso, tirou o papel e colocou em sua boca.

A garota fez o mesmo que o menino: tirou o papel da bala e a colocou em sua boca, logo depois fazendo uma careta. Sem querer, acabou sorrindo, e por alguns instantes aquele sentimento de culpa que antes ela carregava, agora não estava mais em si.

Jisung revirou seus olhos, desistindo de tentar conversar com Allison. Ele encostou sua cabeça no tronco da árvore, pegou seus fones de ouvido e começou a olhar para o nada, enquanto ainda mastigava sua bala.

— Qual música é dessa vez? — ela perguntou.

O Park demorou para respondê-la; ele ainda estava mastigando. Assim que engoliu, prosseguiu:

— I can't make you love me.

Desde então, nenhum dos dois disse mais nada; Jisung estava concentrado em sua música e Allison estava pensando, pensando em como dar a pulseira para o garoto.

Sendo assim, ela suspirou e tirou algo do bolso de sua blusa, o que fez com o que a atenção de Jisung fosse para si mais uma vez.

— É... — ela começou. — Eu... ah, toma, não tenho o que dizer. — estendeu a pulseira colorida para que o Park conseguisse pegar. Ele pegou, a olhou e fez uma cara estranha. — Eu comprei para um amigo mas... é só que você gosta de pulseiras, né? Então, estou de dando uma, é isso. Tchau.

Allison havia ficado nervosa tão de repente, nem ela sabia como ficou naquele estado. Ela saiu de lá tão rápido que Jisung nem conseguiu se despedir, muito menos agradecer.

Ela voltou para a sua sala e se sentou, respirando fundo várias vezes e tentando se acalmar.

MANIAC × PJSWhere stories live. Discover now