Allison chegou em casa e foi imediatamente para seu quarto. Ela sempre ia com Sooyoung, mas naquele dia foi na frente, pois precisava ficar sozinha.
A garota deitou em sua cama, de uniforme e tudo, e começou a pensar. Mas antes, ela pegou a tal pulseira que estava em sua cômoda, e passou a olhá-la. Como um simples objeto, ou como ela gostava de dizer, como uma simples coisinha poderia ser tão importante naquele momento? E se essa pulseira a aproximasse de Jisung? Existiam várias possibilidades de várias coisas acontecerem. E no final das contas, a garota acabou dormindo com aquilo nas mãos, esquecendo completamente de se encontrar com Renjun para que os dois pudessem fazer o trabalho.
(...)
Naquele dia, Jisung parecia mais triste que o normal. E isso foi motivo para mais brincadeiras da parte de Jeno, pois Mark e Haechan estavam perturbando outros alunos.
— Maníaco, o que acha de lanchar comigo hoje, hein? Poderíamos fazer algo juntos, o que acha? — como de costume, Jeno colocou seu braço em volta do pescoço de Jisung.
O Park nunca dizia nada. Nadinha de nada, nem mesmo murmurava. Ele sofria em silêncio, e isso acabava com ele por dentro.
— Me responde, Sunggie. — o Lee disse em um tom divertido e bagunçou os cabelos do garoto. — Aah, você é tímido, né? Tudo bem, nos encontramos em frente à sala de artes, ok?
Apertar seus lábios foi a única coisa que Jisung conseguiu fazer no momento. Todos estavam olhando para ele e Jeno, nenhuma novidade. Mesmo depois que o Lee tirou seus braços dos ombros de Jisung, as pessoas ainda mantinham seus olhares neles.
O garoto foi pra sua sala e se sentou em seu lugar. Jisung só queria fugir de tudo aquilo. Ele queria ser um aluno como todos os outros, queria ser tratado como todos os outros. Mas não, com ele tinha que ser diferente. Por que não podiam simplesmente deixá-lo em paz? Era pecado? Allison era outra que não entendia o porquê de fazerem isso com ele. Poxa, ele também é um ser humano.
As aulas eram mais calmas, até porque os professores não permitiam nenhum tipo de comentário maldoso sobre Jisung, ou qualquer um ali. É claro que alguns alunos sempre davam um jeito de insinuar algo ruim sobre o garoto, mas o que ele podia fazer era apenas ignorar.
(...)
O intervalo, querendo ou não, era mais agitado. Jeno não desistiu da idéia de comer com Jisung, e isso só piorava as coisas.
— Vamos comer juntos hoje. — Jeno disse e saiu puxando Jisung.
Todos estavam curiosos, queriam muito saber o que ia acontecer. E queriam mais ainda rir da cara de Jisung. Porém, não eram corajosos o suficiente para seguí-los. Quer dizer, a maioria não era, mas Allison... quando se tratava de Jisung, coragem era o que não lhe faltava. Desse modo, assim que Allison viu o Park sendo "arrastado" pelo Lee, ela foi atrás deles sem pensar duas vezes. Todos ficaram boquiabertos — inclusive Jaemin e Yongsun — com tamanha coragem da parte dela.
Depois que Jeno e Jisung pararam em frente à sala de artes, Allison decidiu se esconder em um canto para não ser vista pelos dois. Talvez, só talvez, a garota estivesse um pouco insegura com suas decisões. Agir com o coração antes de pensar nas consequências poderia não ser uma boa opção.
— Espere aí, maníaco. Se você sair vai ser pior. — Jeno disse.
Jisung se encostou na parede e fechou seus olhos. Ele sentia que algo de ruim iria acontecer. E Allison também.
De repente, todos os alunos que antes hesitavam em ir ver o que iria acontecer, estavam ali. Se bobear tinha até mais gente do que antes. Allison estranhou de primeira, mas depois de ligar os pontos ela entendeu o que estava prestes a acontecer. Quando viu Jeno saindo da sala de artes com dois baldes de tinta vermelha, ela teve certeza.
Allison sabia que se pensasse muito desistiria na hora. Então, ela entrou na frente de Jisung sem pensar, e recebeu um balde de tinta como resposta.
A tinta vermelha escorria por todo o seu corpo. Seu rosto estava parecendo um tomate, e só seus olhos estavam visíveis. O cabelo era o pior, pois seria mais difícil de lavar. E quanto ao uniforme... Bom, comprar um novo seria melhor.
— O que você pensa que está fazendo?! — Jeno perguntou frustrado.
— Allison... — Jisung murmurou.
— Até que eu não fico tão ruim de vermelho, né? — a garota perguntou em um tom divertido, e sem vergonha alguma, se virou para todos os outros ali presentes.
A situação foi bem melhor do que todos esperavam. Além de render vários memes, Allison ainda conseguiu impedir que Jeno fizesse algo ruim com Jisung. E quanto ao último citado, ele estava chocado, não sabia como reagir.
— O que está havendo aqui? — a diretora, que andava no meio das pessoas, perguntou.
— Droga! Vem comigo. — o Lee puxou o braço sujo de Allison, e eles saíram dali antes que a mulher conseguisse chegar até eles.
Com o propósito de fugir da diretora, Jeno saiu correndo com Allison, que ainda pingava tinta. Os dois percorreram a escola inteira. E então, finalmente pararam em um lugar, aonde ninguém poderia achá-los.
— O que você pensa que está fazendo? — incomodada, Allison perguntou.
— Nos livrando de uma bronca. — ainda segurando o braço da garota, Jeno disse. Depois de tomar um suspiro profundo, continuou: — Por que raios você tinha que entrar na frente dele?
— Você ainda pergunta? Achei que fosse óbvio, não? — Allison falou, tirando seu braço das mãos do garoto. — Você está se livrando de uma bronca, eu não fiz nada.
Jeno colocou uma de suas mãos em seu queixo, pensando no que fazer. Enquanto isso, Allison se sentou em um cantinho e fechou seus olhos.
— Você está bem próxima do maníaco. — ele comentou.
— Nem tanto, eu não me consideraria íntima dele. Afinal, ele não confia em mim. — a chinesa falou e depois soltou um riso fraco. — E com razão.
— Você consegue falar com ele, isso já é grande coisa. — parando de andar de um lado para o outro, Jeno parecia bolar um plano em sua mente. — Espera, você consegue falar com ele.
O Lee estava processando tudo em sua mente. Suas intenções claramente eram sujas, e Allison notou isso.
— Se não percebeu, ainda estou suja de tinta e por sua culpa. Então, se me der licença... — a garota se levantou.
— Não saia enquanto eu não disser pra sair. — dito isso, Jeno segurou o braço da chinesa com certa força. Ele se aproximou do rosto de Allison e olhou no fundo de seus olhos. — Você fará o que eu disser.
