Nuances Na Paleta Do Amor | TH |

II. ➹

Estava cansado de tudo. Até mesmo de tentar se abrir para expressar seus sentimentos. 

Por isso, Taehyung apenas negou com a cabeça e forçou a sorrir. 

Não era um sorriso verdadeiro, ele sabia assim como Jungkook também sabia. Porém, se convenceu que o irmão acreditara que estava bem, às vezes era melhor fazer isso do que pensar em algo para falar.

── Agora que terminara seus estudos, ficará em Leondeon, Tae? ─ A Duquesa perguntou docemente, sentia falta da companhia do filho. 

Era difícil para ela ficar longe dos filhos e sabia que Namjoon também pensava assim. 

── Ainda não decidi, mãe. ─ Taehyung soltou outro suspiro, tomando um gole de chá. 

── Faz muito anos que não passa um tempo com sua família. ─ Namjoon olhou o filho, tentando desvendar o que ele pensava. ── Essa casa não é a mesma sem você.

Taehyung sorriu. 

Queria ficar mais tempo com seus pais, porém preferia passar estudando, assim os decepcionaria ou se sentiria sufocado pelos desejos dos pais para o futuro dele. 

Embora Taehyung soubesse que faziam tudo para seu bem, aquilo o deixava vazio. Assim foi quando passou na faculdade de Direito em Dogteughan ─ escolheu seguir os passos do pai e irmão ─, e também quando se dedicou a aprender tocar piano, desejo de sua mãe que amava música. 

Taehyung não odiava essas coisas, apenas decidira seguir as vontades dos pais em vez das suas. Fora suas escolhas, afinal, não podia culpá-los por não dizer o que queria.

Não queria decepcioná-los como já fez no passado, quando era mais jovem. 

O semblante de reprovação do pai e o de preocupação com misto de decepção da mãe ainda estavam gravados em suas memórias. Jamais esqueceria aquela madrugada onde sentiu todos tipos de sentimentos e emoções ruins. 

Pela primeira vez em toda sua vida, sentiu o desespero de perder alguém e ainda mais por sua causa. Não aguentaria o peso da culpa caso seu tio Jin tivesse morrido, após ser baleado em seu lugar. 

O sangue quente escorrendo por suas mãos e roupa, lavando o chão pareciam tão vivas em sua mente, assombrando-o em seus sonhos, sempre que pensava que poderia ser o verdadeiro Taehyung no dia seguinte. 

A verdade era que não podia, estava fadado a seguir o que decidiam para ele. Embora odiasse, aceitou sua condição e nunca mais fez nada que não lhe fosse dito para fazer. 

── Poderia ficar até a temporada acabar. ─ Hyejin abriu um sorriso enorme, entusiasmada com a ideia.

── Agora que ele fica. ─ Kangjoon falou irônico, recebendo um beliscão da mãe e rindo da mesma que fazia uma careta para ele.

── Mas até que não é uma má ideia. ─ Jungkook olhou Taehyung, com um sorriso travesso. ── Assim, poderia descansar um pouco das garras da mamãe. 

── Kim Jungkook! ─ A Duquesa o repreendeu com o olhar e Jungkook franziu o nariz sorrindo inocentemente. ── Vocês passam uma ideia muito ruim da mãe de vocês. 

Namjoon balançou a cabeça, tentando não rir da esposa sempre que ela fazia drama.

── É apenas a verdade mamãe. ─ Kangjoon piscou, com um sorriso estampado em seu rosto. 

Taehyung não se conteve a rir quando a Hyejin arregalou os olhos acastanhados com a fala de seu irmão. 

── Pois bem, faço isso para o bem de vocês. ─ Hyejin balançou a cabeça, fechando os olhos pensando em como todas suas atitudes eram certas. ── Toda mãe quer ver seus filhos bem encaminhado na vida. 

Namjoon ergueu os olhos do jornal, a fim de olhar os semblantes desinteressados dos filhos no assunto. Não podia repreendê-los porque até mesmo ele fazia o mesmo na idade deles.

Taehyung abriu a boca várias vezes, pensando em como poderia dizer aquilo. Então respirou fundo, e falou:

── Eu não quero me casar, mamãe. ─ E como viu que ela estava pronta para rebater-lhe, continuou: ── Nem agora, nem no futuro! 

Taehyung não podia ter a liberdade que queria e não condenaria outra pessoa a mesma vida que ele.

Após sua revelação, se levantou e despediu-se dos pais falando que ia descansar, ponto logo um fim na conversa de casamentos que não queria discutir com a mãe. 

࿈

O relógio prateado pendurado na parede marcava duas da madrugada, Taehyung se debatia na cama tentando dormir. 

Seu estômago roncou baixo, não havia jantado pois fingiu estar dormindo, para evitar ter outra conversa com a mãe. 

── Outra decisão tola. ─ Reclamou, levantando da cama. 

Taehyung caminhou até as grandes portas de vidro, abrindo-a para sentir a brisa da noite e olhar o céu estrelado de Leondeon que tanto sentia falta. ─ Em Dogteughan onde estudou, mal conseguia observar as constelações por causa das nuvens que insistiam em adornar a imensidão do céu azul marinho, quase num tom que chegava quase a ser preto. ─ O Kim se apoiou no parapeito, olhando a rua vazia a frente e as casas com as luzes apagadas. E por milésimos de segundos, pensou que o tempo tinha parado e se sentiu sufocado por algo. 

Embora quisesse acreditar que era algo de sua cabeça, pois estava cansado da longa viagem e ainda sequer havia dormido. Sabia que era seu subconsciente lembrando-o daquele fatídico dia, aquilo vinha atormentando-o desde de seus dezoito anos. Jamais esqueceria. 

Mas teria que seguir em frente um dia, era o que Taehyung esperava e ansiava que acontecesse. 

O Kim tentou desviar seus pensamentos de algo sombrio, e lembrou-se do bendito baile que a mãe havia dito que faria em comemoração à volta de seus filhos. 

Taehyung fitou o relógio na parede, percebendo que havia se passado vinte minutos ─ sequer havia se dado conta do tempo, enquanto olhava as constelações. ─, e precisava adormecer logo pois o dia prometia ser longo e cansativo, como sempre é quando se tem um baile. 

E principalmente, quando se tinha a Duquesa Kim Hyejin como mãe, pois estava ciente das façanhas que ela usaria durante o baile: apresentar-lhe infinitas mães com filhas, irmãs e sobrinhas desesperadas para casar.

E era claro, assim como o diabo foge da cruz, Taehyung fugiria da mãe e das matronas casamenteiras da sociedade de Leondeon.

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