Capítulo 43

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Chegando à universidade, colocamos as minhas malas no alojamento, me despedi de Gilbert assim que encontrei Filipe no gramado perto de uma árvore imensa. O vento frio do inverno soprava entre nós, mas não nevou mais.

— Cadê suas malas, garota?

— Estão no dormitório. Gilbert me ajudou a me acomodar.

— Ótimo.

— Quero te mostrar ele.

— Ele quem?

— Meu dormitório. Vem, vamos.

— Ah, aproveito e vejo do que está precisando.

— Uau.

— O quê? Eu cuido da minha irmãzinha.

— Ok — balancei a cabeça afastando todas as respostas em que entraríamos em alguma discussão que não daria nada no fim.

— E o namoro com o ruivo? — ele perguntou.

— É.

— É o quê?

— Não deu — disse querendo desabar.

Como algumas pessoas têm o dom de puxar justamente o único assunto que não tem nenhuma intimidade para perguntar? Normalmente, eu tento não ficar tão incomodada, mas dessa vez me correu responder.

— Nossa, foi mal, mana.

— Sem problemas. Uma hora iria acabar mesmo, eu vindo para cá, seria bem difícil mesmo.

— Deve haver outros caras bem mais interessantes aqui.

— Acho difícil — murmurei.

— O quê?

— Nada não. Olha, é aqui.

— Até que não é mal.

O prédio era uma casa gigante, as paredes externas eram vinho com alguns detalhes cinza, as cores do brasão da universidade.

O dormitório feminino poderia ser considerado pequeno, mas eu discordava, pelo menos por enquanto, já que as aulas ainda não haviam começado. Os alunos iriam chegar em massa ao campus alguns dias antes para se readaptarem com o clima de dividirem o pequeno quarto, o que talvez fosse "confinador", mas parecia ser perfeito para mim. O meu quarto ficava no segundo andar, eu e Filipe subimos, eu já havia pegado o formulário com a coordenadora dos dormitórios com as regras e com o nome da minha colega de quarto. Giselle Fabray. A chegada da maioria dos estudantes seria em apenas dois dias antes do inicio das aulas, ou seja, eu tinha cinco, no máximo seis dias com o quarto só para mim.

Uma das regras era que os estudantes homens não podiam entrar nos alojamentos femininos e vice versa, só em caso de emergência. Outra regra também era que se o aluno saísse, ou chegasse depois das 23h não poderia entrar no dormitório, um toque de recolher bem rigoroso pelo que dizia no regulamento. Isso não seria problema para mim, já que eu estava ali para me dedicar aos meus estudos, não em festas de fraternidades. Já a regra de somente mil litros por mês de água quente disponíveis para cada estudante eu não tinha tanta certeza que eu conseguiria seguir.

Desejei pela trigésima vez que Adam estivesse aqui comigo. Rindo de mim por ter tão pouca água quente ou das grandes filas que teria de enfrentar toda vez que tivesse que usar o banheiro. Mas não, naquela hora provavelmente no horário de almoço de sua empresa, com Courtney ao seu lado mexendo em seu cabelo inacreditavelmente ruivo, nem sequer suspeitando de que eu houvesse me mudado para Denver.

— Aqui é melhor do que eu imaginei. Quando vai começar a arrumar suas coisas? — Filipe perguntou.

— Assim que você for embora — disse sorrindo, ainda escorada na porta do meu alojamento compartilhado.

Eu e a FeraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora