Capítulo 12

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Adam, Gilbert e eu saímos um pouco depois de Olga perguntar se era para servir o almoço. Adam respondeu que não, pois disse que almoçaríamos fora.

No caminho, eu fiz uma tentativa frustrada de quebrar o gelo com o Adam falando sobre o tempo. Ele permaneceu imóvel, distante e aparentemente intocável. Gilbert se solidarizou em responder meu questionamento sobre o tempo. O restante de nossa curta viagem, o silêncio foi o protagonista.

Adam por conveniência e pela variedade de itens optou pelo shopping Cherry Creek North. Quando chegamos em frente ao shopping a céu aberto, Adam disse:

— Já está na hora de você fazer suas próprias compras.

Ele me passou um cartão preto brilhante.

— Gilbert sabe a senha — ele disse desviando seus olhos para Gilbert. — Não a perca de vista, Martínez.

— Você não vai vim com a gente? — perguntei sentindo minhas pernas falharem e o estômago revirar.

Fiquei com medo por algum motivo. Acho que quando estamos tão perto da liberdade, sentimos medo e talvez por isso que eu fiquei com tanto medo naquele momento.

— Tenho uma reunião agora — ele disse, com muita seriedade em seu tom de voz. — Não estarei longe — ele continuou saindo do carro, e assumindo o posto de motorista. — Compre um celular para você, Bela. E roupas que se sinta confortável usando, algum vestido de gala para mais tarde e o que precisar para estar impecável mais tarde. Ajude ela — ele disse ao Gilbert nessa última frase.

— Sim, senhor — Gilbert disse atrás de mim.

Balancei a cabeça como um tchau e recebi o mesmo de volta. E assim, ele se foi em seu Corolla 2015 preto.

Já havia se passado uma hora e meia e eu só tinha comprado dois conjuntos de moletom e algumas blusas.

— Gilbert, o que acha desse moletom? — perguntei a Gilbert.

Mostrei um casaco azul marinho.

— Eu acho que você está enrolando demais. Você tem duas prioridades. O vestido chique para mais tarde e o celular. E nenhum dos dois você escolheu.

— Vocês homens são todos iguais. Extremamente impacientes e apressados quando o assunto são compras — eu respondi, revirando os olhos.

— Não sou eu. O senhor vai me ligar a qualquer momento pedindo para agilizar. Hoje é o aniversário dele, lembra?

— E eu ainda nem dei parabéns — lembrei.

O que podia fazer sentido com o gelo que ele me deu no carro.

— E como são essas festas? — perguntei.

— É todo mundo muito bem vestido. Idêntico aqueles bailes de filme.

— É tipo filme mesmo, Martínez? — eu perguntei caminhando em direção ao caixa para nos encaminharmos para outra loja.

— Não me chama assim! Já basta o senhor me chamando assim — ele respondeu seguindo os meus passos.

— Porque ele te chama assim?

— Crescemos juntos. Fomos até amigos.

— Nossa. É difícil imaginar essa junção. Você, Adam e aqueles irmãos dele.

— Ele nunca se deu muito bem com o mais velho, o Peter. E o Steve tem a minha idade, mas sempre foi um crianção. E os mais novos... — ele calou-se de repente.

— O mais novinho e a irmãzinha dele né? Isso não é segredo. Eu sei que ele teve uma irmã — eu disse chegando na curta fila dos caixas percebendo como isso abala de certa forma o Gilbert, resolvi não insistir no assunto.

Eu e a FeraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora