Capítulo 11

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Depois do incidente no banheiro, resolvi seguir a risca em trancar a porta do outro lado.

Uma mansão desse tamanho, e ele não podiam ter construído suítes? Ou pelo menos, com banheiro social aqui no segundo andar.

Se eu tiver que tomar banho e andar do banheiro no andar debaixo até de volta ao quarto vou precisar de outro banho na chegada.

Dou uma espiada no relógio, 6h20min. Porque tão cedo? Cada dia acordando mais cedo. Tinha quase certeza que meu sono atribulado se devia ao fato de não estar fazendo absolutamente nada durante o dia todo e não me sentir completamente segura nessa mansão.

Bateram mais uma vez na porta.

— Quem é? — gritei para evitar acidentes.

— Adam — sua voz era quase um rosnado.

Levanto rápido da cama para abrir a porta, e vejo todos os móveis girarem.

— Oi — disse abrindo a porta, ainda tonta do movimento brusco.

Abri a porta, me surpreendi com uma criatura soada e fedorenta. Ele nem fala nada, só entra porta adentro em direção ao meu banheiro compartilhado.

— Ei! Você tem sua porta — eu disse com um tom exacerbado de indignação. — Não precisa entrar assim...

Sou interrompida com o olhar fumegante de Adam, como se fosse me incinerar com aqueles olhos que parecem mudar de cor para cada sentimento dele.

— Eu tinha a minha porta, né. Porque alguém deixou trancado do lado de dentro. Né, gênio? — ele disse mal humorado.

— Ah é, ah... Desculpa... É... Eu esqueci — disse, não sabendo o que responder.

Ele só destrancou a porta que dava para o quarto dele e voltou a me encarar. Mas por algum motivo, não é mais um olhar de raiva. Ele me fitou, e me olhando dos pés até a cabeça. Sinto um queimar nas minhas bochechas, pois estava no meu pior estado. Não deixei de reparar em como seu cabelo ruivo estava embaraçado, de um jeito só dele, ele continuava inegavelmente lindo.

— Dá próxima vez, não vá dormir sem destrancar, por favor — ele me disse, se aproximando. — Agora, me dá licença.

Ele terminou de dizer fechando a minha porta do banheiro na minha cara.

Saio do quarto, assim que pronta. Adam demorou mais de uma hora dentro do banheiro, e isso só me deu meia hora para estar pronta para tomar café com a fera.

Olhei-me através do espelho, fazendo uma trança simples nas minhas madeixas escuras. No corpo, um vestido branco com detalhes em azul marfim rodado que deixaram no manequim. Já não aguentava usar vestido sempre. Nessa altura do campeonato, tinha saudade de poder sair com meu moletom cinza, sem ninguém se importar para isso.

Isso de ser formal em todas as ocasiões revirava meu estômago. Ninguém nunca estipulou o que eu devia ou não vestir, mas eu não via uma pessoa com um fio de cabelo despenteado naquela mansão.

Não conseguia esperar o momento em que faria meus dezoito anos, e assim finalmente, voltar para a minha vida normal.

Deixei meu quarto fechado, para testar se mais algum vestido iria aparecer, e desço pelas escadas. Vendo o lustre novo já instalado e alguns resquícios de que teria uma grande festa mais tarde espalhada pelo salão.

— Bom dia, Gilbert — eu disse, passando por ele sem esperar por respostas.

E vou direto a sala de jantar.

— Bom dia, Olga — eu disse abraçando ela. — O que teremos hoje?

— Panquecas.

— Ah, assim meu coração não aguenta — disse indo em direção a minha cadeira.

Eu e a FeraWhere stories live. Discover now