PARTE DEZOITO - SANGUE DOS FILHOS

565 58 202
                                    

Breath of Life - Florence +the Machine

Nimue
Depois que Lancelot caiu em um sono profundo continuei ao seu lado o observando. Seu rosto expressava serenidade e sua respiração era calma. Desenho seu rosto com as pontas dos meus dedos desejando decorar cada um de seus traços.

Poderia observá-lo por horas.

Me deito ao seu lado imaginando como seria poder dormir em seus braços... Acordar pela manhã e ele ainda estar comigo, me aconchegar em seu corpo quente e macio.

De repente minha visão escurece como se caísse em águas profundas perdendo a noção de onde estou.

Fogo.

Chamas altas consomem tudo pela frente. O calor febril varre todo o ambiente em ondas de intensidades diferentes.

Um brilho intenso ofusca minha visão e quando diminui vejo Excalibur nas mãos de Lancelot erguidas. Seus olhos flamejantes derramam ira. Com golpes firmes ele mata vários homens da Trindade. Sua armadura prata está completamente manchada de sangue inimigo.

Outros rostos familiares estão ao meu redor, Pym e Kaze correm pelo campo de batalha com suas armas empunhadas com semblantes frios.

Um rapaz corre se juntando a Lancelot e dizendo algo a ele que para por um instante, seu olhar caminha ao meu com confusão e tristeza, mas logo volta a batalha junto ao mais novo.

Homens da Trindade atacam Feéricos com seus manguais prateados destruindo vidas sem emoção alguma.

Correndo em direção a eles uma criatura no mínimo estranha ataca com galhos vindos da extensão de seus braços enforcando homens da Trindade, arrancando suas cabeças de seus corpos. Sua capa era como uma cascata de folhas e de sua cabeça pendiam galhos espinhosos num emaranhado que tomava forma de uma coroa.

_ A batalha final nos espera. _ vozes dos ocultos chiavam em minha cabeça.

***
Monge Choroso
Na manhã seguinte acordei sozinho em minha cama. Nimue não estava na cabana e Esquilo ainda dormia.

Sai para procurá-la encontrando-a à no lago com a água na altura de seus joelhos.

_ Nimue? _ ela não respondeu. _ Nimue. _ Ela continuava ali parada sem mover nenhum músculo.

Entrei na água caminhando até ficar a sua frente, ela olhava para o vazio, mesmo eu tomando a frente de sua visão, seu olhar parecia me atravessar. Ela segurava a frente de seu corpo a espada Excalibur em suas duas mãos cavando-a no fundo do lago. _ Nimue, você está bem? _ toco seu braço esquerdo para que ela me perceba ali.

Ela gira a espada em suas mãos levantando-a, sua lâmina encosta em meu queixo, me surpreendendo. Engulo seco. A sensação é de que não é ela que está diante dos meus olhos e isso me assusta. Posso sentir a ponta da espada arranhar de leve minha pele causando um pequeno corte.

_ Nimue! _ chamo sua atenção. Então ela finalmente me nota ali ficando assustada e soltando a espada no lago.

_ Deuses! O que estava fazendo?! _ Ela pergunta se afastando um pouco.

_ Você está bem? _ tento acalmá-la.

_ O que?! Não... Eu nem sei como vim parar aqui! O que... Céus o que eu fiz?! Eu te machuquei? _ Ela analisa o pequeno corte causado pela espada.

_ Eu estou bem. _ seguro suas mãos.

_ Lancelot, eu sinto muito... Eu...

_ Nimue, o que aconteceu? _ tento fazê-la olhar para mim, ela olha porém desvia o olhar para Esquilo que estava a poucos metros de nós.

_ Nós conversaremos depois. _ Ela olha em meus olhos e depois se volta para Esquilo. _ Você está com fome? _ pergunta ao menino e os dois caminham em direção à cabana.

***
Mais tarde quando Esquilo se divertia do lado de fora de casa voltei a questionar Nimue sobre o que acontecera hoje de manhã.

_ Eu não sei bem o que foi... Eram apenas imagens confusas... _ Ela está muito preocupada, entrelaça seus dedos uns nos outros mal se aguentando em si mesma.

_ Me conte apenas o que viu. _ peço a ela segurando em suas mãos na tentativa de acalmá-la.

_ Você... Você matava homens da Trindade com a Excalibur, tinha muito fogo e muito sangue... Haviam outros homens que lutavam ao seu lado. Um deles era... Eu não sei explicar... Ele parecia uma planta ou algo do tipo... Enforcava os homens da Trindade com raízes vindas de suas próprias mãos... Era terrível! _ ela diz desconcertada. _ Nunca vi nada desse tipo.

_ Foi uma visão? Isso irá acontecer?

_ Eu não sei. Eu não sei se foi uma visão ou... Eu não sei... Minhas visões nunca foram assim. E também nunca falharam. Lancelot, estou preocupada. A forma com que tudo aconteceu, parecia um campo de batalha, todo aquele sangue...

_ Nós não sabemos quando e se irá acontecer... Não precisa se preocupar com isso. _ eu me aproximo a abraçando. _ Seja o que for vamos lidar com isso quando acontecer, mas agora está tudo bem. _ Ela me abraça de volta se aconchegando em meu corpo.

_ Eu não quero mais batalhas... Eu só queria um lugar para que nós vivêssemos em paz.

_ Eu sei. _ me afasto olhando em seus olhos cheios de lágrimas. _ Nada é para sempre, Nimue. Por enquanto temos um ao outro e estamos salvos. Quando se tornar necessário nós lutaremos, mas não faz sentido desperdiçar o agora temendo o futuro. Não quero que se perca em preocupações desnecessárias. Eu te amo e lutarei ao seu lado. _ Está seria a primeira de uma eternidade de vezes nas quais pretendia dizer que a amo. Eu enfrentaria todos os homens da Trindade se possível, só para mantê-la a salvo. Manter Esquilo e Nimue a salvo.

_ Eu te amo. _ Ela sela nossos lábios com um beijo simples e curto voltando a me abraçar.



Obrigada pela leitura! Vote, comente (adoraria saber o que achou sobre o conteúdo!) indique para seus amigos Feéricos! Beijos da WayWay
SEE YOU SOON 💕

CURSED - NIMULOTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora