CURSED - NIMULOT

PARTE OITO - O MENINO E O MONGE

Warrior – Aurora (ps: se possível leiam a letra dessa música porque ela é maravilhosa e para mim define completamente o Monge Choroso nessa história!!)

Monge Choroso
No dia seguinte a saída de Nimue, Esquilo e eu saímos para buscar comida. Esse menino me lembra um pouco a minha infância. É claro que ele é bem mais falante o que é bem cansativo, mas gosto de sua companhia.

_ Você sabe escalar árvores? Eu sei escalar! Você quer ver? _ Esquilo corre para próximo de uma árvore robusta de galhos baixos e começa a subi-la. _ Viu? Tão rápido quanto uma raposa! _ diz sorridente sentado sobre um galho no alto.

Ele tem tanta energia e demanda tanta atenção, é difícil acompanhar. Com ele acordado não há um minuto sequer de silêncio.

_ Desça daí menino. _ peço a ele e ele obedece.

_ Porque você nunca tira essa capa? _ ele pergunta caminhando por entre as árvores.

_ Porque não.

_ Você tem medo da chuva? Medo de se molhar?

_ Porque teria medo da chuva?

_ Eu não sei. Talvez dos trovões. Eu tenho medo de trovões. _ ele se cala por um instante com semblante preocupado. _ Você acha que Nimue vai voltar?

_ Você acha que não?

_ Ela vive desaparecendo. Eu tenho medo que ela não volte. Se eu a perder não terei mais ninguém. _ considerando as circunstâncias e o fato de ela nem estar viva acho que não há uma forma de dizer a ele que não deveria contar com ela.

Não é tão ruim quanto parece, ele é esperto e vai sobreviver. Mas não posso fazer isso com ele. Abandoná-lo à sorte. Ele precisa aprender a viver sozinho antes de estar sozinho de verdade, ninguém poderá protegê-lo melhor que si próprio.

_ Você não vai perdê-la. E também tem a mim. _ Eu ainda não acredito que estou me colocando como um mentor para o menino. A essa altura eu já não sei mais ao que me prender.

_ Você é legal, Lancelot. _ ele sorri. _ Eu te achava um chato mas você até que é bem legal.

***

Nimue
Cavalguei rumo a Avalon o mais rápido que pude. Tudo no que conseguia pensar era em como estou perdendo o controle de tudo. Estou confiando em um assassino, indo atrás de uma espada mágica de uma ilha mágica que pode ou não salvar meu povo e todo um reino segundo uma profecia e eu nem ao menos estou viva.

Cheguei a Avalon um dia antes do previsto já que não tive de fazer paradas. Chegando a beira do lago o bote estava exatamente onde deixamos, atravessei o lago chegando a ilha e era tudo exatamente igual. Não havia espada da primeira vez assim como não há uma agora. O que devo fazer?!

Fecho meus olhos e mentalizo minha intenção tentando invocar os Ocultos. _ Guiem me até a espada. _ quando abro meus olhos um brilho intenso me guia a água.

_ Nunca é do jeito fácil, não é? _ resmungo.

Entro na água com um salto. Mergulho o mais fundo que posso até alcanço a espada. Ela brilha intensamente me trazendo uma onda de energia ainda mais intensa que a Espada de Todos os Reis.

Estava claro que esta espada era extremamente poderosa e jamais deveria cair em mãos erradas. Preciso arrumar uma forma de protegê-la. Meus pensamentos me levaram para o Monge Choroso, ele definitivamente nunca poderá saber desta espada.

Voltei a superfície me preparando para minha próxima parada. Ainda tinha de buscar as armas dos homens a beira do lado que nos atacaram dias antes.

***

_ Lancelot, acha que posso me tornar um grande guerreiro um dia? _ Esquilo pergunta de cima de uma árvore próxima a cabana.

_ Se se dedicar a aprender a lutar e principalmente escolher suas batalhas... Sim. Ser um guerreiro requer aprender a sobreviver antes de aprender a lutar.

Enquanto isso, moldava de um tronco de árvore uma espada de madeira. Se vou ensiná-lo a lutar devemos começar com armas não letais.

_ O que isso significa? _ ele brinca balançando seus pés para frente e para trás.

_ Significa que saber lutar não é tudo. Deve aprender a sobreviver primeiro. O que pode ou não comer o que deve ou não fazer, como não morrer de frio durante o inverno. _ ele me encara pensativo.

_ Você pode me ensinar? _ concordo e ele sorri descendo da árvore com um pulo. _ Quando podemos começar?! _ Ele vem até mim se sentando ao meu lado.

***

Nimue
Assim que meus pés tocaram a terra algo inesperado aconteceu. Eu ainda sentia meus poderes.

Era como se a espada me permitisse usar meus poderes mesmo fora do lago. Corri até a árvore seca mais próxima colocando minhas mãos sobre o tronco e fechando meus olhos, assim que os abri a árvore estava viva novamente, com folhagens verdes e frutos já maduros.

Não conseguia acreditar. ‘Finalmente!’ Não pude deixar de sorrir aliviada. Poderia proteger Esquilo sozinha caso necessário, sem precisar confiar cegamente em um assassino. Isso é mais que um excelente plano B.

Montei no cavalo as pressas continuando meu caminho. Se tudo der certo voltarei a Vila em três dias ou até menos.

Perdão pelos hiatos frequentes, a quarentena está me tirando minha sanidade e noção de tempo.
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