PARTE QUARTO - AS CICATRIZES DO MONGE

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Soldier – Fleurie

Nimue
Nós caminhamos por toda a manhã até que o Monge Choroso decide parar.

_ Não podemos parar, se pararmos só chegaremos a Avalon em dois dias!

_ Eu não sei quanto a você, Dama do Lago, mas eu preciso de um banho. _ ele diz caminhando para margem do rio. ‘Eu simplesmente me esqueci de coisas como essas. Estar morta é não precisar de nada que os vivos precisam. Sem sede, sem fome, sem vontades ou necessidades...’

_ Bem, não estou viva, então não. 

_ Nossa! Também preciso de um banho! Acho que tem pelo menos três camadas de poeira na minha pele! Fora meu cabelo! _ diz Esquilo sorridente. _ podemos nadar também!

_ Eu não vou... Ah pelos Deuses! Vocês nunca avisam antes de tirar suas roupas?! _ Lancelot começa a tirar suas roupas me forçando a me virar de costas para os dois.

_ Eu achava que Lancelot era mal humorado mas você está sempre brava, Nimue! Tem que relaxar ou vai ficar velha rápido! _ o Monge ri de Esquilo que corre para dentro da água. Eu jamais pensei que ele fosse capaz de rir de algo. Acho que foi sem querer, tenho certeza que se soubesse que estava sorrindo fecharia a cara na mesma hora.

‘Eu não irei olhá-lo! Não! Não! De jeito algum!’ fecho meus olhos com toda força que consigo, mas assim que os abro, meus olhos quase com vida própria procuram por ele. Sua pele parece macia e os desenhos de seus músculos praticamente feitos a mão. Suas costas estão decoradas com inúmeras cicatrizes, hematomas e feridas abertas.

Me perdendo em meus devaneios me vi na vontade, ou melhor, era uma necessidade de tocá-lo, vê-lo de mais perto. Aquelas feridas eram profundas e dolorosas até de olhar, mas ele nunca demonstrava dor.

Ele se virou para mim, talvez sentisse que estava sendo observado e instintivamente mergulhou no lago. Seu olhar me fez ficar ruborizada. Minhas bochechas queimaram.

Decidi buscar algo para Esquilo e o Monge comerem depois do banho, pelo menos assim não correria o risco de acabar encarando-o novamente.

Eu estava completamente envergonhada. ‘Porque fiz isso?!’


***

Não adentrei muito a fundo na floresta com medo do que fosse me acontecer quando fui em busca de comida. A pior parte de ficar sozinha na floresta é que me dava tempo para pensar em tudo o que ocorrera. Arthur provavelmente estava em um reino completamente diferente junto à Pym e todos os meus outros amigos Feéricos, minha família. Gawain estava morto e estamos seguindo para uma ilha na qual nunca ouvi falar e nem mesmo sei se é real para ajudarmos um assassino que pode ou não nos matar assim que se curar. Lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto enquanto escolho o que colher para levar para Esquilo.

_ Agora seria um momento incrível para aparecerem e me dizerem o que fazer... _ digo em uma tentativa frustrada de me comunicar com os Ocultos.

_ Nimue?! Nimue?! _ Esquilo vem correndo pela floresta segurando a barra de suas calças para que não caiam.

_ O que aconteceu Esquilo?!

_ Os homens! Os homens de máscara dourada! Perto do lago acho que são seis! Lancelot esta lutando com eles mas não acho que dá conta sozinho!

_ Céus! O que faço?! _ corri junto ao garoto de volta a margem do rio encontrando o Monge e quatro homens travando uma batalha. Dois homens já estavam mortos no chão. ‘Pense Nimue, pense!’

Estava escondida atrás de uma árvore junto a Esquilo pensando em como ajudar o Monge Choroso sem que esse seja o fim para nós dois.

Corri para um dos homens no chão pegando sua espada e continuei correndo em direção ao lago. ‘Vamos fazer isso direito!’ assim que meus pés tocam a água sinto meus poderes de volta. Minhas marcas surgem em minha pele e apenas sei que não vamos morrer hoje!

_ É a Bruxa do Sangue de Lobo! _ um dos homens grita vindo até mim correndo. Com apenas um golpe, corto sua garganta fazendo seu sangue jorrar.

Outros dois correm em minha direção, um deles entra no lago e o golpeio com a espada assim como o primeiro, ele desvia do golpe e eu me afasto entrando mais no lago até que a água chega a nossa cintura.

_ ‘Nimue, você é o Lago.’ _ ouço a voz dos Ocultos. ‘Entregue uma intenção aos Ocultos e eles a farão.’ a lição de Merlin vem a minha mente e então entendo o que devo fazer. Assim que o segundo homem se aproxima uso todas as minhas forças para me concentrar na minha intenção e com magia pura os dois homens na água são puxados para o fundo do lago se afogando instantaneamente.

Esta era a primeira vez em que usava meus poderes nesta escala e mão me sentia fraca ou debilitada. Eu não precisava descansar, estava mais forte do que nunca.

O Monge ainda lutava contra o homem que restava e se não intervisse o homem iria matá-lo. Eles estavam na terra e lá não tenho meus poderes. ‘O que devo fazer?!’ Antes que encontrasse solução Esquilo sai da floresta com pedras nas mãos.

_ Ei seu feio! Essa luta não é justa! _ o homem se vira para Esquilo correndo atrás dele.

_ Não!! _ grito correndo na direção dos dois mas o Monge o alcança primeiro o golpeando pelas costas. O homem cai a centímetros de Esquilo e o Monge também.

_ Você está bem?! _ pergunto ao Monge me ajoelhando próximo a ele e quando toco seu ombro ele se esquiva. Ele tenta se levantar sozinho mas tem bastante dificuldade. _ Me deixe te ajudar!

_ Eu estou bem. _ ele diz ainda sentado no chão. Sua camisa está manchada de sangue ainda úmido, não sei se é seu ou dos homens que acabara de matar. Fico sem saber o que dizer a ele e não acho que tenha algo a ser dito.

_ Esquilo você está bem?

_ Essa foi por pouco! _ Ele sorri animado.
_ Eu não sei o que faço com você. Era para ter continuado atrás das árvores como te disse! Aquele homem poderia ter te matado!

_ Mas não matou e se eu não fizesse nada ele mataria o Lancelot! _ ‘Vou dar umas palmadas nesse garoto!’

_ Esquilo isso não é brincadeira! Você pode morrer! Quando disser a você para ficar em algum lugar, é para ficar lá! Sem discursões! _ Ele faz uma cara fechada.

_ Quem são eles? _ pergunto para o Monge que termina de vestir suas roupas.

_ Eles são homens da Trindade. Muito piores e mais treinados que os Paladinos.

_ O que faremos? Eles estão atrás de mim?

_ De todos nós. Se há mais deles por aí estaremos mortos em alguns dias.

_ Precisamos chegar a Avalon o quanto antes.

_ Você leu minha mente. _ ele diz calçado suas botas e em seguida amarrando seus cabelos ainda molhados.

Juntamos todos os nossos pertences e continuamos nossa caminhada. Ainda tínhamos mais algumas horas do dia e é melhor não desperdiçarmos.

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CURSED - NIMULOTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora