Capítulo 4

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Olá estrelinhas, vamos para mais um capítulo desse conto fofo que fala sobre um tema que mexe tanto comigo...
Espero que estejam curtindo!

♥ Boa Leitura ♥

Kauã

— Eu não posso encontrar com eles.

— Por que não, Kauã? — Questionou a psicóloga.

— Porque eu não posso ir embora daqui agora.

— Existe algum motivo em especial? — Tia Cecília inquiriu desconfiada.

— Não. É só que... NÃO!

Eu não tinha palavras para explicar o fato de repentinamente eu preferir ficar naquela casa ao invés de aceitar a chance de encontrar uma família.

— Eu não entendo. Essa é uma oportunidade única que você e sua irmã estão tendo, por que não dá uma chance para esse casal?

Sacudi a cabeça contundente, certo da minha decisão.

Alguns meses haviam se passado desde que cheguei a essa casa. Eu havia feito amigos que para mim se tornaram minha família. Estava aprendendo coisas bem legais com o tio Raul. Eu estava feliz e satisfeito, não queria que tudo mudasse. Apesar de ainda sonhar com uma família normal, eu não conseguia enxergar outra pessoa sendo o meu pai a não ser...

— Só não quero tá bom? Não quero que nada mude!

Levantei-me daquela cadeira giratória subitamente e saí a passos largos daquela sala, dando as costas para a psicóloga.

Sei que foi um gesto rude, ela é uma pessoa legal que muito nos ajuda, todavia eu não queria admitir o que estava sentindo.

Raul

Era mais um sábado em que eu passaria um dia inteiro naquele lugar que se tornou a minha segunda casa. Aquelas crianças haviam ganhado meu coração, especialmente dois irmãos, um garotinho de cabelos extremamente lisos bem aparados e fios que facilmente ficavam arrepiados. Um penteado que Kauã pediu para fazer por influência minha. Levei meu amigo dono de uma barbearia, uma semana atrás, e que deu um trato especial nos meninos, gratuitamente. Porém o sorriso largo e amarelado daquele menino de pele extremamente avermelhada, aquecia de forma diferente o meu coração.

"Olha tio, agora eu sou igual a você!"

A frase que tomou conta dos meus pensamentos durante toda a semana.

A essa altura, a primeira coisa que eu fazia assim que chegava ao local era procurar saber esse Kauã e Kauane estavam bem.

Sim, a menininha também havia conquistado o meu coração. Dona de bochechas rosadas, seu cabelo liso escorrido como do irmão que chegava até seu ombro e uma franjinha que cobria toda a sua testa. Uma imagem que a tornava ainda mais graciosa.

Graciosidade esta que não era só aparência. Eu sempre era recebido pela menininha que atravessava o pátio correndo e se pendurava em meu pescoço para me abraçar.

Porém certo dia Kauã passou por mim sem falar nada, ignorando-me por completo. Bufando o menino atravessou o corredor e foi direto para os dormitórios.

Cecília, a psicóloga gata, apareceu logo em seguida apoiando-se na soleira da porta.

— O que aconteceu?— Questionei.

— Apareceu um casal interessados em adotá-los, mas quando eu contei para Kauã que eles viriam para conhecê-lo, ele se irou. — Tal informação me fez gelar, mas ao constatar a reação do menino fiquei aliviado. — Disse que não precisava ser adotado, que não queria ir embora, e que não queria que nada mudasse.

Ela trocou o apoio das pernas, e eu não deixei de notar as suas curvas sobre aquela calça jeans. Pigarreei e voltei meu olhar para seus olhos, que me atiraram duas estacas.

— Estamos falando de um assunto sério ou não? — A loira cruzou os braços a frente de seu corpo.

— Desculpa, é que você está muito bonita hoje. — Dei um passo adiante.

— Você diz isso todo dia. — Esboçou um bico que só me deu ainda mais vontade de beija-lá.

— É porque você é sempre maravilhosa. — Apoiei uma de minhas mãos no arco da porta a encurralando.

Por mais incrível que possa parecer, tínhamos criado uma amizade. Devido à tanta insistência ela acabou cedendo. Passamos a frequentar alguns barzinhos e conversávamos na academia quando nos encontrávamos lá. Ela sabia do meu interesse, mas descobri que a mulher conhecia também o meu lado podre, pois me observava de longe fazia muito tempo. Deixou bem claro que nunca ficaríamos juntos, que nossa relação não passaria de amizade. Como foi que eu nunca notei esse mulherão naquela academia antes?!

Contudo, eu não me contentaria em sermos só amigos. Executaria todas as armas de conquista que estivesse ao meu alcance.

— Deixa de ser idiota, aqui é lugar de trabalho, e tem crianças... — Bateu sua prancheta contra o meu peito e saiu. — Precisamos falar sério, é meu dever inseri-los em um núcleo familiar estável e garantir que eles tenham uma boa relação com os futuros pais. Essa casa é somente um lar temporário.

Cecília caminhou até o final do corredor e se virou para sua frase final.

— Vocês são amigos, por favor, converse com ele. — E saiu sem me deixar dizer mais nada.

Eu não tinha escolha, precisava convencer meu melhor e pequeno amigo a ir embora e nunca mais nos vermos novamente. O aperto voltou ao meu coração e um nó se fez em minha garganta. Eu não podia me imaginar sem aqueles dois indígenas em minha vida.

É, parei de chamá-los de indiozinhos, é pejorativo e eles merecem mais respeito.

Então lá fui eu, em busca de fazer algo contra minha vontade pó para o bem daquelas crianças. Abrindo mão de meus desejos, deixando o egoísmo de lado para fazer o bem a quem merecia muito, além disso.

Entrei no dormitório onde apenas Kauã se encontrava cabisbaixo, choroso.

— Oi, tudo bem?

Ele nada respondeu.

— Olha, a tia Cecília falou comigo, eu fiquei feliz por você ter encontrado uma família. — Tentei ser positivo. — É normal ficar com medo...

— Você tá feliz?! — Fui interrompido. Era evidente a irritação do menino, e a decepção que estava tendo por eu ter dito aquilo. Eu estava pisando em ovos.

— N-Não! Quero dizer... — Cocei a têmpora.

— Você quer que eu vá embora? — Seus olhos negros e marejados como um oceano à noite, encontrou aos meus.

Senti-me encurralado. O menino era inteligente demais eu não conseguiria enganá-lo então decidi falar a verdade.

— Não Kauã, eu não quero que você vá embora, mas eu não posso ser egoísta. Você e sua irmã precisam de um lar. — Toquei seu ombro magro. — Vocês precisam de pais que os amem, que vão dar educação e transferir princípios valiosos. Alguém que vá deixar um legado para vocês. Precisam de uma casa de verdade, e de uma escola. Porque vocês merecem ser felizes.

— Então adota a gente. Nos leva para sua casa, seja nosso pai. Seja o meu pai!

O menino tocou minha perna e inclinou-se um pouco para frente suplicando-me aquele pedido inusitado. Seus olhos também mostravam urgência que ele tinha de levá-lo embora.

Para minha surpresa achei a melhor ideia do mundo. Quis segurar em sua mão, pegar Kauane no colo e simplesmente sair daquele lugar, levando-os para casa.

Um sentimento de paternidade aflorou dentro de mim. Percebi que era um amor que já existia, mas que até aquele momento eu não entendia.

Eu não consegui me responder. Eu não sabia como agir naquela ocasião e muito menos se um homem solteiro poderia adotar duas crianças.

Apenaso abracei e deixei que mais uma vez meu colo ou consolasse.


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Pai por Adoção está completo no Kindle Unlimited, corre para ler essa história por completo! ♥

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