Capítulo 25 - Lídia Woods

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As gotas batem em meu rosto ao ponto de cortar minha pele mas eu não ligo. Nada se compara a dor que estou sentindo em meu peito. É engraçado como as coisas podem mudar em um minuto. Tudo estava perfeito e agora estou chorando na chuva no meio da madrugada.

— Senhorita Woods. - Jack me grita mas não paro, porém logo sinto algo sobre meus ombros e a chuva parar de tocar meu rosto — Por favor, entra no carro. - eu nego mas sou levada até o carro e me afundo no couro sentindo meu corpo tremer — Logo vai aquecer. - eu nem sei se o tremor é pelo frio ou pelo que acabou de acontecer

Eu não digo nada, aos poucos o frio passa e fico quietinha sentindo as lágrimas correrem soltas pelo meu rosto. Devo estar uma bagunça mas não me importo, só quero chegar em casa e me enrolar na minha cama e ficar lá para sempre.

Eu não sei quando o carro para, nem quando ou como o Jack me coloca em meu quarto, sentada na minha cama e me fala para tomar banho, só fico pensando que eu realmente deveria trocar a fechadura da porta.

A fechadura! Noah tem a chave e pode vir aqui a qualquer momento e eu não quero ver ele. Nunca mais.

Por sorte peguei minha bolsa antes de sair de lá. Meu celular treme minha mão mas percebo que sou que estou tremendo. Penso em ligar para a Crystal mas ela deve estar com os filhos ou o marido e não quero incomodar. Ethan é o segundo que vem a minha mente mas ele vai querer ir até o Noah e brigar com ele e eu só quero paz agora.

Na verdade eu quero o colo da minha mãe. Quero o abraço do meu pai. Quero me sentir protegida por eles e não nessa casa sozinha. Eles não estão em casa, estão de férias no Havaí e eu, por um impulso, reservo o próximo vôo para lá.

Limpo minhas lágrimas e me obrigo a tomar um banho. Choro mais um pouco debaixo da água quente mas o medo do Noah aparecer aqui me faz acelerar meus passos. Coloco algumas roupas numa mala pequena e respiro fundo encarando meu celular.

Noah é bem capaz de me seguir, conheço aquela peste, ele vai rastrear meu celular e aparecer lá no Havaí e estragar meu plano de me afundar numa tristeza profunda. Por isso, peço um táxi e desligo o celular, o deixo sobre a cama e saio do quarto.

Confirmo que peguei minhas coisas - menos o celular - e saio do apartamento. Olho para os dois lados da rua para ter certeza que não tem nenhum segurança do Noah mas tem, o mesmo carro de sempre do outro lado da rua e eu bufo. Por sorte, o táxi não demora a chegar e dou o endereço de um hotel já que o vôo só saí na tarde do próximo dia.

Faço meu check in num hotel simples, pego a chave e vou para o quarto. Na cama, coberta pelo edredom fino, deixo toda a dor sair do meu corpo.

Como ele pode pensar isso de mim? Como ele pôde falar aquilo? Como as coisas podem dar tão errado desse jeito? Eu bati nele! Eu... Meu Deus, eu disse que o amava e ele falou aquilo para mim. Eu não posso estar tão enganada assim sobre alguém, posso? O Noah... Só se pensar nele me dói ainda mais mas não consigo não pensar em como tudo era perfeito. Não consigo de parar de pensar nos detalhes dele, em como ele me levava tão alto.

Então é essa a parte que dizem que o amor pode doer? Mas, como isso pode me fazer sentir falta de ar, dor no peito e em todo meu corpo? Não é biológico mas dói, é tão doído que parece que não vou aguentar.

Eu não consigo fechar meus olhos porque, quando faço isso, a cena vem a minha mente. O Noah chorando, a tristeza em seus olhos, ele parecia tão perturbado! Mas eu não posso pensar nele, em como deve estar sendo difícil para ele porque eu preciso odiar ele.

Odiar... É realmente uma linha muito tênue, uma corda bamba, eu diria. Porque eu o amo. Amo tanto e é por isso que está doendo como nunca. Mas é isso que o amor é, certo? Eu nem sei mais o que pensar.

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