PRECISAMOS CONVERSAR

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CAMILA

Estava ali, encarando meus próprios olhos através do espelho embaçado do banheiro depois de um longo banho quente, passando a mão em meu pescoço, arqueando levemente minha cabeça, pensando em como eu esconderia aquele hematoma vermelho ocasionando pelos chupões de Lauren da noite passada.

Logo depois do ocorrido, onde eu fui simplesmente deixada para trás depois de sentir, literalmente, na pele as consequências de meus atos, fui para o quarto que foi destinado a mim nessa viagem, fisicamente acabada e emocionalmente frustrada. Nunca havia pensado que minhas palavras e meus desejos encubados seriam usados contra mim daquela maneira.

Tudo o que Lauren fez foi extremamente calculado para me provar que aquilo tinha sido escolha minha. Eu apenas não esperava conhecer aquele seu lado, ainda mais depois de ser incentivada a acreditar em sua entrega física e emocional, assim como eu estava entregue a ela.

Tenho que assumir que sua atitude mexeu comigo da pior maneira possível.

Engoli, mais uma vez, o choro que tentava teimosamente subir por minha garganta, o prendendo abaixo do nó que estava entalado em mim. O segurei durante toda noite e não o deixaria cair agora.

Me iludi acreditando em suas inverdades feitas de aparências de que estava tudo certo entre nós. Deveria ter desconfiado de suas reações, já que ela estava agindo estranhamente bem demais comigo ainda mais depois de tudo o que havia a dito.

Ainda estava acordada quando Taylor chegou ontem à noite. A vi entrando no quarto de visitas a minha procura enquanto eu fingia estar em um sono pesado para não ter que a encarar. Não queria conversar com ninguém naquele momento, não me sentia capaz de abrir a boca sem fraquejar na decisão de não chorar.

Apesar de seus passos leves e sua voz baixa para não me acordar de meu sono mentiroso, pude ver minha melhor amiga caminhar até o quarto de Lauren para a perguntar sobre os medicamentos que eu fiquei responsável de a fazer tomar. Aparentemente e diferente do que eu estava tentando mostrar, ela ainda estava acordada, pois fui capaz de ouvir a sua voz mesmo de longe, o que fez o nó em minha garganta se fechar ainda mais e minhas mãos se apertarem no cobertor em que estava enrolada, pressionando o tecido contra meu rosto em uma tentativa falha de controle.

Não demorou muito para Taylor voltar, já que dormiríamos as duas no mesmo quarto, se arrumar, apagar as luzes e também ir dormir, deixando o silêncio reinar novamente naquele apartamento que hoje me parecia mais frio e vazio do que o normal.

Abri o zíper de minha nécessaire, procurando minha base de maquiagem afim de diminuir a vermelhidão exposta em meu pescoço, passando por cima dela o espesso liquido gelado que tem o mesmo tom de minha pele.

Olhei novamente para meus olhos no espelho, treinando minha feição, deixando-a mais dura e visivelmente equilibrada, para não permitir transparecer sentimento algum ao as encarar assim que sair desse cômodo. Eu precisava me manter nessa personagem apenas por mais algumas horas, já logo eu estaria voltando para o conforto de minha própria casa, onde eu tenho perfeito controle de mim e das coisas que eu sinto.

Talvez ter feito essa viagem, mesmo que rápida, tenha sido um equívoco.

Me certifiquei, mais uma vez, de que a marca de chupão em meu pescoço estava suficientemente escondida, tomando coragem e fôlego para sair do banheiro.

Havia levantado cedo, resultado de uma noite muito mal dormida. Não consegui desviar Lauren de meus pensamentos um segundo e no pouco tempo em que consegui pegar no sono, ela apareceu em meus sonhos para me perturbar.

Ninguém ainda havia acordado além de mim e eu aproveitei esse tempo para organizar minha mala, agachada defronte a ela, que estava em um canto do quarto, perto dos pés da cama em que Taylor dormia, afim de a deixar pronta para poder ir embora, silenciosamente.

Destiny ChoicesWhere stories live. Discover now