Bônus

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Quando ela disse vamos ser amigos, eu realmente tive a audácia de pensar que tudo seria fácil, que tudo seria como nadar em chocolate derretido, mas não era bem assim.

Ser seu amigo não significava que estaríamos sempre juntos durante os intervalos, não significava que conversaríamos até a noite cair, não significava que eu ocuparia um espaço em seu coração, não significava que o mesmo sentimento que estava enraizado em mim também estaria nela.

Mas ser amigo dela era bom. Sim, afinal de contas, ela ria comigo, conversava comigo e tirava alguns minutos do seu tempo para estar comigo, então era realmente bom, mas também era um pouco doloroso, pois eu queria mais que sua amizade, mas se há algo que aprendi após receber um chute é que a ganância e a impaciência não me levariam a lado nenhum.

Gosto dela, mas por agora, enquanto ela não tem nenhum sentimento por mim, eu irei apenas aproveitar sua amizade, não irei ambicionar demais, não irei forçar demais, não irei me apressar demais e apenas curtirei as coisas boas que uma amizade tem a oferecer.

Lentamente, sem pressa, sem correr, nossa amizade foi evoluindo pouco a pouco, passei a conhecê-la melhor e a deixei me conhecer também. Eu me permiti conhecer seus amigos e, como se fosse uma piada, eu acabei ficando amigo do melhor amigo dela. No princípio ele era irritante, uma tremenda dor de cabeça, um mosquito que parecia zumbir na minha orelha o tempo todo, me incomodado, me tirando do sério, mas não é que ele é um cara legal e um amigo daqueles que é para levar para a vida inteira? No entanto, nunca irei admiti-lo em voz alta, senão, ele não irá calar a boca nunca mais.

Nós nos formamos no ensino médio e nossa amizade continuou, mas algumas vezes nos falavamos muito pouco, cada um focado em suas próprias coisas, dedicando-se para conquistar seus sonhos. No entanto, não importava quanto tempo eu ficava sem vê-la, sempre que a encontrava, eu me apaixonava mais por ela e, quanto mais os anos foram passando e nossa amizade continuava, eu comecei a perceber que antes eu não a amava. No início, fiquei obcecado por ela, depois fiquei fascinado, depois gostei dela, depois me apaixonei e agora eu a amo com todo meu coração.

Desde o início, enquanto eu a conhecia melhor, eu fiquei com medo de avançar, de me declarar novamente para ela. Temia a rejeição, pois sabia que ela não sentia nada por mim, que ela só me via como um amigo. No entanto, agora, após 4 anos, eu tomo a coragem de me declarar para ela, pois já escalei a montanha. Eu já a conheci, já sei o que realmente senti por ela, eu já a entendo, eu a respeito, eu sei o que ela gosta e desgosta, eu sei que tenho um lugar em seu coração, eu me importo com seus sentimentos e eu sei que ela me ama também.

Por anos, escalei uma grande montanha para estar ao lado dessa garota que a cada dia me parecia mais incrível, que a cada dia me dava mais motivo para amá-la.

Paro a sua frente.

Ela está linda, mesmo vestida com um pijama de panda e com o cabelo bagunçado.

— Por que me chamou a essa hora? — perguntou, passando a mão pelo cabelo, que estava preso em um coque mal feito. — Você bebeu? — perguntou e depois fez uma careta. — Se a resposta é sim, por favor evapore-se daqui, amanhã tenho uns exames e não estou a a fim de lidar com bêbados, já me basta ter de consolar o Sloan, que bebeu demais porque perdeu a namorada — disse com uma expressão irritada.

Um, dois, três longos segundos de silêncio e eu estou apenas a encarando.

— O que foi? — perguntou, parecendo desconfortável. — Por que está me encarando sem dizer nada, isso é sinistro — diz.

Dou um, dois passos e paro, ela tenta recuar, mas eu a paro, passando minha mão por suas costas e a impedindo de fugir.

Kira me encara.

Os idiotas também merecem uma segunda chanceWhere stories live. Discover now