— Calma, venha comigo. – digo e ela me segue. Entramos em uma sala vazia e fiz com que ela colocasse a garotinha na maca. — Faz muito tempo que está aqui?
— Faz horas, ela estava bem quando chegamos mas começou a piorar. Me disseram que iriam atende-la rapidamente mas até agora ninguém veio. – olhei a garotinha que realmente respirava com bastante dificuldade.
— Ela tem problemas respiratórios?
— Me disseram que é asma. Eu a deixei brincar com os gatos dos vizinhos mas eu não sabia que ela ficaria assim. – explicou ela prestes a chorar.
— Se acalme, vai ficar tudo bem. – digo encarando a garotinha que me olhava desesperada, ela realmente respirava com muita dificuldade.
Corri para a sala onde Júlia e alguns colegas estavam.
— Preciso do cilindro de oxigênio! – todos me olham mas continuam parados. — Agora! – praticamente gritei em desespero e voltei para a sala. — Qual é o nome dela?
— Evelyn. – a mãe respondeu trêmula.
— Certo Evelyn, sem desespero. Vamos colocar uma máscara bem legal e você vai conseguir respirar melhor, tudo bem? – ela afirmou com dificuldade. Logo Júlia e mais dois enfermeiros entraram e fizeram os procedimentos de colocação de oxigênio. — Vamos Evelyn, respirando com calma. Sem desespero, vai dar certo. – digo tentando passar calma. — Apliquem corticosteróides, precisamos medir a saturação do oxigênio. Andem logo! – digo começando a ficar irritada com tanta lerdeza. Eles saem da sala afirmando. Olhei para a mãe da garota. — Não se preocupe. – ela afirmou. Voltei minha atenção para a garotinha. — Isso, respira com calma.
A pediatra entrou no quarto e deu continuação ao atendimento. Todos os estudantes de plantão foram dispensados para a sala de Flávio.
— Eu só quero saber qual é o problema de vocês ao fazerem uma criança naquele estado esperar. – comecei. — Sabiam que poderia ter sido fatal?
— O que podíamos fazer? A pediatra não estava disponível. – Marcelo diz em defesa.
— Mas vocês estavam! – retruquei.
— Sabina, se acalme. – Júlia pediu.
— Não me acalmo! – quase gritei pegando todos de surpresa. — A indiferença de todos vocês com aquela criança diz muito sobre os profissionais que vocês se tornarão.
— Você está fazendo todo um auê por algo que acontece todos os dias em todos os hospitais do Brasil. – Marina começou. — Esse seu ataque também diz muito sobre a profissional que você vai ser.
— Eu estou tendo um ataque? E vocês por acaso acham que é atoa? Haviam vinte pessoas naquela emergência e apenas uma fez questão de socorrer uma criança lutando para respirar. O que custava fazer os primeiros socorros? Iria cair a mão de vocês?
— Anna, por que está tão alterada? – Flávio questiona.
— Porque eu acho isso um absurdo! Trataram com toda uma indiferença uma garota jovem em desespero com a filha nos braços correndo riscos, porque entre uma pessoa pobre no canto de uma sala de espera e outras doze com dinheiro na carteira preferem aquela que vá resultar em status! Jovem, pobre e sozinha? Não tenho nada a ver. Não é mesmo?
— Isso é um absurdo! – Marina exclama.
— Sim, um absurdo! – concordei lhe encarando irritada. — Estamos aqui para zelar pela vida, pela saúde de todas aquelas pessoas. Não importa classe social, estamos falando da vida de pessoas!
YOU ARE READING
Casamento Por Contrato
FanfictionSabina acaba de descobrir que sua madrasta roubou tudo de seu pai e fugiu. E como se não bastasse, deixou várias dívidas para ele e para ela. Agora ela não sabe o que fazer. Se os dois não pagarem tudo, irão ficar sem absolutamente nada! Sem ter out...
Capítulo 59
Start from the beginning