Capítulo 37

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O restante do dia passou e um não falou com o outro.

Noah com ciúme, essa é nova. Muito nova! Com ciúme de Pepe ainda por cima, ele não é mais que um amigo. Nos conhecemos no final do ensino médio logo ficamos amigos. Iniciamos a faculdade juntos, mas um tempo depois resolveu se mudar para o Canadá com a família.

Ele é um cara fofo, divertido, atencioso, sonho de muitas mulheres. Menos o meu. Sempre deixei bem claro que era só amizade, mesmo com ele deixando claro que queria algo a mais que isso. Mas ainda assim ele soube respeitar.

Já era um pouco mais de dez horas da noite. Pedimos o jantar no quarto. Um em cada canto do quarto, e para piorar só tinha uma cama. Imensa mas continuava sendo uma.

Troquei de roupa colocando meu blusão de mangas compridas com um grande desenho da Minie na frente. Prendi meus cabelos e fui escovar os dentes. 

Assim que voltei deitei no meu canto da cama e tentei dormir. Quando eu já estava cochilando, sinto Noah deitar do outro lado da cama e me encolho. Qualquer contato uma catastrofe.

Já estava quase dormindo quando ele começa:

— Um, dois, três carneirinhos. – ele só pode estar tirando uma com a minha cara! — Quatro, cinco, seis carneirinhos.

Não! Ele não está fazendo isso.

— Noah, dá para calar a boca? – ele não respondeu e continuou contando. — Noah!

— Dezesseis carneirinhos, dezessete carnerinhos, dezoito você não manda em mim, dezenove carneirinhos! – revirei os olhos e bufei.

— Se você não quer, eu quero dormir!

— Você é você, eu sou eu. – retrucou.

— Quantos anos você tem hein?Quatro? Até uma criança de quatro anos tem mais maturidade que você!

— Não era eu quem estava cantando musiquinha infantil mais cedo.

— Você está contando carneirinhos.

— Não há idade para contar carneirinhos, desinformada!

— E nem para cantar música de seu desenho favorito, ridículo! – ele volta a ficar em silêncio. Finalmente posso dormir?

— Vinte carneirinhos, vinte e um carneirinhos, vinte e dois carneirinhos... – me levantei da cama e fiquei em pé de frente para ele.

— Qual é o seu problema?!! – gritei já irritada.

— Eu sou o problemático? Você quem está gritando!

— Estava tudo tranquilo entre nós dois, até você começar com os seus pitis!

— Bom até de mais! – resmungou.

— O que quer dizer com: "Bom até de mais"? – ele me encara. Suspira e se senta na cama.

— Que tudo estava legal!

— E por que isso tem que mudar? Por que aquela cena com o Pepe?

— Porque eu não fui com a cara dele, simples! – revirei os olhos.

— Porque você não conhece ele direito, ele é um ótimo cara.

— Não tenho nada contra ele, é só ele não respirar perto de mim. – deu de ombros.

— De você ou de mim? – provoquei. — O problema pareceu mais ser por ele estar comigo.

— Não estou com ciúme de você, coloca isso na sua cabecinha oca!

— Eu não estou falando de ciúme, você quem precisou reafirmar isso. – ele desviou o olhar para qualquer outro canto do quarto.

— Tá, eu acho que exagerei!

— Exagerou? Foi o exagero do ano!

— Você também exagerou colocando a Alicia no meio! – revirei os olhos e suspirei.

— Noah, – me sento a seu lado. — só me responde a verdade! Por que você defende tanto a Alicia? Você gosta dela? – do nada senti um aperto nessa minha última frase.

— Não é que eu goste, é que eu não posso simplesmente mandar ela para o inferno.

— Por que?

— Ela sabe sobre a aposta! – eu o encarei sem entender. — Uma aposta entre empresários que ocorria todas as noites de sexta feira! – Putz! A aposta que meu pai fazia! — Todos os empresários na sexta feira iam a uma boate e apostavam o maior valor que tinha para ficar com cinco mulheres aleatórias na mesma noite. Quem pegasse menos de quatro teria que pagar uma multa! – me vejo sem reação. Meu pai se prestou a isso?

— Calma, o que? Nossos pais eles... eles se prestaram a isso?

— Meu pai cogitou a ideia mas eu o fiz desistir. Na verdade eu e ele discutimos feio por conta disso, ele se manteve de longe mas acompanhou tudo. Já o seu pai...

— E o que a Alicia tem a ver com isso?

— Ela descobriu, não sei como mas descobriu. Fica dizendo que se eu me afastar dela, ela vai expor tudo o que sabe. – estou perplexa.

— Então nesse momento ela já deveria ter contado. Afinal, você se afastou dela não é? – lhe encarei.

Diz que sim, por favor!

— Sim. – suspirei aliviada. — Ontem no casamento, ela disse que não iria desistir de mim. E que ela só não vai contar nada porque sabe que eu vou me arrepender disto.

— Eu não acredito. Você disse que estava com o Eduardo!

— E eu estava, mas assim que ele saiu ela apareceu me falando isso. Mas isso realmente vem ao caso? – bufei.

— E o que vai fazer?

— Não vou me separar de você!

— E por que não? – mantenho meu olhar nele.

— Porque eu... não vou estragar tudo! Eu gosto da Alicia, como uma amiga. A amiga que eu conheci a anos atrás, não essa. É complicado. Mas de qualquer forma ela já passou dos limites.

— Ela é apaixonada por você, parece mais fixação do que amor e paixão. 

— Esse amor que ela sente por mim é loucura dela.

— Ela precisa se tratar! E eu também. – susurrei a última frase.

O pior aconteceu! Parece que Júlia estava certa todo o tempo, eu estou apaixonada pelo Noah.

Merda!

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