Aberta A Novas Experiências

81 10 18
                                    

Hamburgo, 29 de Setembro de 1987.

– Vai! É só um sorrisinho...
– Para com isso! Alan vai comer o meu cu se te ver brincando com isso — ele tirou a câmera do rosto, os lábios já se curvando em um sorrisinho pervertido. Revirei os olhos.

Estávamos no Markthalle, um centro de convenções com capacidade de até mil pessoas, para a passagem de som. Era por volta das cinco e pouco, dentro do salão, com suas paredes em madeira, estava até quentinho, mas lá fora o tempo era nublado, úmido e fazia 13ºC. Não consigo nem pensar em como ficará de noite...

Sentei em um dos degraus, também amadeirado. Axl estava deitado com sua cabeça em meu colo, um dos olhos fechados para que o outro focasse através do pequenino visor da Polaroide. Ele não parava quieto, seus fios ruivos já estavam todos embolados por ele ficar se mexendo para olhar em todas as direções com a câmera.

– Sabe que eu odeio quando faz isso... Parece que está desdenhando do que eu falo!
– E você sabe que isso não é verdade. Vamos, Axl, me dê isso — coloquei a mão na lente que apontava para mim.
– Ei! Agora está suja, sua filha da puta. Era só dizer que não queria que eu tirasse uma foto sua — começou a esfregar o punho da sua camisa xadrez de flanela no vidro. O cenho estava franzido e uma linhazinha de expressão bem fininha se formava no meio da sua testa. Poderia irritá-lo só pra ver essa sua carinha de bravo.
– Eu avisei — dei de ombros.

Slash passou a caminhar em nossa direção, ganhando a atenção da lente. Eu vestia duas blusas de manga comprida e ele sem camisa (para a sorte de meus olhos). No meio do salão ele parou e fez um gracinha pra Axl, que deixou de apenas olhar através do quadradinho, mas também passou a, de fato, tirar fotos. Conforme elas iam revelando, ele ia me dando, feito criança que leva um monte de brinquedos para os lugares só pra mãe ter que carregar depois.

Uma loira maravilhosa, devia ter uns 1,80 de altura tranquilamente e um corpão escultural, passou por ele, pegando sua guitarra e levando até o suporte. Ele não se moveu, apenas a acompanhou com o olhar até ela, ou melhor a sua bunda, sumir de vista.

– Na moral, eu amo a Alemanha! — falou ficando de pé na minha frente.
– A Alemanha não, as alemãs.
– É a mesma coisa, Isinha!
– Fala sério, isso também não te agrada? — Duff, sentado do meu outro lado, aquele não ocupado pela bundona do Axl, resolveu entrar na conversa.

Dei uma analisada pelo local. Não podia discordar, eu também amava a Alemanha (tirando o frio, é claro): muita cerveja e homens gostosos! Todos os caras trabalhando por ali, sem exceção, eram altos e dos ombros largos, tinham uma barba por fazer e se vestiam impecavelmente, implorando para serem despidos o mais rápido possível...

Desviei o olhar e me livrei daqueles pensamentos antes que começasse a ficar quente demais ali dentro.

– De que adianta? Não vou poder transar mesmo — apoiei as costas no degrau de trás.
– Ué e por que não? — Axl tinha tornado aquela câmera parte de si já. Ele não falava com ninguém sem olhar pelo visor. O sorrisinho de quem estava se divertindo com aquilo não sumia um sequer segundo.
– Que homem vai se aproximar de uma garota cercada por outros cinco? Fora que minha função é tirar fotos... E levar vocês vivos para o hotel — Duff concordou. — Aliás, Mandy não iria nos encontrar aqui? Eu ia conhecer ela e pelo menos ia ter uma amiga pra explorar a Alemanha comigo, só vi vantagens — provoquei.
– Ia. Ainda bem que não deu certo né — ele coçou a nuca com um sorrisinho amarelo. — Talvez ela nos encontre em Amsterdã, não sei. Está difícil ver ela...
– Ah que bonitinho! Está com saudade da namoradinha — Slash cantarolou, dando dois tapinhas na bochecha esquerda do loiro.

I Don't Wanna Go Home Right NowWhere stories live. Discover now