I Don't Wanna Go Home Right Now

Bruxo Mau

     – Rapazes, já acabaram, né!? — Alan apareceu como um furacão, batendo palmas em sinal de ordem. Esse cara não me descia e cada vez que ele abria a boca piorava a situação. — Vamos, precisamos voltar para o hotel e... Bem, vocês se arrumarem, fazerem as paradas de vocês, aquelas pa-para relaxarem — entendi que se tratava das drogas. "Para relaxarem", ele queria enganar a quem com essa?

     Os garotos já foram saindo pelas laterais do palco para guardar as guitarras e o baixo. Axl se levantou do banquinho e me deu uma das mãos, me ajudando a ficar em pé também. Nem nos meus melhores sonhos eu esperava que Axl não soltaria minha mão e sairia me puxando na direção que os outros tomaram dessa forma. Meu coração foi de 60bpm para uns 200 em milésimos de segundo, tenho certeza.

     Eu sei, eu sei. Muito precipitada, iludida, emocionada, boba, estúpida, imprudente, desequilibrada. Tem um caminhão de palavras pejorativas a serem despejadas sobre mim. Mas o que, sinceramente, eu posso fazer? É mais forte do que eu. E não é como se ele segurar a minha mão ajudasse muito.

     – Isabella — Alan chamou grosseiramente assim que passo ao seu lado. Já paro no lugar com uma vontade gigantesca de revirar os olhos com força para aquele cara.

     Axl soltou minha mão e seguiu sozinho, dando as costas para nós. Ao longe, no máximo que minha visão (um tanto cagada) me permitia, vi ele pular nas costas de Slash e Izzy. Este olhou torto, mas os três acabaram caindo na risada e indo atormentar Steven. O menino nunca tá quieto e quando está, os outros fazem questão de acelerar ele. Não é atoa que ele não dá sossego um instante!

    Meu momento mágico de admiração e fanatismo foi novamente destruído pelo bruxo mal.

     – Vou levar eles para o hotel. Quero que fique aqui e tire algumas fotos da... Do quê você quiser tirar.
     – Alan, eles entram só oito horas.
     – Sim. E agora são... — checou o relógio de pulso. — Cinco e vinte e cinco. Terá bastante tempo para tirar fotos.
     – Alan, eu não conheço ninguém aqui! Você não quer fotos dos meninos? Por que me manter aqui?
     – Não questione — ele simplesmente saiu. Mas não antes de me irritar um pouquinho mais... — Não gaste todo o filme, senhorita Giordano!

     Esperei ter certeza dele não virar falar comigo outra vez e mandei os dois dedos do meio em sua direção me enchendo de prazer com a rebeldia. Nem me importei com as pessoas que andavam de um lado para o outro puxando fios pelo palco. Alguns até riram. E eu achando que difícil seria lidar com os rapazes. Mal sabia eu...

     Meu momento de glória ao mandar Alan se foder mentalmente acabou rápido. Rápido até demais. Eu estava sozinha e, pelo que podia ver, era a única mulher ali naquele horário. Estar com os meninos me dava alguma segurança, principalmente Slash e Steven que haviam se mostrado tão acolhedores. Mas, ali, sem nenhum deles, eu me sentia completamente vulnerável no meio de tantos homens. E, para piorar, não havia um celular ou um telefone por perto. De que adiantaria também? Eu não tinha ninguém para ligar mesmo.

     Tirei algumas fotos das caixas de transporte com a logo do GN'R, dos instrumentos e do palco, só para jogar na cara do Alan caso ele viesse me encher o saco. De verdade, o que mais eu tinha pra fazer ali?

     Sentei apoiada na parede de um corredor, tentando parecer o mais invisível possível. E ali fiquei. E fiquei. E fiquei. Meu estômago doía e fazia barulhos, eu estava com uma fome do caralho. Também não fazia ideia de que horas eram. Poderia ter passado uma hora ou quinze minutos, eu não sabia dizer. O que eu sabia era que estava muito irritada... E com fome!

     – Oi, você é Isabella, não é? — a imagem de um homem apareceu, me despertando. Juro, eu estava quase dormindo com a cabeça apoiada sobre as mãos.