Sozinha

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Toronto, 20 de Agosto de 1987.

     Os primeiros raios de sol já despontavam no horizonte, refletindo as gotículas de água sobre as janelas e plantas devido à noite fria. E lá estávamos nós, rindo atoa enquanto caminhávamos dez quarteirões (é isso mesmo que vocês leram, dez). Entretanto, o nosso cenário não era tão engraçado assim.

Em dado momento, Slash apagou. Deu pani total no sistema. Por isso, Izzy e Duff caminhavam na minha frente com ele pendurado sobre os ombros. Seus pés arrastavam no chão, a situação era deprimente. Seria, com certeza, mas nós não estávamos em estado de julgar algo deprimente ou não. Tudo só parecia... Divertido.

Meu queixo rangia com o frio e eu nem podia esfregar os braços, assoprar as mãos ou qualquer coisa do tipo, porque tinha Steven agarrado em mim. Ele não estava apagado ao ponto de não andar, mas grogue o suficiente pra parar no chão com qualquer brisa matinal. Steven era menor que eu, não facilitando nada pra eu dar conta do meu próprio peso (já não estava lá aquelas coisas também afinal) e dele.

– Sabe, seria ótimo se você ajudasse, Axl! — Izzy reclamou. Sim, o Izzy. Vocês acham que ele estava irritado?

Numa atitude extremamente egoísta e infantil de Rose, ele caminhava mais à frente de nós com as mãos nos bolso e cabeça baixa. Hora ou outra ele chutava algumas pedrinhas pelo caminho, mas se prestar pra me dar um apoio, adivinhem? Nada! Essa palavra vinha, frequentemente, definindo muito bem a minha relação com Axl. Nada.

Finalmente chegamos no hotel. Claro, depois de vinte minutos de caminhada e cinco paradas para o Steven vomitar. Além de sustentar seu corpo, tive que segurar seu cabelo e tentar tirar meus pés de baixo pra não perder o único sapato que eu tinha.

– Senhorita Giordano.

Quando fechei com cuidado a porta do quarto de Steven e Slash, Alan me esperava de pé do outro lado do corredor. Sua voz estava ríspida. Então, provavelmente, é agora que eu tomo minha bronca pelo estado que eu deixei eles chegarem.

Izzy e Duff desejaram um "boa noite" e o loiro complementou com um "muito obrigada" murmurando. Depois saíram cabisbaixos acompanhados por Axl. Ótimo. A fera é toda minha!

– Vejo que se divertiram bastante.
– Desculpa, Alan. Eu realmente deixei me levar e foi totalmente antiético da minha parte. Em relação à eles, eu não fui contratada pra ser babá e tentar estabelecer algum tipo de limite, então não coloque a culpa sobre mim por favor.
– Eu sei disso. Eu estarei indo embora daqui a pouco. Imprevistos...
– Certo — disse desconfiada. Ele não está aqui pra me humilhar? — O que queria falar então?
– Aqui está seu pagamento — ele arranca um bolo de dinheiro amarrado num elástico.
– Tem seiscentos dólares aí, como Axl solicitou — eu até engoli em seco. Meus olhos se arregalaram com a quantia. Era muito, muito mais que eu esperava.
– Se puder me acompanhar até meu quarto, eu já entrego as polaroides e os filmes para você — foi duro pronunciar. Tinham fotos que eram difíceis abrir mão.

Tirei algumas do bolso que eram desse show e da nossa noitada, entregando-o. Alan passou rapidamente uma-a-uma, até que pegou especificamente a que eu tinha tirado dos cinco juntos no bar.

– Quer ficar com essa de recordação?
– Eu adoraria, Alan — ele a entrega para mim. Segurei firme, correndo o olho em cada um deles.

Sorri, já me sentindo nostálgica, ao parar no Steven. Ele não parava de tagarelar e, quando eu dei uma bronca, ele fez essa careta que ficou registrada na foto.

 Ele não parava de tagarelar e, quando eu dei uma bronca, ele fez essa careta que ficou registrada na foto

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I Don't Wanna Go Home Right NowWhere stories live. Discover now