As I told you (ou epílogo)

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— Com certeza. Vir para Seul foi o ponto chave de tudo isso. — respondeu com um sorriso orgulhoso.

— Pode detalhar?

— Bem, se eu não tivesse vindo para Seul naquele ano, provavelmente estaria no Brasil para fugir da pressão dos fãs e da imprensa.

— Você se refere ao escândalo envolvendo um membro do seu antigo grupo favorito?

— Antigo, não. Ainda é meu grupo favorito. Uma vez army, sempre army. — respondeu arqueando a sobrancelha. — Acho que os acontecimentos envolvendo o Suga foram o ponto de virada da minha vida, por assim dizer. — Como JiYoung não dizia nada, ela sorriu.

— Veja bem, provavelmente se nada daquilo tivesse acontecido, eu ainda estaria em Daegu, minha mãe teria se formado na faculdade e a vida seguido seu rumo. Mas aconteceu, então viemos a Seul e eu fui adotada pelo Yoongi como filha dele.

— A sua adoção foi um dos assuntos mais comentados naquela época. Acha que sua fama começou com essa situação?

— Espero sinceramente que não. Foram muitas sessões de terapia para não me sentir culpada e simplesmente curtir minha nova família.

— Culpada por que?

— Bem, depois disso eles foram para o exército, começaram carreiras solos, casaram, tiveram filhos... enfim, seguiram suas vidas separadamente, como sabe. E a imprensa sempre trazia a tona minha adoção, como se isso tivesse sido o principal motivo. Mas não foi. Cada um escolheu o próprio caminho e me adotar foi a escolha do Suga, provavelmente para nos proteger. Ganhei um pai e seis tios que me amam e me mimam até hoje. Mas fui usada como desvio de atenção muitas vezes. Muitas mais do que podemos considerar saudável, se posso dizer. — respondeu deixando o olhar se perder em algum ponto atrás da cabeça do jornalista.

— Quando era mais nova lembro de um evento onde você dizia ter visto seu bias entrando na lojinha onde sua mãe trabalhava. Passou pela sua cabeça que um dia o chamaria de "pai"? — recomeçou, limitando-se às perguntas que tinha planejado antes da chegada dela para tentar recuperar a leveza do momento e deixá-la confortável.

— Nunca! Veja bem, quando eu vim para Seul, a perspectiva era que minha mãe e tia Nari trabalhassem juntas, eu continuasse meus estudos aqui e todo mundo esquecesse as tais fotos envolvendo o BTS. Nunca imaginei que ela fosse procurar por ele por vontade própria. Na verdade, eu fui pedir ajuda a ele num fanmeeting e só depois descobri que foi sem necessidade.

— Você acha que se não tivesse ido e tentado, as coisas ainda teriam acontecido como aconteceram?

— Por que não? Acho que algumas coisas estão destinadas a acontecer, sabe?

— Por exemplo?

— Por exemplo você ser o jornalista hoje. Acha que foi coincidência?

JiYoung sabia que não. Tinha sido escolhido justamente porque seus superiores tinham ligado os pontos e descoberto que ele e Micha tinham crescido na mesma comunidade católica em Daegu. Não queria admitir isso em voz alta, no entanto. Parecia bem mais animador acreditar que tivesse sido o destino o responsável pelo reencontro deles.

— Se foi coincidência ou não, não sei te dizer. — começou. Fingiu anotar alguma coisa no bloquinho, apenas para não ter que encarar o olhar intimidador dela. — O que você pode me dizer sobre esse onze anos tendo alguém como o Suga em sua vida? Acha que isso influenciou na hora de produzir música?

— Acho que ajudou muito. Mas minha influência não vem apenas do BTS.

— Como assim?

— Minha mãe sempre amou rap. Cresci ouvindo Lauryn Hill, Eminem, Racionais MC, Kendrick Lamar, Mc Carol, Jay Park além do BTS, Agust D e todos os rapazes do grupo. A música sempre fez parte da minha vida porque sempre fez parte da vida da minha mãe, entende? Principalmente o rap. — fez uma pausa. — Acho que a influência que tive foi no aprendizado. Depois que fui adotada eu finalmente pude ter a idade que tinha. Isso ajudou muito. Eu até comentei numa das faixas do álbum. Chegou a ouvir?

Interlude (Suga)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora