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Para ser muito, mas muito sincero mesmo, eu sempre achei que essa coisa de amor à primeira vista era só um monte de bobagens, mas, quando eu a vi pela primeira vez, eu fiquei completamente fascinado por ela. Não sei se realmente foi amor à primeira vista, mas com certeza ela mexeu comigo. Ela fez meu coração considerado inexistente se aquecer e palpitar.

Por dias, fiquei pensando nela. Nada mais além dela parecia relevante para mim. Apenas ela preenchia completamente a minha mente, mas, mesmo mexendo comigo, eu simplesmente não conseguia acreditar ou admitir para mim mesmo que estava sentindo algo por ela. Afinal, ela não era meu tipo de garota. Ela era uma nerd e o maior alvo de piadas e brincadeiras da escola. Então, sendo eu um garoto popular, por que gostaria de uma nerd? Um rei deve ficar com uma rainha, não com uma mera plebeia.

Meu coração sempre acelerava ao vê-la. Meus pensamentos eram sempre invadidos por ela. Eu repetia para mim várias e várias vezes que aquilo não era nada, que meu estômago apenas estava com algum problema, por isso ficava estranho quando a via que meu coração acelerava porque estava apenas fazendo seu trabalho, mas, apesar de tudo, esse sentimento novo, incômodo, lindo, irritante, maravilhoso e insuportável não ia embora. Enraizou-se em meu coração e, sem permissão, continuava crescendo, crescendo e crescendo mais a cada dia até que, por fim, cedi e ele me prendeu.

Comecei a observá-la mais atentamente enquanto dizia para mim mesmo que não deveria passar disso, uma simples curiosidade sobre a garota que me fazia sentir estranho, feliz ou talvez louco. louco.

Mas...

Tornei-me egoísta.

Só observar já não era suficiente. Eu queria mais. A todo o momento, eu queria mais e mais; como um tolo, eu queria mais do que observá-la de longe.

Tentei me aproximar dela, mas ela sequer me dava atenção ou nem mesmo me olhava direito. Era como se eu fosse apenas um rosto na multidão, apenas um cara banal que queria puxar seu saco.

Mas ainda assim...

Continuei. Tentei diversas vezes chamar sua atenção, mas ela continuava não ligando para mim. Ela só matava seu tempo estudando ou conversando com o idiota que chamava de melhor amigo, mas, para mim, ela nunca cedia nem um minuto sequer.

Com o passar do tempo, sua ignorância começou a doer, mas meu coração, minha mente, meu orgulho, minha teimosia se recusaram a desistir. Continuei tentando chamar sua atenção. Tentei tudo que estava ao meu alcance. Escondi seus livros para ela parar de estudar, fiz seu melhor amigo ficar de castigo para poder passar tempo com ela, eu a empurrei na piscina numa tentativa para ela me notar ou até mesmo gritar comigo para que talvez se lembrasse do meu nome. Eu a fiz perder o ônibus para que ela pudesse aceitar minha carona, tirei uma nota baixa de propósito para receber sua ajuda na recuperação, comprei um colar caro para ela. Para mostrar o quanto gosto dela, comprei bolsas, roupas e joias: tudo para poder agradá-la, mas...

Tudo que recebi após todos os meus esforços foi apenas ódio e raiva, o que para mim não fazia sentido. Afinal de contas, eu havia me esforçado tanto. Tentei dar o melhor para ela, fiz tudo para que ela olhasse para mim, mas...

Ela vociferou para mim:

— Por favor, me deixe em paz — falou entre dentes. — Apenas suma da minha vida e pare de torná-la mais difícil. — Pediu com os olhos faiscando de raiva.

Um... dois... três... longos minutos de silêncio entre nós.

— Eu...

— Você é rico, okay? Bom para você, mas não venha me jogar na cara o quão milionário você é — falou e depois respirou fundo. Kira passou sua mão direita pelos fios pretos e depois fechou seus olhos castanhos. Sua mão empurrava as mechas de cabelo para trás enquanto seu rosto se contorcia em uma expressão cansada.

Os idiotas também merecem uma segunda chanceDonde viven las historias. Descúbrelo ahora