Capítulo 7

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Contra sua vontade, mas ciente do que acabou de aceitar para si mesmo, lá estava Zero em frente àquela mansão as 10 da manhã. Ele havia se esforçado para, ao menos, ficar apresentável, apesar de não ter dormido nada. Seus olhos estavam pesados e ele se sentia muito cansado.

Ele tentava enxergar o lado bom daquela situação. Bom, ao menos ele ganhara uma boa quantia. Zero respirou fundo. Ventava bastante e frio. As copas das árvores balançavam com certa violência espalhando folhas por todos os lados. O céu estava nublado significando que iria chover em breve.

— Seja bem-vindo, senhor Tuller — O Conde Marcozzi estava com um bom humor tremendo. O sorriso era tão amplo que praticamente ia de orelha a orelha. Zero sabia que ele tinha algo a esconder para querer tão desesperadamente que ele fizesse isso com a menina. Não era mais simples matá-la? Zero tirou seu chapéu com cara de poucos amigos. — Vejo que o senhor tem o costume de acordar com muito mau humor tremendo, meu caro.

— Onde ela está? — Zero perguntou impaciente.

— Não deseja entrar? — O homem além de ser um crápula era também muito sarcástico e dissimulado.

— Não. Desejo logo acabar com isso de uma vez por todas.

— Muito bem. Gosto do senhor, poupa esforços desnecessários. ELLE! — Ele gritou fazendo Zero saltar no susto. A menina surgiu com uma mala em cada mão. Zero a analisou. Se ele parecia um derrotado, Elleanor estava pior. Apesar de estar com os cabelos penteados e com um vestido belo, ela tinha olheiras profundas, seu nariz estava vermelho e inchado assim como seus olhos, significando que ela chorou à noite inteira. Elle fungou mantendo a cabeça baixa.

Zero havia contratado uma carruagem, pois sabia que ela haveria de ter malas. A menina nem sequer o olhou nos olhos. Zero lhe deu espaço e ela seguiu descendo as escadas da entrada e chegando até a carruagem. O cocheiro a ajudou com as malas. Elle então entrou e fechou a porta.

— Nada que uma boa surra não resolva esse mau humor dela — Marcozzi falou e Zero piscou o olhando incrédulo e enojado, então respirou fundo exausto e seguiu para a carruagem. —Tenha uma boa viagem querida. Saiba que a culpa é inteiramente sua! — Victor disse balançando as mãos e sorrindo como se eles fossem ter uma viagem maravilhosa. Zero estreitou ainda mais o cenho irritado e fechou a porta da carruagem com força ao entrar.

Ele se sentou de frente a moça que olhava a janela contrária a que dava a mansão. Ela parecia pensativa e deprimida. Zero não teve muito tempo para pensar no que ele falaria. Sua cabeça tinha uma dor bem desconfortável. Ele cruzou os braços e encostou sua cabeça na parede daquela carruagem pronto para tirar um cochilo.

Ele achou que seria melhor se fosse embora daquela cidade onde haviam pessoas conhecidas da moça. Também não queria olhar na cara de Albert, pois sabia que ele tinha ajudado o conde Marcozzi a pesquisar um pouco de sua vida. E sua intuição raramente estava errada.

Ele estava prestes a dormir, quando ouviu um baixo e sofrido choramingar. Zero abriu os olhos e a observou. Elleanor olhava o horizonte com uma expressão rígida. Sua testa estava franzida e os lábios tão pressionados que estavam pálidos. Ela tremia e as lágrimas escorriam pelo seu rosto descontroladamente.

Deve ter sido pior para ela do que para ele. Zero concluiu. As mãos dela estavam agarradas ao vestido. A moça perdeu completamente o brilho no olhar que ele conhecia. Ele suspirou mais alto do que ele esperava e ela o olhou. Os olhos deles se encontraram por alguns segundos e Elleanor abaixou a cabeça fitando suas mãos. Visivelmente tensa.

— Eu...— ela falou com a voz rouca e falha. — Sinto muito... Isso foi tudo culpa minha...— Seus ombros se encolheram e ela mordeu o lábio tentando segurar o choro.

UM DETETIVE PARA LADY EVENS (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now