Capítulo 6

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— Senhor Tuller. — A voz feminina o fez abrir os olhos e tirar a mão que estava sobre sua testa. Ele olhou a janela e reparou que a luz já invadia seu quarto. Zero se sentou na cama se sentindo exausto. Depois daquela discussão na casa dos Marcozzi, ele andou a cavalo horas a fio. Acabou por pegar uma insolação e por pouco não desmaiou no caminho. Quando chegou em casa, só lembra de ter deitado na cama e apagado. Seu estômago estava dolorido de fome. Ele se lembrou do choro de Elleanor e teve a sensação de ter ouvido ela chorar até em seus sonhos. Respirou fundo se sentindo um fracasso. Esse caso foi um fracasso. Não conseguiu sequer o dinheiro que almejava. — Senhor Tuller! — A voz lá fora se tornou mais firme o fazendo despertar de seus devaneios.

— Sim, um minuto...— Ele se levantou passando a mão no rosto e correu até a porta. Assim que a abriu, observou a empregada. Ela piscou o olhando assustada. Pelo visto, ele estava um desastre, mas sua visão foi para um homem que estava atrás dela e isso fez seu estômago revirar. O que o Conde Marcozzi estava fazendo ali? Será que ele não podia ter nem um segundo de paz? Resmungou mentalmente.

Zero permitiu que ele entrasse e se sentou em sua cama cruzando os braços e as pernas em sinal de que não estava confortável com àquela situação. O homem entrou analisando tudo em volta e com uma expressão arrogante de superioridade, então pousou seus olhos sobre Zero.

Naquele momento, a cabeça do detetive estava um verdadeiro rebuliço. Ele pensava em milhões de motivos pelo qual o próprio Marcozzi estava ali. O Conde tinha uma mala em suas mãos e uma bengala em outra, e parecia calmo e confiante como se fosse fechar um negócio lucrativo certeiro. Zero o encarava firme, mesmo que não estivesse tão convicto de sua segurança naquele momento. Discretamente ele correu a mão para debaixo do seu travesseiro onde guardava sua pistola. Apenas por precaução.

— Ao que devo a honra de sua visita? — Zero perguntou irônico. O Senhor Marcozzi fechou a porta e bateu com sua bengala no chão.

— Soube que estava trabalhando com a minha sobrinha — Ele começou a falar.

— Se sabe disso, certamente entende que não ocorreu nada entre nós.

— Isso não posso afirmar. — Ele sorriu com canto da boca. — Apesar de sonsa, Elle tem um corpo aparentemente delicioso. — A malicia em sua fala deixou Zero surpreso e tomado por um sentimento de repulsa. Ainda mais depois que o homem riu como se fosse engraçado. — Não se preocupe, nunca toquei na moça, mas sei muito bem quando a mulher apresenta bons dotes. Se é que me entende.

Zero se arrepiou e teve vontade de socar aquele homem, mas se conteve.

— Veio aqui para insultar sua sobrinha? — perguntou irritado.

— Muito bem, vejo que seu humor está terrível hoje. — Ele jogou a mala sobre a cama. A mesma afundou sobre os lençóis. Zero olhou a mala e então se voltou para aquele velho arrogante. — Vim pagar pelos seus serviços, foram extremamente úteis. — Riu e Zero estreitou as sobrancelhas desconfiado. — Elle não pôde ter escolhido melhor — fungou metendo a mão livre no bolso. — Logo quando eu estava preocupado com o seu casamento — Seu olhar tinha um brilho intenso como se ele tivesse encontrado uma mina de ouro.

— Já lhe disse que não aconteceu...

— Não importa. — Ele balançou a mão. — Sua reputação está arruinada — disse muito satisfeito, por sinal.

— Senhor Marcozzi — Zero se levantou com os punhos fechados. — Vá direto ao ponto de uma vez por todas. Por que desse dinheiro?

O homem se apoiou na bengala com ambas as mãos e olhou Zero fixamente. Ambos tinham praticamente a mesma altura: 1,87.

UM DETETIVE PARA LADY EVENS (DEGUSTAÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora