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P.O.V Malia Hale

Dois meses. Dois meses se passaram e é a primeira vez que eu estou aqui.

Com umas margaridas que eu arranquei do vaso da minha mãe, em minha mão.

Entro no cemitério e olho pra trás. A caminhonete que antes esperaria por seu antigo dono, agora espera por mim.

Ando até a lápide de Isaac. Sem mensagens como "filho amado" ou "amigo querido" sem nenhuma palavra, com exceção de seu nome.

Me ajoelho e coloco as flores deitadas na pedra.

- Eu não sabia qual era sua flor preferida, então tive que comprar qualquer uma. Brincadeira, eu roubei. Mas isso fica entre nós. - Eu tento sorrir. - Desculpa por não ter vindo antes. Você não pode ter um velório, nem um enterro digno e eu sinto muito por isso... Acredita que eu acabei de sair do vestibular? Vamos ver se eu estou boa mesmo em biologia quanto eu pareci nas últimas semanas.

Olho ao redor. Um enterro estava acontecendo ao longe.

- Eu sinto muito por Cora ter dito o que ela disse antes de você ter morrido, Isaac. E eu sinto muito que você tenha pensado o mesmo. Talvez eu não tenha amado você do jeito que você merecia, mas eu amei você do meu jeito. Eu amei você e acredite, por favor, todas as vezes que você esteve comigo, você mereceu ser amado.

Fechei meus olhos por um momento antes de continuar, me concentrei  em respirar.

- Apesar de ter visto e ouvido o que você fez... o Isaac que eu conheci não era assim. - Sorrio com as lembranças. - Eu ainda consigo imaginar você tirando um cachorrinho da rua só pra me fazer feliz, e não se preocupe... Tommy está bem e mais gordinho que nunca. - Mordo meu lábio ao sentir meu coração se contrair.

Uma moça chorando passa atrás de mim e isso só faz minha vontade aumentar.

- Você não teve culpa, Isaac. Você não matou a sua mãe. Você não teve culpa por seu pai ter sido um filho da mãe e ter te tratado tão mal. - Respirei fundo. - E eu sou a prova viva, Isaac. Eu sou a prova viva que você tinha um coração. Um coração que como qualquer outro tinha o direito de ser amado, mas infelizmente ele foi manchado com algumas escolhas que você fez.

Um vento forte faz meu casaco levantar e eu sinto todo meu corpo se arrepiar. Foi como se por um momento, eu tivesse sentido a presença de Isaac aqui.

- O que eu vim mesmo dizer... - Eu recomeço agora secando toda água que encharcava meu rosto. - É que mesmo se eu quisesse, eu jamais poderia esquecer o quanto você foi especial pra mim. E eu não odeio você, Isaac... na verdade, eu perdoo você.

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Acordo com o despertador me ensurdecendo. Olho ao redor. Último dia de aula. É a minha chance de gravar cada uma das salas e desse dormitório que por muitas vezes, foi o meu lar.

Cora, Derek e Maya estavam hospedados em casa, e não que eu fosse ficar surpresa, mas mamãe e papai entraram de férias. Foi como se nada nunca tivesse acontecido. Tirando o fato de que todos os jornais da cidade ainda publicavam a matéria da primogênita Hale que forjou a própria morte.

Me levanto e tiro uma foto de Lydia dormindo com a boca aberta. Ótimo foto pra postar no dia de seu aniversário.

Tomo um banho e visto meu uniforme e antes de chegar no refeitório eu escuto gritos vindo do auditório.

Vejo pelo vidro da porta o rosto de Britt e Stiles ao seu lado.

Sem me aguentar, me aproximo pra ouvir.

Meu professor de biologia Where stories live. Discover now